Tarifa de Energia: Procon Assembleia orienta consumidor a denunciar caso aumento não se traduza na melhoria da qualidade do serviço

Novo aumento vigora desde início de novembro e impacta em cerca de 197 mil unidades consumidoras em Roraima. – Fotos: Alvaro Botelho / Eduardo Andrade

O novo reajuste tarifário anual de energia elétrica vigora em Roraima desde o início de novembro. O aumento é de 27,15% para consumidores em baixa tensão, 26,88% para aqueles em alta tensão e 27,10% em efeito médio, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Com impacto em cerca de 197 mil unidades consumidoras, a notícia desagradou o instrutor de autoescola Paulo Sadath, que paga em média R$ 800 mensais de conta de energia.

“A gente já paga 85 reais de uma taxa de energia pública e não tem iluminação na frente da minha casa, só tem em alguns postes. Fazemos o possível para economizar e pagar essa conta de quase mil reais, além de uma renegociação do antigo dono da casa”, relatou.

Insatisfeito com o custo-benefício do serviço, Sadath, que mora com a esposa e uma enteada no bairro Paraviana, diz que atualmente o salário não acompanha o crescimento das despesas correntes. “Financeiramente, na hora de fechar as contas só é possível porque a minha esposa me ajuda. Ganho só um salário mínimo, então, se eu for depender só disso, não teria como pagar. O que sobraria? Comer o quê?!”, desabafou.

Se não há como intervir no preço como consumidor final, a população pode se informar sobre as novas tarifas no Procon Assembleia, na sede da Superintendência de Programas Especiais da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), localizada na Avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, sem intervalos. Ou ainda pelo atendimento remoto no WhatsApp (95) 98401-9465 e no site: al.rr.leg.br/procon/.

Além disso, pode denunciar caso o aumento não se traduza na melhoria da qualidade do serviço. “Quando falamos de direito à energia elétrica, ela é um direito básico e tem que ser fornecida de forma contínua. Esperamos que esse reajuste não só se caracterize pelo custo de energia, mas também na qualidade, pois é o que o consumidor espera ao pagar um valor mais caro”, afirmou a diretora do Procon Assembleia, Mileide Sobral.

Reajuste versus salário mínimo

Vivendo no único Estado do país desconectado do Sistema Interligado Nacional (SIN) de transmissão de energia e que depende da geração local (termoelétricas), o roraimense literalmente paga o preço pelo isolamento.

“Estamos num sistema isolado e ele não tem as variações que tem em outros estados em relação à mudança de bandeira tarifária. Contudo, todo ano, no mês de novembro, é feito o reajuste anual de acordo com os custos da empresa de geração de energia elétrica. Com base nesses custos é que se verifica de quanto deve ser o reajuste. Agora, ao contrário do que tivemos no ano passado, a gente teve um reajuste de mais de 20%”, esclareceu o economista Fábio Martinez.

Independentemente dos motivos do reajuste – os custos com aquisição de energia, em decorrência da elevação do custo médio da energia e potência comercializados pelos agentes de distribuição no ambiente de contratação regulada (ACRmédio), e a retirada dos financeiros anteriores, de acordo com a Aneel – para Martinez, o impacto no orçamento das famílias não é irrisório.

“O trabalhador viu o seu salário aumentar em torno de 10%, que foi o acúmulo da inflação, mas vai ter que pagar em torno de 27% mais caro na energia. Na prática, se você tem uma energia em torno de 100 reais, vai pagar 27 reais a mais”, afirmou o economista.

Dicas de como economizar energia

Diante do reajuste anual da Aneel, o roraimense precisa se planejar para reduzir o impacto na conta de energia elétrica. Revisão na rede elétrica e a manutenção em aparelhos eletrodomésticos podem evitar prejuízos. Aproveitar a luz do sol para realizar as atividades diárias também é uma atitude bem-vinda.

Conforme o engenheiro eletricista da Assembleia Legislativa Raone Guimarães, outra dica é deixar os aparelhos fora da tomada quando não estiverem sendo usados. Atenção àqueles que possuem a função standby, pois há consumo.

“Quando deixamos os equipamentos ligados na tomada, eles não ficam ligados na sua plenitude, mas ficam no primeiro estágio para entrar em operação e isso já um consumo de energia. É pouco? Sim, mas quando você engloba uma casa e, na medida, em que você tem mais equipamentos ligados na tomada, você pode chegar a uma perda de energia de mais ou menos 10% dependendo da residência”, disse.

A mesma lógica aplica-se aos carregadores de celulares, notebooks, tablets etc. Utilize até que a bateria seja recarregada. Depois, retire da tomada. Apesar de mais caros, investir em eletros com selo e/ou tecnologia com redução de energia pode ser uma alternativa.

“Não é muito divulgado, mas existe o selo Procel que o INMETRO registra de equipamentos eficientes. Eles são mais caros, mas a diferença é pouca. Se você pega um ar-condicionado de 12 mil BTUs que é selo B, C, ele custa uns 300 reais a menos do que um de selo A. Se você migrar para uma outra tecnologia, é melhor ainda. Os equipamentos de refrigeração com tecnologia inverter, às vezes, você paga 20% a mais no valor, mas no médio, longo prazo se tem o retorno, porque o equipamento economiza no mínimo 30% de energia”, afirmou Guimarães.

Para que se atinja uma boa performance do equipamento elétrico sem sobrecarregar o sistema interno e o gasto de energia extra, a troca de calor entre o ambiente e o equipamento também deve ser evitada.

“Toda vez que você abre a geladeira, há uma troca de calor. Dependendo do nível de exposição, se o ar quente entrar muito, ele dispara o compressor do motor e aumenta o consumo, isso também acontece com o ar-condicionado. Se você deixar o ar ligado num ambiente que há muita troca de calor, ele vai disparar o compressor com mais intensidade. Para evitar troca de calor, pode-se colocar algumas vedações na porta”, exemplificou o engenheiro.

E, por último, aprenda a calcular o seu consumo de energia. Basta multiplicar a potência (medida em watts) do equipamento ou lâmpada pelo tempo que permanecem ligados durante o mês, dividido por 1000, aplicando-se a seguinte fórmula, em quilowatts-horas: consumo em kWh = (potência x horas de uso) / 1000.

Suellen Gurgel

 

 

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