Tráfico Humano: Centro de Promoção da ALERR e parceiros levam informações para imigrantes

Em situação de vulnerabilidade, homens, mulheres e crianças são presas fáceis nas mãos de traficantes de pessoas. – Fotos: Eduardo Andrade

Para encorajar os imigrantes a não se calarem e em alusão ao 30 de julho, Dia Nacional e Internacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, o Centro de Promoção às Vítimas do Tráfico de Pessoas da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) se uniu a parceiros para várias ações preventivas e informativas. Uma delas foi uma panfletagem na tarde dessa quarta-feira, 27, no Posto de Recepção e Apoio da Operação Acolhida, em Boa Vista, que teve como finalidade sensibilizar sobre esse tipo de crime.

Em parceria com o Projeto Orinoco e a Rede Cáritas, foram distribuídos vários panfletos explicando o que é o tráfico de pessoas, como os agentes costumam agir para arregimentar as vítimas e qual procedimento deve ser feito por quem é alvo dos criminosos e também por aqueles que presenciam a situação.

Quem chega à Rodoviária Internacional de Boa Vista se depara com a realidade da imigração. Apesar do Posto de Recepção acolher pessoas em situação de rua, muitas delas perambulam por dentro e aos arredores do prédio público. Outras, improvisam colchonetes embaixo das árvores e na porta das lojas que comercializam passagens.

Por estarem numa situação de vulnerabilidade, elas são presas fáceis para traficantes que tentam arregimentá-las para trabalho escravo e prostituição. São vários os relatos sobre abordagens feitas por esse tipo de criminoso que aparece no local e faz propostas indecentes.

Com medo, os imigrantes falam sob anonimato. Uma venezuelana, que está no Brasil há quatro meses, contou que na segunda-feira, 25, ao caminhar em direção ao Centro da cidade na companhia dos quatro filhos e de outra imigrante com duas crianças, foram abordadas por três homens em um carro. Um deles, com aproximadamente 40 anos, perguntou se queriam vender os filhos. Assustadas, elas correram em direção ao Parque do Rio Branco. Ela não denunciou o caso à polícia. Disse que por estar em outro país, tem medo.

“O tráfico de pessoas é uma gravíssima violação dos direitos fundamentais. E como existe uma rede de apoio, estamos aqui para informar que os próprios sujeitos estejam à frente desta luta pelo combate a esse crime. Queremos chamar os migrantes para um cine debate sobre os direitos humanos”, disse Yan Rocha, assessor de Incidência da Cáritas.

O debate no dia 29 será a partir da exibição do filme “Os 7 prisioneiros”, que aborda essa temática, das 8h30 às 11h e das 14h30 às 17h, na sede do Projeto Orinoco, na Igreja Nossa Senhora da Consolata, na Rua Uraricoera, 671, bairro São Vicente.

O coordenador do Centro de Promoção às Vítimas do Tráfico de Pessoas, Glauber Batista, disse que a roda de conversa na sexta-feira tem o objetivo de mostrar que o tráfico de pessoas é uma realidade. “Por ser um público vulnerável, esse momento é um alerta para realmente abrir os olhos dessas pessoas. Esse é um crime silencioso, quase invisível, com difícil incidência de denúncias. Nosso trabalho é de prevenção, encorajar para que denunciem”, explicou Batista.

Ele ressaltou que o Centro, localizado na Rua Coronel Pinto, 528, por trás da Assembleia Legislativa de Roraima, está de portas abertas para acolher as pessoas, que também podem denunciar por meio do endereço eletrônico traficodepessoas.rr.@gmail.com. No sábado, 30, a panfletagem será na Praça das Águas, a partir das 17h30.

Marilena Freitas

 

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