A Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) realizou nesta sexta-feira, 11, uma palestra no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN) sobre violência doméstica. As instituições uniram forças e aproveitaram o Agosto Dourado, mês dedicado ao incentivo do aleitamento materno, para também focar no Agosto Lilás, que encoraja as mulheres a denunciarem a violência de gênero.
“Juntamos o Agosto Dourado com o Agosto Lilás, que faz referência ao combate à violência contra a mulher. E como aqui tem um grande fluxo de mulheres, a procuradora achou interessante a equipe vir para trazer todas as informações das ações realizadas pela procuradoria, sobre os meios de comunicação que podem entrar em contato quando o assunto for violência doméstica”, explicou a diretora do Chame, Hannah Monteiro.
A equipe aproveitou também para falar sobre o trabalho do Reconstruir. “Aqui tem muitas mães acompanhadas dos pais, e é bom eles saberem que podem ter esse apoio lá com a gente”, explicou, ao enfatizar que a ideia é, sobretudo, encorajar as mulheres a denunciarem violência doméstica.
“Busca-se muito falar nesta palestra sobre a violência sexual porque a gente sabe que também tem mulheres que sofrem esse tipo de violência e engravidam. Às vezes, até mesmo o esposo força uma relação sexual. Então, é bom ela estar ciente de que isso é uma violência. Precisamos encorajá-las para que elas denunciem”, reforçou.
A psicóloga Marina Álvares considera a maternidade um local importante para falar sobre violência doméstica. “Por ser um espaço onde a gente recebe muitas mulheres e familiares, então é o lugar ideal para se trabalhar com o empoderamento dessas mulheres, levar informação segura de como ela pode agir quando se sentir ameaçada, saber identificar quando estiver numa situação de vulnerabilidade”, avaliou.
Quando a equipe da maternidade percebe que a paciente vivenciou uma violência, explicou Marina, “todas as equipes são acionadas para fazer o acolhimento e encaminhar para notificação”.
A palestra ministrada na Ala das Margaridas trouxe recordações nada agradáveis para a parturiente Juliane Guerra, 31 anos. “Já teve um caso na minha família. Minha mãe foi vítima de feminicídio, há mais de 20 anos”, relembrou, ao considerar muito importante esse tipo de informação.
Por conta da estupidez e crueldade do pai, Juliane ficou órfã ainda criança, aos oito anos de idade, mas as lembranças daquela vivência continuam latentes na memória. “Não sei qual foi o motivo, mas havia muitas brigas, até que aconteceu esse fato”, lembrou.
O feminicídio da mãe deixou traumas em Juliane e desestruturou totalmente a vida dos familiares, mas também serviu de alerta para a vida. “Isso abalou a família toda, eu e meus irmãos fomos morar na casa de vários familiares, cada um para um canto diferente, abalou muito psicologicamente, até hoje converso com a psicóloga. Tive dois relacionamentos na vida, em um deles, quando a gente começou a discutir bastante e brigar, eu terminei”, contou, ao perceber que poderia ter o mesmo fim trágico que a mãe.
Marilena Freitas