O projeto “Educar é prevenir”, do Programa de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), encerrou nesta sexta-feira, 13, a semana de programação sobre tráfico humano na Escola Estadual 13 de Setembro.
Durante a reunião, a comunidade escolar discutiu o assunto com representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Organização Mundial da Saúde (OIM) e Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), que fazem parte da rede de proteção em Roraima.
De acordo com o coordenador do Centro de Promoção às Vítimas de Tráfico de Pessoas, Glauber Batista, as maiores vítimas de aliciamento são os jovens e adolescentes, para fins de exploração sexual, comércio ilegal de órgãos e trabalho análogo à escravidão. O projeto retoma as atividades após dois anos suspenso em razão da pandemia.
“Conforme os últimos estudos, o foco do aliciamento é os adolescentes. Então nosso projeto trabalha a prevenção nas escolas. Temos uma parceria com a Secretaria de Educação e nos pediram que nesse primeiro momento a escola 13 de Setembro fosse atendida devido ao grande número de alunos venezuelanos, que são alvo da prática de aliciamento para fins de tráfico humano”, explicou Glauber.
Segundo a diretora do Programa de Defesa de Direitos Humanos e Cidadania, Socorro Santos, Roraima é uma das principais rotas de tráfico humano internacional, mas o tráfico interno também gera preocupação.
“Entre 2000 e 2002, as meninas vinham de vários estados como Acre, Rondônia, Maranhão, Amazonas, Belém, passavam por aqui [Roraima] e iam para a Venezuela, Europa e Estados Unidos. Hoje, temos o tráfico para outras capitais brasileiras e, também, o tráfico interno, dentro do nosso Estado, de município para município. Por isso, a importância desse trabalho. Que a gente possa tocar as pessoas para que fiquem alertas, principalmente os nossos adolescentes e jovens”, destacou a diretora.
Na semana de programação, os professores participaram de uma capacitação para identificar e acolher vítimas de tráfico humano e levaram o tema para as salas de aula. Além disso, a escola recebeu banners e cartazes informativos. Para o estudante da 1ª série do Ensino Médio, Kelvin Gabriel de Araújo Vieira, o conhecimento foi valioso e servirá de alerta para os colegas da escola.
“O tráfico de pessoas não é algo que acontece só em Roraima, mas globalmente. Então, pudemos absorver essas informações, porque nós não sabemos se alguém daqui algum dia passará por um problema do tipo”, afirmou Kelvin.
De acordo com o gestor da escola, Moisés Gonçalves Dias, o projeto foi proveitoso e o tema seguirá sendo debatido nas salas de aula.
“Aqui na escola nunca tivemos esse tipo de ocorrência, mas o alerta é extremamente importante. Após essas informações e discussões durante a semana, talvez apareçam algumas denúncias, porque infelizmente isso é comum. Mas foi uma semana extremamente proveitosa, com muita informação válida, e isso pra gente é fundamental”, destacou Moisés.
Educar é Prevenir
O Educar é Prevenir foi criado em 2017 e tem como foco alertar sobre o tráfico humano crianças e adolescentes que fazem parte da faixa etária alvo dos aliciadores nos ambientes escolares, tanto da capital quanto do interior.
O projeto já atendeu 34 escolas, entre a capital e municípios de Pacaraima e Bonfim, que fazem fronteira com a Venezuela e República da Guiana, respectivamente.
Entre os meses de outubro e novembro, o projeto visitará os colégios estaduais militarizados Irmã Tereza Parodi, no bairro Cidade Satélite, e Fernando Grangeiro de Menezes, no Caranã.
Denúncias podem ser feitas diretamente ao disque 100 ou 180. As vítimas também podem procurar atendimento na sede do Programa, na rua Coronel Pinto, 524, bairro Centro, ou pelo e-mail traficodepessoas.rr@gmail.com.
Juliana Dama