A alimentação regular com orientação de um especialista em nutrição para crianças com autismo é essencial no desenvolvimento e no comportamento das pessoas com esse transtorno. A questão sensorial é muito peculiar em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e muitas não se adaptam ao lanche padronizado ofertado nas escolas.
Najara Muller, mãe do Antônio Théodoro Muller, 4 anos, conta que o filho tem seletividade alimentar e já teve várias experiências ruins, ao ponto de o filho chegar com fome em casa porque não conseguia comer a merenda escolar.
Ela conta que até os 3 anos de idade o filho aceitava todo tipo de alimentação, mas depois disso começou a ter restrições por conta da poda neural, que é o processo de desenvolvimento cerebral. Foi então que o pediatra da família encaminhou o Antônio para o Centro de Recuperação Nutricional Infantil (CERNUTRI) e mesmo assim a criança precisa de mais atenção e cuidado.
“Muitas crianças têm o Transtorno de processamento sensorial, e ele ainda interpreta a alimentação com dificuldade, por isso precisa comer devagar e em pedaços pequenos. Ele também não come nada pastoso, caldos e frutas inteiras, por isso cheguei a mandar o lanche para a escola, mas por duas vezes, o meu filho passou fome porque não deram a comida dele com a atenção que é necessária, foi frustrante para mim e traumático para ele”, lamentou a mãe.
Vendo essa necessidade dos pais, o vereador Ítalo Otávio (Republicanos) garantiu a aprovação um projeto de lei nesta terça-feira, 28, que assegura à criança com autismo a levar o próprio lanche para a escola pública ou privada em Boa Vista, por conta dessas condições especiais ocasionadas pelo TEA.
“A busca por melhorias pela causa do autismo é constante e meu papel como legislador é propor políticas públicas que garantam a qualidade de vida de crianças com autismo e seus familiares. Nesse caso, após o relato dos pais, apresentei esse projeto que também visa a participação dos nutricionistas e familiares das crianças na elaboração de dietas adequadas nesse caso”, explicou Ítalo.
O parlamentar também é autor de audiência pública que tratou dessa questão alimentar de crianças autistas e tem outros projetos voltados para essa causa com acompanhamento de perto das manifestações feitas por pais e profissionais da educação.
Iniciativas como essa proposta pelo vereador, evitam comportamentos compulsivos no consumo diário, obesidade e distúrbios gastrointestinais e até traumas que possam ser ocasionados em uma criança com autismo que acaba se sentindo muito diferente dos demais.