No recesso de fim de ano e durante as férias escolares, as famílias costumam passar mais tempo juntas. Embora a convivência com potenciais agressores possa levar a um aumento dos casos de violência contra as mulheres nesse período, há uma diminuição nos atendimentos às vítimas feitos pela rede de proteção à mulher.
A informação é da psicóloga do Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), Marcilene Melo. De acordo com ela, com os agressores ficando mais tempo em casa na época de férias, as vítimas não conseguem sair para denunciá-los. Muitas das mulheres também pensam que os órgãos especializados não funcionam no período.
Conforme dados do Chame, órgão ligado à Procuradoria Especial da Mulher (PEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), em dezembro de 2023 foram feitos apenas 18 atendimentos pelo ZapChame. O maior número de registros ocorreu em agosto e setembro, meses em que houve, respectivamente, 53 e 39 casos.
“Não que não esteja ocorrendo violência doméstica. A questão é que, se o agressor está em casa, ela [vítima] está totalmente impedida de sair de alguma forma, principalmente para pedir ajuda. Também não terá coragem de sair e deixar os filhos à mercê do agressor”, avaliou a psicóloga.
Ainda conforme Melo, desemprego e encarecimento de diversos produtos de consumo doméstico regular, entre outros fatores, podem ocasionar discussões. “Contribuem muito para que o autor fique mais estressado, que ele ceda ao uso de álcool ou drogas, e isso acarretará muito sofrimento a essa família”, frisou.
Os serviços ofertados pela PEM, composta por uma equipe multidisciplinar capacitada, seguem normalmente durante janeiro. A diretora Glauci Gembro reforça o acolhimento e suporte que a unidade oferece às vítimas de violência doméstica, bem como os atendimentos por meio do ZapChame, canal pelo qual as mulheres também podem tirar dúvidas.
“Queremos informar à população que nós estamos funcionando normalmente, assim como o ZapChame, que atende 24 horas por dia. Ele veio justamente para as vítimas tirarem dúvidas e receberem orientação. Então, qualquer problema, entre em contato com a gente ou venha presencialmente ao órgão”, disse.
Centro Reflexivo Reconstruir
Desde 2016, o Centro, em parceria com a Defensoria Pública de Roraima (DPE-RR), atende homens autores de violência doméstica encaminhados pelo Tribunal de Justiça (TJRR). Quase 80 pessoas foram destinadas à unidade pela Vara de Penas e Medidas Alternativas (Vepema), mas apenas sete completaram o ciclo de atendimentos.
O programa conta com serviços psicológicos, sociais e jurídicos, e auxilia o homem a repensar suas atitudes para que, caso tenha um novo relacionamento, rompa o ciclo de violência.
O Reconstruir também recebe assistidos de maneira voluntária. Os atendimentos do Centro ocorrem, respectivamente, às terças-feiras, pela manhã e tarde, e de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, ou pelo telefone (95) 98402-0502.
Tanto o Centro quanto o Chame funcionam na sede da Procuradoria Especial da Mulher, na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida.
Em Rorainópolis, a unidade do Chame fica na Rua Senador Hélio Campos, sem número, BR- 174. Os atendimentos também são de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Suzanne Oliveira