Escuta ativa e acolhimento psicológico direcionado ao abuso infantil foi o tema do último dia de capacitação para os servidores e instrutores dos programas permanentes que funcionam na Superintendência de Programas Especiais (SPE), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), nesta sexta-feira, 16. Os cursos com assuntos diversos ocorrem desde o dia 2 deste mês.
A palestra abordou, entre outros assuntos, a legislação e alguns tópicos como mitos e verdades relacionados ao que é o abuso e como ele se configura. Conforme a ministrante, a psicóloga Cássia Dias, nem sempre os adultos conseguem ter a sensibilidade de acolher e saber qual a melhor forma de abordar uma criança ou adolescente vítimas de algum tipo de abuso. Por isso, quanto mais informação, melhor.
“A gente tentou desconstruir alguns posicionamentos errados [sobre o que é abuso] e, a partir daí, construir como tem que ser esse acolhimento, como estabelecer essa escuta ativa, como fazer para que essa vítima se sinta mais confortável para conseguir falar nesse momento de vulnerabilidade”, salientou.
Dias explicou que o contato físico direto não é o único fator a ser considerado crime, e que apenas 30% dos casos de abusos deixam marcas visíveis.
“Os dados mostram que vai muito além disso. Atualmente, há toda uma questão virtual, abuso emocional e psicológico, chantagem, manipulação, o acesso dessa criança à pornografia, tudo isso não vai deixar uma marca física. Por mais que você leve essa criança ao médico para que possa ser investigado, não será possível detectar. Então, essa escuta ativa, qualificada, para você conseguir acolher de uma maneira adequada, vai fazer toda a diferença”, frisou.
Para Rafaela Silva, auxiliar administrativa do Centro de Convivência da Juventude, polo Pedra Pintada, momentos como esses são necessários para saber detectar comportamentos diferentes, principalmente para ela, que atua diretamente com crianças e adolescentes, por trabalhar no setor de matrículas.
“Muitas vezes, não está no físico e, sim, no comportamento. Às vezes, a criança também quer conversar com alguém que não seja da família, por medo de não acreditarem nela, e alguém do meio em que ela convive pode ouvi-la melhor. Se soubermos observar essas características psicológicas que as vítimas desenvolvem, elas irão se abrir, vamos conquistar sua confiança e, com o tempo, ela vai explicar desde quando e como aconteceu, e poderemos tomar as providências, como denunciar”, avaliou.
O superintendente de Programas Especiais, Pablo Sérgio Bezerra, explicou que as capacitações de nivelamento, como noções de primeiros socorros, planejamento e dinâmica pedagógica e assédio infantil, serviram para que os colaboradores da SPE, principalmente os do CCJuv, além de conhecimento, tenham um olhar atento aos alunos e saibam como lidar com eles em qualquer eventual situação do dia a dia.
“Nós estamos buscando qualificar, ao máximo, a nossa equipe técnica de servidores e instrutores para que, quando os pais coloquem seus filhos nas nossas atividades, eles tenham a certeza de que estão colocando suas crianças em um ambiente seguro e com um pessoal preparado para melhor atendê-las sob todos os aspectos”, destacou.
Retorno das atividades
Na segunda-feira, 19, se iniciam as aulas com modalidades esportivas e culturais do CCJuv em Boa Vista. De acordo com o superintendente, algumas terão atraso de uma semana, como o caso do polo Senador Hélio Campos e o futebol na sede principal, em razão de uma reforma no gramado. A partir da próxima semana, também começam as matrículas nos polos do interior.
Para dúvidas ou mais informações, a SPE fica na Avenida Ataíde Teive, 3510, bairro Buritis. Os atendimentos são de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Suzanne Oliveira