Somente em 2024, o Brasil já registrou mais de meio milhão de casos de dengue. Os dados são do Painel de Arboviroses, do Ministério da Saúde. A projeção do órgão é que o país registre 4,2 milhões de casos de dengue neste ano, o que seria um recorde nacional. A orientação é que os cuidados para eliminar os focos do Aedes aegypti, responsável pela transmissão da doença e de outras, como zika e chikungunya, sejam redobrados. Para quem está com algum dos sintomas da doença, a orientação é não se automedicar. A automedicação, em casos de dengue, pode até agravar a situação.
A farmacêutica Kátia Tichota explica que alguns fármacos, como os anti-inflamatórios não esteroides, podem agravar complicações da doença, como hemorragias. A automedicação pode também levar à subestimação da gravidade do quadro. “A automedicação apresenta sérios riscos à saúde e, em caso de dengue, não é diferente. Os sintomas podem ser mascarados pelos medicamentos utilizados, dificultando o diagnóstico preciso”, explica a profissional, que também é professora do curso de Farmácia da Estácio.
De acordo com a farmacêutica, em alguns casos, a automedicação em pacientes com dengue pode levar, inclusive, a óbito. “A automedicação na dengue pode ter consequências fatais. A subestimação da gravidade da doença e o uso inadequado de medicamentos podem agravar os sintomas, levando a complicações sérias, como o choque hemorrágico, que pode resultar em óbito. Portanto, é necessário que qualquer suspeita de dengue seja prontamente avaliada por profissionais de saúde”, alerta.
Diante da suspeita de ter sido picado pelo Aedes aegypti, ela explica que o correto é procurar atendimento médico imediatamente. A orientação é não se automedicar e relatar ao profissional de saúde todos os sintomas e detalhes relevantes. Exames laboratoriais específicos podem confirmar a presença do vírus da dengue e auxiliar no diagnóstico diferencial com outras enfermidades.
Sintomas da doença
Enfermeira e professora do IDOMED, Sandra Bonilha explica que, geralmente, a primeira manifestação da doença é a febre. “Geralmente, acima de 38ºC, de início abrupto e com duração de dois a sete dias, associada a dor de cabeça, fraqueza, dores musculares, dor nas articulações e dor retro-orbitária (dor ao redor dos olhos). Perda de apetite, náuseas, vômitos e diarreia também podem se fazer presentes”, explica.
De acordo com Sandra Bonilha, em casos de sintomas, o indicado é aumentar a ingestão hídrica e sempre procurar uma unidade de saúde.
Prevenção dentro de casa
A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando os prováveis criadouros como pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e recipientes pequenos, como tampas de garrafa. A recomendação do Ministério da Saúde é que a população faça uma inspeção semanal em casa.
O Ministério da Saúde divulgou recentemente os resultados do 3º Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e do Levantamento de Índice Amostral (LIA) de 2023. Os números indicaram que 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios, como em vasos e pratos de plantas, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc.).
O levantamento apontou, ainda, que depósitos de armazenamento de água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço/cacimba) aparecem como segundo maior foco de procriação dos vetores, com 22%, enquanto depósitos de pneus e lixo têm 3,2%.
“Além de manter bem tampados caixas, tonéis e barris de água, é importante colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira sempre bem fechada; não jogar lixo em terrenos baldios; se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha-as sempre com a boca para baixo; deixar ralos limpos e com aplicação de tela; limpar semanalmente ou preencher pratos de vasos de plantas com areia; limpar com escova ou bucha os potes de água para animais”, salienta Sandra Bonilha.
Alexsandra Sampaio