Vem brincar de Boi: desvendando a riqueza cultural por trás do Movimento Ocara Dabacuri

Diversidade cultural presente em Roraima incentiva o surgimento de projetos voltados para a comunidade. – Fotos: Divulgação

No universo pulsante da cultura roraimense, o Movimento Cultural Ocara Dabacuri desponta como um farol de tradição e inovação, tecendo a trajetória fascinante desde a fundação em 1996, durante o apogeu do Boi-Bumbá em Roraima até sua fundação institucional em 2001.

O encanto do boi entrelaçou-se com os corações dos primeiros entusiastas, conduzindo a antiga Associação Folclórica Kariwá a ser reconhecida e alçada à condição de Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura (Minc), sob a capitania do icônico cantor e ministro Gilberto Gil. Participantes ativos de encontros nacionais de Pontos de Cultura, realizados em Brasília, São Paulo e Minas Gerais, a Kariwá emergiu como o epicentro de artistas, dançarinos, cantores e músicos alucinados por perpetuar a identidade folclórica amazônica.

O ano de 2001 marcou novo capítulo na saga do movimento, com a Banda Kariwá atravessando fronteiras e levando a vibrante toada da Amazônia até as cidades venezuelanas de Guasipati, El Callao, Ciudad Bolívar e Soledad, alé́m de consolidar no dia 17 de março como pessoa jurídica. O som dos bois de Parintins e as toadas de Zezinho Corrêa e Klinger Araújo, entre outros cantores bovinos da cultura nortista, ecoaram na fronteira de Pacaraima na voz da Kariwá, corporificada pelo cantor Dennis Martins, enriquecendo a música e a cultura de Roraima.

Em um momento posterior, emergiu a Tamurá, uma nova Banda de Toadas enraizada na tradição e liderada pelo presidente e mestre em cultura, Dennis Martins. Ao longo de 25 anos (dois deles sem registro), o Movimento promoveu eventos memoráveis que impulsionaram o cenário bovino no estado, incluindo o Encontro dos Povos na Prime/RR, Barco da Toada (I e II) nas águas do Rio Branco e trilogia de eventos denominada Ocara Dabacuri – a Saga das Cunhãs/Tributo à Amazônia/ Icamiabas.

À frente do Ocara Dabacuri, encontra-se a bem composta diretoria. Um dos membros a mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a professora potiguar Teresa Kátia Alves de Albuquerque; o habilidoso contabilista roraimense Rogério William Alexander; e a administradora meticulosa e jornalista roraimense Lucy Santos. Equipe diversificada, incluindo o corpo de dança “A Corte do Príncipe”, o conselho fiscal com uma das mais premiadas Rainhas Caipiras de Roraima/dança quadrilheira, a maranhense Evilânia Oliveira; o professor e esportista roairamnese Izerbleidson; e o assessor jurídico paranaense Julio Cappellari, entre outros entusiastas. Todos unem forças para impulsionar a cultura regional.

“A diversidade cultural presente em Roraima incentiva o surgimento de projetos voltados para a comunidade e, por fazermos parte da Amazônia tão híbrida culturalmente, o Movimento Ocara Dabacuri surge para proporcionar eventos socioculturais dos Bois Bumbás Caprichoso e Garantido numa oportunidade ímpar de agregação entre pessoas que fazem parte de Roraima”, comentou a secretária geral do Ocara, Teresa Albuquerque.

As redes sociais, em especial o Instagram @ocara.dabacuri, tornam-se o palco virtual dessas realizações, apresentando um calendário repleto de celebrações culturais e eventos de cunho artístico, construindo pontes com importantes nomes da cultura como: o levantador de toadas David Assayag, a cunhã-poranga do Boi Caprichoso Marciele Albuquerque, a finalista do BBB 24, cunhã-poranga do Boi Garantido Isabelle Nogueira, as levantadoras de toadas Mara Lima, Márcia Siqueira, Yanaira e, recentemente, o cantor Júlio Persil, bem como outros itens que fazem da tradicional festa, uma alegria e diversidade amazônica, destacando todos os elementos culturais e identitários. Cada publicação, um convite para mergulhar no universo efervescente da toada roraimense e do folclore amazônico.

Um novo contexto

À frente do Ocara Dabacuri, o jornalista e mestre em Letras, Cultura e Identidade pela Universidade Federal de Roraima (UFRR), o amazonense Dennis Martins, refere-se ao movimento como algo maior que apenas à manutenção da cultural regional.

“Não é apenas uma celebração do passado, mas uma ponte para o futuro, misturando tradição e contemporaneidade em uma sinfonia cultural. Em cada canto, em cada passo de dança, ressoa a alma vibrante da região, vitalizada pela música, coreografias e histórias que ecoam por gerações”, ressaltou o cantor Dennis Martins, atual presidente do movimento.

Juntar-se à jornada pela toada roraimense, onde o presente se entrelaça com o passado, é um abraço acolhedor de tradição e renovação. Brincar de boi é descobrir o coração pulsante da cultura amazônica e continuar a tradição, com ares de inovação, arte e saberes da cultura material e imaterial do povo amazônida.

 

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