O deputado Armando Neto (PL) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), na sessão desta terça-feira, 28, para pedir apoio urgente dos deputados e dos órgãos públicos na busca por uma solução frente às graves dificuldades enfrentadas pelos produtores das vicinais de Mucajaí, região Sul do Estado. A visita técnica foi promovida pela Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural, da qual o parlamentar é presidente.
Armando disse que visitou a localidade no fim de semana e se deparou com animais mortos e outros extremamente debilitados devido às consequências da forte estiagem do ano passado, do inverno que já começou e da infestação de lagartas na pastagem plantada para servir de alimento para os gados. O político sugeriu que o governo de Roraima direcione recursos para ajudar os agricultores.
“Temos a obrigação de olhar de forma emergencial para dar uma solução para este problema. Fiz algumas imagens que chocam, há animais mortos, pastagens degradadas, o produtor engessado, fragilizado, sem poder fazer nada. Vim ser solidário e pedir que tenhamos uma união de forças para olhar para isso. Graças a Deus, não foi em todo o Estado, mas a região está pagando uma conta cara, e, se não estendermos a mão, eles vão ter dificuldades em voltar a produzir”, declarou.
O parlamentar afirmou que alguns produtores pensam em deixar Roraima, já que a condição para alimentar o gado está crítica e a expectativa é que isso se agrave ainda mais. Armando acrescentou que o Poder Legislativo, o governo e as instituições ligadas ao setor produtivo precisam agir.
“Nós temos a obrigação de fazer essa união de forças e dar a nossa parcela de contribuição, estender a mão amiga porque eles estão precisando muito. Peço que todos se unam. Não é para pressionar o governo ou dizer que não estão fazendo nada. É para nos sentarmos e arrumarmos uma saída. Isso não tem como esperar”, ponderou Armando Neto.
Apoio da Casa
O líder do governo no Legislativo, deputado Coronel Chagas (PRTB), lembrou que Roraima passou por uma estiagem no segundo semestre do ano passado, que se estendeu até meados de abril de 2024, com altos índices de queimadas. Ele comentou que esteve no município de Alto Alegre, onde observou que muitos produtores perderam tudo.
“É uma realidade que muitos produtores estão passando e acredito que o governo e esta Casa podem contribuir. Sugiro que a Comissão de Agricultura, e a ALE-RR como um todo, conversem com o governo para saber de que forma podemos ajudar, subsidiar e contribuir para os produtores. Conte com a gente na busca de soluções”, reforçou.
O vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Cabral (Cidadania), disse que percebe a preocupação de Armando enquanto homem do campo. Cabral frisou que o parlamento sempre teve um cuidado especial com os produtores rurais e agricultores familiares de Roraima, que tiram o sustento da terra e abastecem as cidades.
“Vejo a sua preocupação, seu cuidado e carinho com as pessoas que perderam a esperança ao verem sua criação morrendo, sem poderem fazer nada. Quero pedir ao líder do governo para que façamos essa reunião a quatro mãos, porque quem mais sofre são os pequenos e médios produtores, que não têm trator, dinheiro para comprar semente nem pessoas para comprar o gado”, expressou.
Silagem
O parlamentar Claudio Cirurgião (União) avaliou que o Estado precisa realizar capacitações técnicas, por meio dos órgãos competentes, junto aos produtores rurais, para que façam o armazenamento de comida para o gado durante o período que antecede o inverno. Segundo ele, uma indicação já foi enviada ao Executivo.
“É preciso investir em extensão, orientação e parte técnica. Fizemos uma indicação para que o Iater [Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural] e a Secretaria de Agricultura forneçam cursos de capacitação para método de armazenamento para período crítico como este que estamos vivendo. Vamos buscar parceria com os institutos, com a Universidade Federal de Roraima, para capacitar nossos produtores”, sugeriu.
A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas) também visitou a região de Campos Novos, em Iracema, e disse ter se assustado ao ver uma enorme quantidade de gado solto na estrada, em busca de comida. Para ela, a solução é reunir tratores para dar suporte aos agricultores da região e fornecer sementes por meio de órgãos do governo.
“Tem lugar que tem área verde e, do outro lado, queimada. Tivemos a seca, depois vieram as chuvas, a lagarta veio e comeu os brotos, o capim morreu. É uma situação extremamente difícil. Então a solução que pensamos foi: tem que arar a terra e verificar com a agência de fomento para fazer um levantamento de quem quer semente. Tem trator? Não tem. Os pequenos não têm como pagar o trator. Já perderam tudo. Vamos conversar com o governador Antonio Denarium, insistir e pedir apoio dos colegas”, enfatizou.
O deputado Gabriel Picanço (Republicanos) afirmou que o momento é de solidariedade com o homem do campo.
“Conheço produtores que estão perdendo todo seu gado. Vamos conversar com o governador, porque a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] entra em votação no próximo mês e podemos alocar recursos para banco de fomento para dar suporte durante fenômenos no campo, com o objetivo de repor esse gado e não desestimular o produtor. Quero me juntar para termos essa conversa com o Executivo e aportar recursos para, num desastre como esse, o produtor ser socorrido imediatamente”, concluiu.