Operação Terras de Surrão: seis pessoas são indiciadas pela morte do casal

O caso agora segue para avaliação da Justiça, com possibilidade de desmembramento e continuidade dos procedimentos. – Fotos: Ascom/PCRR

Na manhã desta segunda-feira, 8, foi concedida coletiva de imprensa na Delegacia-Geral para falar sobre a Operação Terras de Surrão da PCRR (Polícia Civil de Roraima), que foi finalizada. Durante a coletiva, foi apresentada uma cronologia das ações que levaram à prisão em flagrante de duas pessoas e ao indiciamento de outras quatro, dentre elas o principal executor do casal, Jânio Bonfim de Souza, de 57 anos, e Flavia Guilarducci de Souza, de 50 anos.

Participaram da coletiva a Delegada-Geral, Darlinda de Moura Santos Viana, a Diretora do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), delegada Miriam Di Manso, e o delegado titular da DGH (Delegacia Geral de Homicídios), João Evangelista dos Santos.

Inicialmente, Darlinda Viana enfatizou que “foi uma investigação complexa, que levou muito tempo, de muita demanda, de vários procedimentos cautelares que foram solicitados, com muito teor técnico”.

“A Polícia Civil é uma Polícia Civil de Estado, nós priorizamos e pretendemos continuar assim, com investigação técnica voltada para apuração de fatos, com provas necessárias a serem desenvolvidas dentro desses inquéritos policiais e que isso é o que vocês estão vendo de serviço a ser entregue pela Polícia Civil. Tudo que foi construído até agora foi um trabalho da equipe da DGH, uma equipe extremamente diligente, uma equipe extremamente preparada”, destacou.

Cronologia das ações

Durante a coletiva, foi apresentado pelo delegado João Evangelista uma cronologia das ações desde a data do crime. Segundo ele, o Inquérito Policial 1419/2024 foi instaurado na delegacia do Cantá em 24 de abril de 2024, após a prisão em flagrante de G. L. V., de 53 anos, e L. L. R. S., de 35 anos. A dupla foi acusada dos homicídios do casal, com a investigação apontando também para o envolvimento do empresário Caio Medeiros Porto, que desde então é considerado foragido.

Testemunhas e evidências indicaram que o empresário Caio Porto esteve na propriedade das vítimas na véspera do crime, acompanhado de G. L. V., L. L. R. S. e do venezuelano D. J. M. V., que é seu funcionário. O grupo teria adquirido armas numa loja com a ajuda de J. A. R.

No dia 25 de abril, as prisões em flagrante de G. L. V., e L. L. R. S. f foram homologadas na audiência de custódia e convertidas em prisões preventivas.

Dois dias depois, em 27 de abril, os familiares das vítimas entregaram os celulares das vítimas à Delegacia Geral de Homicídios, com gravações que indicavam a participação de pelo menos dois indivíduos nos delitos.

Em 10 de maio, a Justiça decretou a prisão temporária de Caio Porto, do militar H. J. S. S., e de J. A. R. Apesar disso, o empresário Caio Porto, permaneceu foragido. No dia 07 de junho, as prisões temporárias foram prorrogadas e uma nova prisão temporária foi decretada, a do venezuelano D. J. M. V.

Durante um novo interrogatório, em 27 de junho, o militar H. J. S. S. confessou sua participação no crime, afirmando que o empresário Caio Porto foi quem efetuou os disparos que mataram as vítimas.

O militar acompanhou as buscas em sua residência, indicando onde a arma do crime estava escondida, sendo apreendida e encaminhada à perícia.

O inquérito foi relatado no dia 04 de julho, com representação criminal para conversão das prisões temporárias em preventivas. No dia seguinte, o Ministério Público se manifestou favorável às prisões e a Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Caio Porto, do militar H. J. S. S., e do venezuelano D. J. M. V., além de medidas cautelares contra J. A. R.

O caso agora segue para avaliação da Justiça, com possibilidade de desmembramento e continuidade dos procedimentos.

Sem interferência

O delegado João Evangelista afirmou que ao longo das investigações não houve interferência política no trabalho realizado e ressaltou que a Polícia Civil tem total liberdade para desenvolver suas ações.

Segundo ele, essa investigação em especial, trouxe um arcabouço probatório envolvendo o Instituto Criminalística, a Secretaria de Segurança, a Delegacia Geral de Homicídios e a Delegacia-Geral que observou a necessidade da especializada ingressar na investigação e todo o trabalho foi realizado até o momento.

Ainda segundo Evangelista, ao final dos trabalhos, um dos investigados resolveu estender informações até então desconhecidas, de suposto envolvimento ou atrelar os fatos a terceiras pessoas que sequer tinham sido citados.

“Como por exemplo, o governador e o comandante da Polícia Militar. Se você me pergunta, eles têm relação com o crime? Não, eles não têm relação com o crime, isso é um fato. Outro fato é que temos total liberdade de atuação e investigação. Essas ações foram com total fomento da Delegacia-Geral, da Secretaria de Segurança e do próprio Governo”, ressaltou.

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