Um produto é um protótipo considerado aprovado em todos os testes a que tivera que ser submetido. Podemos dizer, metaforicamente, que os testes representam as estradas que o protótipo precisa obrigatoriamente percorrer para que possa se transformar em produto. Mais uma vez a engenharia de produtos pode nos esclarecer essa necessidade de duas formas. A primeira é relativa à ideia de processo produtivo, em que as matérias-primas são transformadas em produtos. Aqui, três grandes estágios são percorridos. O primeiro é a fase de matéria-prima, que é o material amorfo, sem forma, em seu estado bruto. O segundo é quando a matéria-prima sofreu algum procedimento produtivo, que pode também ser feito em etapas necessárias para que, pouco a pouco, vá ganhando formato de produto. Nessas fases intermediárias o protótipo é chamado de produto semiacabado ou em elaboração (work in progress ou simplesmente WIP). E o terceiro é o estágio final, quando o produto está pronto e preparado para ser entregue aos clientes. A segunda forma é relativa à ideia de padronização. Os padrões é que estabelecem os critérios de cada etapa. Por exemplo, há critérios para o estágio de matéria-prima, critérios para cada etapa do estágio de produto semiacabado, assim como para o estágio de produto acabado. Note que nas etapas intermediárias o protótipo já é um produto, mas ainda não está acabado, não está finalizado. É exatamente essa a trajetória básica que um protótipo leva para se tornar produto.
Toda tecnologia começa com o estágio de matéria-prima. A matéria-prima de toda tecnologia é sempre o conhecimento. É o conhecimento que é manuseado para ser transformado em artefato físico utilizado para resolver algum problema. Há tecnologias que exigem matérias-primas em menor quantidade e de menor grau de dificuldade de manuseio. Como consequência, o número de etapas porque têm que passar para serem transformadas em tecnologias é menor do que as tecnologias que requerem muitas matérias-primas difíceis de serem manuseadas. Note a importância de se estabelecerem critérios caracterizadores da matéria-prima: sem eles a probabilidade de problemas e dificuldades ao longo da produção tecnológica aumenta demasiadamente. É por essa razão que o método científico-tecnológico caracterizou os padrões de respostas para as questões de pesquisas básicas que levam à produção tecnológica. As questões estruturais geram a matéria-prima necessária para a configuração do protótipo em sua representação pictórica, chamada de Estrutura Analítica da Tecnologia (EAT). O mesmo procedimento pode ser encontrado nas questões processuais, funcionais, relacionais, ambientais e conceituais.
Sem estágios intermediários, não pode haver geração de tecnologias. As tecnologias são feitas a partir de um processo produtivo. E processo sempre significa conjunto sistemático de etapas, racionalmente deliberadas. Essa sistematização tem como foco as etapas que os conhecimentos precisam passar para serem materializados. É preciso conjugar, em cada uma delas, os critérios que darão a certificação de que um estágio foi alcançado. Esses critérios precisam ser testados, cujos resultados darão a certificação de que aquele estágio foi alcançado. Isso quer dizer que os estágios intermediários podem ser marcados como estágios de produto semiacabado 1, 2, 3 e assim por diante. Agindo dessa forma, as etapas se transformam em estágios de acabamento do produto onde os critérios têm a palavra final. Disso resulta que se pode criar uma matriz estágios-critérios de transformação da matéria-prima em produto acabado. A finalização da última etapa do processo de transformação leva obrigatoriamente ao estágio de produto acabado.
Um produto acabado é todo protótipo que percorreu todas as etapas do processo de produção e, consequentemente, foi aprovado em todos os critérios que compõem cada etapa. Acabado, aqui, é sinônimo de finalizado. Mas finalizado o processo de produção e, ao mesmo tempo, as exigências para que possa ser transferido para os clientes. Na engenharia de produtos, as matérias-primas são estocadas em locais apropriados, separados dos diferentes locais de estocagem dos produtos em processo de produção. Geralmente os locais de estocagem dos processos em processo são próximos das estações de produções onde vão ser manuseados. Assim, o produto no estágio A é estocado próximo da estação de produção A, por exemplo. Os produtos acabados também são estocados em locais apropriados até que tenham sido revestidos de todos os procedimentos obrigatórios, como embalagem, unitização, codificação, registros, celebração de contratos de venda ou uso, contratos de transportes e assim por diante. Quando essas exigências são cumpridas, eles vão para a expedição, esperando o transporte para os clientes. Algo semelhante acontece com as tecnologias.
No estágio de produto acabado, as tecnologias precisam cumprir com exigências prévias para que possam ser transferidas para os clientes. Algumas precisam ser embaladas, finalizados os manuais de uso e solução de problemas, unitizadas, celebrados os contratos de transferência e assim por diante. Outras vezes é preciso consolidar o marketing mix, como o estabelecimento dos pontos de vendas e dos esquemas de promoções, que é quando, por exemplo, as propagandas e anúncios são veiculados. A fase de produto acabado termina, portanto, com a entrega da tecnologia para o cliente e muitas vezes prossegue com as atualizações periódicas.
De protótipo a produto há muitas vezes um longo caminho a ser percorrido. Em termos globais eles são a aquisição da matéria-prima (conhecimentos), transformação em produto (produção tecnológica) e entrega aos clientes (transferência). Cada estágio é marcadamente diferente dos demais porque cumpre com exigências distintas. Essas exigências, por sua vez, são transformadas em testes de conformidade ou não conformidade e determinam se o protótipo avança ou não para a próxima etapa do processo de produção. O protótipo só pode ser considerado produto quando o cliente o recebe e confirma que suas necessidades foram supridas a partir dos benefícios que a tecnologia lhe entrega.