Secretaria Especial da Mulher discute violência de gênero com alunos da escola Monteiro Lobato

Equipe multidisciplinar da SEM apresentou tipos de violência contra mulher e trabalho do órgão. – Fotos: Alfredo Maia | SupComALE-RR

Na manhã desta sexta-feira, 29, alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Monteiro Lobato, localizada no Centro de Boa Vista, participaram de uma palestra promovida pelo Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) e pelo Núcleo Reflexivo Reconstruir, instituições vinculadas à Secretaria Especial da Mulher (SEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), com o objetivo de conscientizar os estudantes sobre a violência de gênero, destacando os diversos tipos de agressão previstos na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).

A ação integra uma série de atividades realizadas semanalmente nas escolas estaduais de Boa Vista e reforça a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, uma iniciativa nacional criada em 2013. A campanha começou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e segue até 10 de dezembro, data que marca a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Alunos do 2º ano do ensino médio assistem à palestra educativa promovida pela Secretaria Especial da Mulher do Poder Legislativo.

Tipos de violência

Com exemplos práticos e uma linguagem acessível, os palestrantes convidaram o público a refletir sobre a realidade vivida por muitas mulheres. A palestra destacou que a violência não se limita à agressão física, apresentando outros tipos, como a psicológica, sexual, patrimonial, moral, cibernética e política.

No segundo momento, os alunos conheceram a estrutura gratuita de apoio especializado da secretaria, que oferece atendimento presencial e remoto, de forma multidisciplinar, com advogados, psicólogos e assistentes sociais. O Chame é responsável pelo acolhimento das vítimas, enquanto o Núcleo Reflexivo Reconstruir atua com os autores de violência, promovendo orientações, palestras e rodas de conversa. Além disso, o Grupo Terapêutico Flor de Lótus oferece cursos de defesa pessoal para mulheres.

Raquel Araújo, estudante do 2º ano do ensino médio.

Repercussão

A estudante Raquel Araújo, de 17 anos, destacou a importância de disseminar o conhecimento para ajudar as mulheres a romperem o ciclo de violência. “Infelizmente, muitas não têm para onde correr. É essencial se aprofundar no assunto, conhecer os serviços de apoio, porque viver em um ambiente de violência não é viver uma vida feliz, não é uma vida boa”, disse.

Já o aluno Paulo Souto, de 16 anos, enfatizou o impacto da dependência emocional e das chantagens feitas pelos agressores. “Aprendi que, mesmo sabendo que estão sofrendo abuso, muitas mulheres continuam acreditando que seus parceiros podem mudar. Isso as impede de se libertarem”, ressaltou.

Paulo Souto, estudante do 2º ano do ensino médio.

O contexto de violência, segundo a psicóloga da escola, Isolete Sobrinho, é uma realidade comum nos lares de muitos estudantes, o que torna ainda mais relevante a parceria institucional com a Secretaria Especial da Mulher.

“Essas ações são de extrema importância, porque aqui temos casos de violência, inclusive em níveis extremos, especialmente a violência psicológica, que afeta significativamente nossos alunos. É triste ver famílias tão desestruturadas e carentes. Por isso, parabenizo a equipe por esse trabalho tão necessário, por estarem aqui nos ajudando nessa luta”, enfatizou.

Isolete Sobrinho, psicóloga da Escola Estadual Monteiro Lobato.

Expansão

A diretora do Chame, Hannah Monteiro, informou que as ações educativas serão ampliadas no próximo ano, incluindo turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Estamos nos organizando para isso, garantindo que mais estudantes tenham acesso às nossas palestras e orientações”, adiantou.

Ela também ressaltou a importância de reconhecer os sinais de violência e buscar o suporte oferecido pela rede de proteção à mulher. “Nunca é tarde para buscar ajuda. No Chame, nossa equipe está sempre pronta para acolher, orientar e atender as mulheres que precisam de apoio. É fundamental que todos estejam atentos aos sinais de violência e saibam onde buscar ajuda”, concluiu.

Hannah Monteiro, diretora do Chame.

Sobre a SEM

A Secretaria Especial da Mulher (SEM-ALE-RR) tem como objetivo promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

Uma das suas missões é incentivar mulheres a romperem ciclos de violência e outras violações de direitos, oferecendo atendimento multidisciplinar (psicológico, social, jurídico, orientação e informação).

Atendimento Presencial:

Boa Vista: Avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida. Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h (sem intervalo para o almoço).

Rorainópolis: Núcleo da Secretaria Especial da Mulher, Avenida Dra. Yandara, nº 3.058, no Centro. O atendimento multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Atendimento Remoto:

ZapChame: Por meio do número (95) 98402-0502, qualquer pessoa pode denunciar ou pedir ajuda. O informante não precisa se identificar, e a mensagem é mantida em sigilo absoluto. Técnicas do Chame orientam de acordo com as demandas. Os atendimentos ocorrem 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados.

Suellen Gurgel

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