Dia Nacional da Mamografia: ALE-RR reforça ações e leis para ampliar acesso a exame em Roraima

Leis garantem prioridade, inclusão de mulheres com deficiência e folga para trabalhadoras realizarem check-ups preventivos. – Fotos: Alfredo Maia / Eduardo Andrade / Jader Souza | SupCom/ALE-RR

A mamografia, exame radiológico que teve seu primeiro equipamento em funcionamento em 1965, permite a visualização de alterações microscópicas nas mamas e é considerada crucial na detecção precoce do câncer de mama, doença que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é a neoplasia mais comum entre as mulheres em todo o mundo.

Nesta quarta-feira, 5, data que marca o Dia Nacional da Mamografia, instituído pela Lei Federal nº 11.695/2008, em Roraima, Assembleia Legislativa (ALE-RR) reafirma o compromisso com a promoção de políticas públicas voltadas à saúde da mulher ao se destacar na elaboração de leis que incentivam a realização do exame.

A Lei nº 1.746/2022, da ex-deputada Lenir Rodrigues, estabelece prioridade na mamografia para mulheres entre 40 e 70 anos com histórico familiar da doença ou presença de nódulos, bem como àquelas que necessitam de avaliações periódicas da mama, às que fazem tratamento oncológico mamário e àquelas que têm urgência em se submeter ao exame, conforme determinação médica, tanto na rede pública quanto privada.

Além disso, a Lei nº 1.596/2021, do deputado Chico Mozart (Progressistas), trouxe um importante avanço na inclusão ao determinar que hospitais públicos estaduais disponibilizem mamógrafos adaptados para mulheres com deficiência e outras necessidades especiais.

Presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio.

Já a Lei nº 1.379/2020, de autoria do deputado Neto Loureiro (PMB), garante às trabalhadoras o direito à folga para exames preventivos de câncer de mama e do colo uterino. Complementarmente, a Lei nº 1.195/2017, dos ex-deputados Jalser Renier e Dhiego Coelho, estende esse benefício aos trabalhadores da iniciativa privada e domésticos a partir dos 30 anos.

A ALE-RR também patrocina iniciativas como a campanha “Mechas de Esperança”, desenvolvida pelo Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), vinculado à Secretaria Especial da Mulher do Poder Legislativo, em parceria com a Liga Roraimense de Combate ao Câncer (LRCC). O projeto arrecada mechas de cabelo para confecção de perucas destinadas a mulheres em tratamento contra o câncer. Após a confecção, os itens ficam disponíveis na sede da Liga, no Chame e no Cecor (Centro Oncológico de Roraima).

“Percebemos que a saúde da mulher é uma pauta presente em todas as nossas legislaturas. Hoje, temos parlamentares, homens e mulheres, comprometidos com o desenvolvimento de projetos que incentivem à saúde, em especial a preventiva. Além disso, temos o ‘Mechas de Esperança’, que não é apenas um projeto de doação de perucas – é uma iniciativa que resgata a autoestima e dignidade das mulheres durante o tratamento”, destaca o presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio (Republicanos), sobre as ações do Poder Legislativo.

Mastologista Frutuoso Lins.

Diagnóstico precoce

O câncer de mama é um tumor maligno que se desenvolve nas células mamárias. Sua progressão pode ser lenta ou rápida, e diversos fatores contribuem para sua origem, como genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais.

De acordo com o mastologista Frutuoso Lins, o diagnóstico precoce com auxílio da mamografia reduz em até 30% a mortalidade entre as mulheres que desenvolverão a doença. “Isso possibilita um tratamento mais humanizado, menos agressivo, que preserve a mama e seja menos invasivo para a paciente”, aponta o médico.

O exame deve ser realizado anualmente a partir dos 40 anos, mesmo sem sintomas aparentes do câncer, que incluem retrações na pele ou no mamilo, que podem dar à mama um aspecto de casca de laranja; secreção aquosa ou sanguinolenta pelo mamilo; vermelhidão na pele da mama; e pequenos nódulos palpáveis nas axilas e/ou no pescoço.

Já para mulheres com histórico familiar, o início do rastreamento deve ser antecipado em dez anos em relação à idade em que o parente foi diagnosticado. “Quando mãe ou irmãs tiveram a doença, o acompanhamento deve começar mais cedo. No entanto, a partir dos 40 anos, todas as mulheres, sintomáticas ou não, devem se submeter ao exame regularmente”, alerta Lins.

Servidora pública Gircelda Santana.

A história da servidora pública Gircelda Santana, de 53 anos, ilustra a importância da realização regular do exame. Aos 49 anos, ela nunca havia feito uma mamografia, até que tomou um susto quando sentiu um nódulo no seio.

“Procurei atendimento médico e fiz uma ultrassonografia, que confirmou a presença do caroço. O médico foi muito atencioso e, apesar de não poder dar um diagnóstico definitivo naquele momento, me tranquilizou, dizendo que as características não pareciam malignas. Mesmo assim, ele recomendou que eu fizesse uma mamografia com urgência”, conta.

Após o exame, Gircelda descobriu que tinha vários cistos e precisou fazer acompanhamento médico por dois anos. A experiência a transformou em uma defensora da prevenção. “Graças a Deus, hoje posso dizer que não tenho mais nada. Mas poderia ter sido algo muito mais grave. Por isso, precisamos nos observar e fazer os exames preventivos, não apenas quando sentimos algo estranho, mas também quando atingimos a idade. Se eu tivesse feito a mamografia antes, não teria passado por esse susto. Hoje, faço questão de realizar o exame anualmente e sempre aconselho outras mulheres a fazerem o mesmo”, relata.

Gestor do Hospital de Amor, Fabrício de Assis.

Acesso ao exame

Em Roraima, as mulheres dispõem de diferentes locais com mamografia gratuita. Segundo dados da Secretaria de Saúde (Sesau), somente em 2024, a rede estadual já fez mais de quatro mil exames. O projeto Saúde Itinerante, que percorre bairros da capital e municípios do interior, disponibilizou 2.606 mamografias, enquanto o Hospital Geral de Roraima (HGR), 358.

O Centro de Referência da Saúde da Mulher, que dispõe de cerca de 30 mamografias diárias sem necessidade de encaminhamento médico para mulheres acima de 40 anos, contabilizou 1.863 exames no período. Os agendamentos no centro podem ser feitos das 7h30 às 17h30, na Avenida Cap. Júlio Bezerra, 1632, bairro Aparecida. Não há necessidade de encaminhamento da Unidade Básica de Saúde (UBS). Documentos necessários: carteira de identidade (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF), cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência.

O Hospital de Amor, vinculado ao Hospital de Barretos, é outro importante centro de diagnóstico no Estado. Diariamente, a unidade filantrópica disponibiliza 100 mamografias e 50 exames preventivos, de segunda a quinta-feira, das 8h às 18h, e às sextas-feiras, das 8h às 17h, na Via das Flores, 1557, bairro Pricumã.

Enfermeira do setor de mamografia do Hospital de Amor, Letícia Moreno.

“Todos os dias, nosso serviço é ofertado gratuitamente. Basta chegar com a documentação necessária para agendar – RG, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS. No mesmo dia, você já consegue a mamografia. Caso não haja mais vagas, no máximo, no dia seguinte, o exame será feito”, explica o gestor do Hospital de Amor, Fabrício de Assis.

A enfermeira Letícia Moreno, responsável pelo setor de mamografia da instituição, destaca o cuidado especial no atendimento às pacientes. “O acolhimento começa desde a chegada. Fazemos uma triagem inicial e, antes do procedimento, uma nova entrevista para garantir um atendimento adequado e priorizar quem realmente necessita naquele momento. Os exames são realizados em aproximadamente 15 minutos”, conta a enfermeira.

Em caso de diagnóstico positivo, seja pela rede pública, privada ou filantrópica, a paciente pode se dirigir diretamente à Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon-RR) com os exames em mãos para iniciar o tratamento.

Suellen Gurgel

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