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Durante uma escavação em uma propriedade na Guiana, o geólogo Ygor Sousa fez uma descoberta surpreendente: petróleo a apenas 17 metros de profundidade.
De acordo com Ygor, sua empresa havia sido contratada para perfurar um poço artesiano, mas, pouco após o início dos trabalhos, a água começou a brotar contaminada com óleo.
“A região é uma área indígena de difícil acesso. E assim que iniciamos a perfuração, detectamos a presença de petróleo, sendo que realizei duas perfurações. Na primeira vez, já alcancei o óleo bem raso, finalizei o trabalho e iniciei uma nova perfuração aproximadamente 30 metros de distância do ponto anterior, obtendo o mesmo resultado”, relatou.
O geólogo registrou a descoberta em vídeo e fotografias, e disse que a área está conectada à bacia do Tacutu, na região do Rupununi.
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Reservas de petróleo
A Guiana tem se tornado um dos países mais promissores na indústria do petróleo nos últimos anos. Em 2015, a ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo na costa guianense, no bloco Stabroek, localizado na Bacia da Guiana. Desde então, a empresa e suas parceiras (Hess Corporation e CNOOC) fizeram mais de 30 descobertas na região, totalizando reservas estimadas em mais de 11 bilhões de barris de petróleo recuperáveis.
A exploração comercial começou em dezembro de 2019, tornando a Guiana um dos mais novos produtores de petróleo do mundo. O campo Liza, o primeiro a entrar em operação, já contribui significativamente para a economia do país, que tem experimentado um crescimento impressionante do PIB — um dos mais altos do mundo nos últimos anos.
A produção atual ultrapassa 600 mil barris por dia, e novas descobertas continuam aumentando o potencial petrolífero do país. O governo guianense busca equilibrar o desenvolvimento econômico com a gestão sustentável dos recursos, incluindo a criação de um fundo soberano para administrar a riqueza gerada pelo petróleo.
A presença dessas reservas atrai atenção internacional e pode transformar a Guiana em um dos maiores produtores da América Latina nas próximas décadas, consolidando sua posição no mercado global de energia.
Venezuela x Guiana
O principal interesse da Venezuela na Guiana está ligado à disputa territorial pela região do Essequibo, uma área de aproximadamente 160 mil km² rica em recursos naturais, incluindo petróleo e minerais. A controvérsia remonta ao século XIX, quando a Venezuela contestou a fronteira estabelecida por um laudo arbitral de 1899, que concedeu o Essequibo à então colônia britânica da Guiana. Desde a independência guianense em 1966, a disputa se intensificou.
Nos últimos anos, o interesse venezuelano aumentou significativamente após a descoberta de grandes reservas de petróleo na costa da Guiana, principalmente no Bloco Stabroek, onde a ExxonMobil e suas parceiras exploram bilhões de barris de petróleo. A Venezuela argumenta que a Guiana não tem direito de conceder concessões petrolíferas na região disputada. Em 2023, o presidente venezuelano Nicolás Maduro organizou um referendo sobre a anexação do Essequibo, aumentando as tensões entre os dois países. No entanto, a comunidade internacional, incluindo o Mercosul, a ONU e a Corte Internacional de Justiça (CIJ), reforçou a necessidade de uma solução pacífica.
A disputa envolve não apenas questões históricas, mas também interesses estratégicos e econômicos, já que o petróleo da Guiana pode transformar o pequeno país em uma potência energética regional, enquanto a Venezuela enfrenta crises internas, corrupção desenfreada e sanções econômicas.