Situação degradante: Gabriel Picanço denuncia aumento de indígenas abandonados em ruas de Boa Vista

Parlamentar sugere criação de grupo para formalizar denúncias a órgãos federais. – Fotos: Eduardo Andrade / Marley Lima / Nonato Sousa | SupCom ALERR

O deputado Gabriel Picanço (Republicanos) chamou a atenção para o crescente número de indígenas, especialmente crianças, dormindo nas ruas de Boa Vista. Durante discurso na tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), nesta terça-feira (11), ele relatou a presença de famílias indígenas, em sua maioria da etnia Yanomami, vivendo em condições precárias próximo à Feira do Produtor.

“Desde a última sexta-feira [7], tenho observado a quantidade de crianças indígenas dormindo no chão naquela região”, destacou o parlamentar.

A situação expõe adultos e crianças a riscos como mudanças climáticas e acidentes de trânsito, já que esses grupos costumam se instalar em áreas de grande circulação. Diante do cenário, Picanço cobrou um posicionamento do Ministério Público Federal (MPF) para que a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) seja responsabilizada pelo amparo a essas famílias.

“Temos crianças dormindo nas ruas, ao relento, pegando chuva. Isso não pode continuar”, lamentou.

O deputado também criticou a atuação do Governo Federal em Roraima. “A Casa de Governo trouxe milhões, helicópteros, satélites, alimentos, mas de que adianta jogar comida todos os meses se os indígenas continuam vindo para cá com fome?”, questionou. Ele sugeriu que o MPF cobre providências da Funai e que o Conselho Tutelar acompanhe a situação e formalize denúncias aos órgãos competentes.

“O dinheiro existe, porque o Governo Federal está presente aqui. Mas onde estão os recursos para garantir a manutenção e a sustentabilidade dos indígenas Yanomami?”, indagou.

Deputada Angela Águida Portella.

Apoio de outros parlamentares

A fala de Picanço recebeu apoio de outros deputados. A deputada Angela Águida Portella (Progressistas) afirmou já ter enviado documentos e mobilizado esforços para cobrar a Funai sobre o problema, mas sem sucesso. Ela revelou ainda que buscou auxílio da ex-deputada federal Joênia Wapichana, sem obter avanços.

“Ela me disse que não era um problema meu nem dela, mas da Funai. E encerrou a conversa”, relatou Angela.

A deputada propôs que as comissões da Assembleia se reúnam para verificar a situação de perto e protocolem um documento diretamente em Brasília, cobrando ações concretas. “Ficar apenas indignado não resolve”, enfatizou.

A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas) destacou que o problema é antigo e não se limita aos indígenas Yanomami, mas atinge também outras etnias e imigrantes venezuelanos.

Deputada Aurelina Medeiros.

“É uma obra premeditada do Governo Federal. Por mais que lutemos e vejamos essa realidade, nunca conseguiremos controlar a imigração na fronteira. Nunca recebemos recursos adequados para Saúde e Educação. A porta fica aberta intencionalmente, e o que vemos hoje é reflexo disso”, declarou.

Ela ainda questionou a atuação da Funai. “A Funai ainda existe? Porque, pelo que vejo, a situação está exposta a todos os órgãos federais e nada é feito.”

Já o deputado Armando Neto (PL) ressaltou que o problema afeta toda a sociedade e criticou a falta de ação do Governo Federal.

“Muitas vezes, o Governo Federal impõe regras, mas não assume sua responsabilidade. O impacto fica para Roraima, e, mesmo tendo representantes do nosso estado dentro dessas instituições, não vemos esforço para mudar a realidade dos indígenas locais”, concluiu.

Yasmin Guedes Esbell

Veja também

Topo