
Uma investigação realizada pela PCRR (Polícia Civil do Estado de Roraima), por meio da DPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), com apoio da DERCC (Delegacia Especial de Repressão a Crimes Cibernéticos) e NI (Núcleo de Inteligência), que já durava cinco meses, resultou numa operação interestadual de combate ao abuso sexual infantojuvenil, deflagrada nas primeiras horas desta sexta-feira, 23. A ação está integrada no âmbito da Operação Caminhos Seguros, deflagrada pelo MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública)
De acordo com informações prestadas pelo delegado adjunto da DPCA, Matheus Rezende, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão — dois em Boa Vista (RR), um em Manaus (AM) e outro em Frutal (MG), além de um mandado de prisão preventiva.
“A operação é fruto de uma investigação que já dura cinco meses e identificou quatro suspeitos, todos envolvidos com o armazenamento de conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adolescentes”, explicou o delegado

Ainda segundo o delegado, o principal alvo da operação D. V. B. S., de 21 anos, é investigado por uma série de crimes, entre eles estupro de vulnerável, armazenamento de pornografia infantil, extorsão, falsa identidade e invasão de dispositivo informático.
O suspeito, segundo as investigações, estabelecia contato com as vítimas por meio de redes sociais e aplicativos de relacionamento.
“Ele iniciava conversas com os adolescentes, criava um vínculo de confiança e, posteriormente, solicitava o envio de imagens íntimas. Após receber o conteúdo, passava a ameaçar as vítimas, exigindo dinheiro para não divulgar as fotos. Em alguns casos, invadia os dispositivos das vítimas e se passava por elas para enganar familiares e amigos, chegando a pedir dinheiro em nome das vítimas”, explicou o delegado.
Matheus Rezende disse também que ficou constatado que, após pedir dinheiro aos familiares e amigos de uma das vítimas, de 14 anos de idade, o acusado a coagia a mentir para os pais, induzindo-a a afirmar que precisava de dinheiro para comprar um livro virtual, justificativa usada para que os pais realizassem transferências bancárias.
“Os pais dessa vítima passaram a desconfiar que algo estava errado, pois ela alegava que o dinheiro era para a compra de algum produto que nunca aparecia. Ao pressioná-la, ela terminou confessando o que estava acontecendo e os pais procuraram a Polícia Civil”, disse o delegado.
Como as investigações identificaram os envolvidos no crime, o delegado representou pelos mandados de busca e apreensão na residência de D. V. B. S., em Minas Gerais; de M. S. O., de 27 anos, no Amazonas e de J. C. C., de 26 anos, e B. P., de 19 anos, em Boa Vista. Ele também representou pela prisão preventiva de D. V. B. S., que foi deferida pela Justiça.
Interestadual
Com apoio das Polícias Civis de Minas Gerais e do Amazonas, foi deflagrada a operação para o cumprimento dos mandados na manhã desta sexta-feira.
Em Roraima a operação contou com o apoio da DERCC, do DPE (Departamento de Polícia Especializada), do Núcleo de Inteligência e do ICPDA (Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida).
Durante o cumprimento dos mandados em Boa Vista, que ocorreram nos bairros Mecejana e Dr. Airton Rocha, foi constatado o armazenamento de conteúdo pornográfico envolvendo adolescentes em um dos endereços, e o suspeito, o estudante de medicina J. C. C., foi autuado em flagrante pelo crime de pedopornografia, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
“A operação contou com o apoio das Polícias Civis dos estados de Minas Gerais e do Amazonas, além do DPE e dos peritos criminais que confirmaram a presença de material ilícito nos dispositivos apreendidos”, disse o delegado.
O homem foi conduzido à sede da DPCA, onde foi lavrado o Auto de Prisão em Flagrante contra ele.
Os quatro mandados de busca, tanto em Roraima Amazonas e Minas Gerais foram cumpridos e apreendidos telefones celulares dos alvos, CPUS e documentos. Diligências estão sendo realizadas em Minas Gerais para cumprir o mandado de prisão decretado contra D. V. B. S., que não foi localizado.
Alerta aos pais
O delegado fez um alerta os pais e responsáveis por crianças e adolescentes para que fiquem atentos aos conteúdos acessados por seus filhos.
“É fundamental que haja acompanhamento constante. Se houver qualquer sinal de conversa com conteúdo inadequado, solicitação de fotos ou vídeos, procure imediatamente uma delegacia e registre o boletim de ocorrência”, reforçou o delegado Matheus Rezende.
Ainda segundo delegado, todo o material apreendido durante as diligências será submetido à perícia e, com o resultado do laudo, as investigações poderão ter desdobramentos, inclusive com nomes de outras pessoas envolvidas no crime.