
Trinta pessoas de diversas idades receberam, nesta sexta-feira, 21, instruções sobre o uso do aplicativo de coleta de dados para o cadastramento imobiliário que irá regularizar a situação fundiária urbana do Cantá, município no centro-leste de Roraima. O curso ocorreu pela manhã na Câmara Municipal, e, no início da tarde, o grupo fez as primeiras visitas.

A primeira contemplada foi a funcionária pública Arianny Barros Cardoso, de 37 anos. A servidora relata que seus avós foram alguns dos fundadores do município que, à época, era intitulado Vila do Cantá. Apesar de morar na residência desde muito pequena, nunca possuiu a documentação do imóvel de fato. Agora, ela, o esposo e os três filhos terão a oportunidade da regularização de forma totalmente gratuita.
“É uma garantia. Poderei dizer que sou dona por direito. É uma alegria muito grande poder constatar que a casa terá documentação e será minha. Também será uma garantia para nossos filhos. Fiquei feliz com essa visita”, declarou.

Contribuição ao município
Depois de instruídos, cada recenseador recebeu um kit composto por camisa, boné e crachá. A maior parte dos entrevistadores são jovens acadêmicos, recrutados para auxiliar na identificação para a titulação definitiva das propriedades.
Por meio de um aplicativo instalado no próprio celular, eles percorrerão imóveis e traçarão um perfil da população. Todas as informações colhidas serão encaminhadas, inicialmente, à prefeitura, responsável por juntar todos os documentos necessários. A partir da entrega das terras pela União, será possível dar início à confecção dos títulos. A previsão é que 1,5 mil famílias sejam atendidas em até 15 dias.
Entre os colaboradores, está a aposentada Raimunda Sueli Gomes, que estava ansiosa para voltar a trabalhar e poderá ainda ter a oportunidade de fazer o cadastro de sua casa. Natural do Amazonas, ela mudou-se para o Cantá há três anos, a pedido de uma filha.
“Estou muito feliz, pois tudo o que eu queria era trabalhar. Para mim, vai ser um pouco complicado no início, mas vou me esforçar para aprender. Estou com grandes expectativas para receber o título, porque todos almejam ter um imóvel para chamar de seu. Vou me sentir mais segura”, declarou.

Segundo o estudante José Andrew Nascimento, de 18 anos, a convocação veio em boa hora. O jovem estava à procura de emprego para pagar os custos da faculdade. Ele conheceu o projeto por meio de uma prima, que o aconselhou a se inscrever.
“As expectativas são as melhores possíveis. Estamos em um município que faz divisa com outros, e essa regularização será benéfica para várias pessoas que esperavam por isso. Soubemos que há regiões que nem imaginávamos que eram habitadas e que precisam dessa regularização”, frisou o estudante.

Processo simplificado
O presidente do Instituto Amazônia Ambiental, Bruno Castro, é o responsável pelas capacitações ao longo das visitas no interior de Roraima. Ele explica que o processo é simples e utiliza um sistema instalado no aparelho celular do entrevistador, que indica a localização de cada um.
“A partir do primeiro registro fotográfico deles, é possível identificar que o trabalho realmente está sendo feito in loco. São entrevistas simples, nas quais são colhidas informações básicas, típicas de cadastro socioeconômico. Nesse primeiro momento, todos visitarão juntos uma quadra, por exemplo, para tirarem suas dúvidas e, a partir daí, ‘caminharem com as próprias pernas’”, salientou Castro.

Realização de sonhos
Conforme o coordenador do Reurb na ALE-RR, Joaquim Ruiz, a cidade foi dividida em 15 módulos e cada recenseador deverá visitar cinco domicílios por dia, a partir desta sexta-feira.
“Esse trabalho transformará sonhos em realidade. É um projeto do presidente Soldado Sampaio [Republicanos] em parceria com as prefeituras e os cartórios de Roraima, que se iniciará com o georreferenciamento, cadastro imobiliário e socioeconômico. Depois disso, passará pelo Incra, Ministério das Cidades, retornando ao Incra, que, por sua vez, encaminhará às prefeituras, que farão as entregas definitivas dos títulos”, explicou Ruiz.
O coordenador ressaltou ainda a importância da população receber os entrevistadores e responder ao questionário, bem como fez um apelo a todos os beneficiários do Reurb.
“Peço que todos recebam os nossos colaboradores e deem a devida atenção. Eles não vão pedir um favor, mas sim ajudar você a resolver essa questão e transformar seu sonho em realidade”, apontou.