Centelha RR: projeto utiliza dispositivo de rastreamento ocular para identificar transtornos de aprendizagem

Projeto pioneiro em Boa Vista tem se dedicado a oferecer diagnóstico e apoio terapêutico para pessoas com o TAD Transtorno de Aprendizagem Disléxico. – Fotos: Ascom | Faperr

A dislexia é considerada um Transtorno Específico da Aprendizagem com origem neurobiológica, afetando a leitura e a escrita. De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, cerca de 4% da população do país enfrenta esse desafio. Um projeto pioneiro em Boa Vista tem se dedicado a oferecer diagnóstico e apoio terapêutico para pessoas com o TAD (Transtorno de Aprendizagem Disléxico), com uma abordagem que utiliza o rastreamento ocular. Esse projeto é o Aprendizagem Guiada, do Programa Centelha/RR, executado pelo Governo do Estado, por meio da Faperr (Fundação de Amparo à Pesquisa de Roraima).

A idealizadora do Aprendizagem Guiada, psicóloga Jessik Custódio, conta que, enquanto estava cursando o mestrado, produziu um método de intervenção voltado para pessoas que têm transtorno de aprendizagem do tipo dislexia. Quando o método foi finalizado, ela identificou obstáculos sobre como melhorar o processo de diagnóstico e também o processo de verificação da ocorrência de aprendizagem.

“E daí surgiu o edital do programa Centelha. Nesse período, eu já estava no doutorado. Quando a gente observou o edital, a gente percebeu que seria possível fazer a aquisição de uma máquina que, desde o início do século passado, já vem sendo usada para fazer estudos sobre o rastreamento dos olhos.”

O valor máximo de submissão por projeto do Centelha Roraima foi de R$ 53.333,33. O equipamento utilizado no Aprendizagem Guiada não é produzido em território nacional e foi importado de outro país por meio do recurso injetado pelo programa. O estudo é conduzido por meio de um dispositivo de rastreamento ocular, conectado a um computador e a um software que monitora a movimentação dos olhos durante a leitura.

O método de intervenção multissensorial, Aprendizagem Guiada, faz uso desse equipamento que identifica em quais palavras o indivíduo tem maior dificuldade durante a leitura.

“Ao encontrar essas palavras especificamente, o método é capaz de produzir intervenção sobre elas de forma mais pontual. Leva menos tempo para levantar informações de uma pessoa que está com dificuldade de aprender a ler e a escrever e a gente ainda consegue criar uma terapia voltada especificamente para as condições de dificuldade daquela pessoa”, explica a psicóloga.

Jessik conta que a missão é promover uma transformação significativa na vida dos alunos disléxicos da região, começando com uma avaliação minuciosa para entender suas dificuldades específicas. Em seguida, é implementado um método multissensorial comprovado, que utiliza diferentes estímulos para facilitar o aprendizado. O acompanhamento próximo garante que o plano terapêutico seja ajustado conforme o progresso do aluno.

“O projeto veio como forma de produzir uma solução para um problema que existe e agora a gente tem uma oportunidade de conciliar diagnóstico, mais o tratamento e melhorar o processo de aprendizagem das pessoas”, finaliza.

Thaminne Dinelli

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