Começou nesta segunda-feira, 8, o primeiro mutirão de cirurgias de hérnia de Roraima, realizado pela Sociedade Brasileira de Hérnia (SBH), em parceria com o o governo do estado. Ao todo, foram realizados 18 cirurgias no Hospital Geral de Roraima (HGR) e serão realizadas outras 52 procedimentos complexos até o dia 11 de dezembro.
Todos os pacientes aguardam na fila do SUS pelo procedimentos há algum tempo. Serão 50 procedimentos em Boa Vista, no Hospital Geral de Roraima e outras 20 cirurgias em Rorainópolis, município localizado a 300 quilômetros da capital, no Hospital Regional Sul. Em Rorainópolis, o foco será hérnias complexas e inguinais.
Cerca de 14 cirurgiões voluntários de diferentes regiões do Brasil (SP, MG, RJ e outros) estarão em Roraima doando suas horas de trabalho para a realização das cirurgias. Além disso, outros 17 cirurgiões locais participam da ação. Os procedimentos serão realizados em duas unidades hospitalares do estado: o Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, e o Hospital Regional Sul, em Rorainópolis.
Em Roraima existem cerca de 729 pacientes na fila para realizar a cirurgia de hérnia, segundo dados do SISREG. Destes 396 com hérnia inguinal, 199 com hérnia umbilical, 79 com hérnia incisional e 48 com hérnia epigástrica.
“Durante o período do mutirão, serão realizadas em média 18 cirurgias por dia, garantindo atendimento rápido e humanizado à população que aguarda o procedimento”, afirma o presidente da SBH, dr Gustavo Soares.
O mutirão visa reduzir a fila de espera de pacientes do SUS portadores de hérnias (inguinais, umbilicais, incisionais) e promover atualização científica para os médicos locais e estudantes de medicina. O evento unirá a ação social e capacitação médica, fortalecendo a integração entre cirurgiões de diferentes regiões.
Além da doação de horas de serviços por cirurgiões voluntários da SBH, o mutirão será com o apoio do Governo do Estado, da indústria e de um programa da Assembleia Legislativa. Os recursos totalizam cerca de R$200 mil e serão aportados em equipamentos, materiais e logística dos cirurgiões.
De acordo com o secretário adjunto de saúde do estado, Éder Ribeiro, o mutirão visa acelerar o atendimento dos pacientes que são afetados pela doença em suas atividades diárias. “É uma ação que começa no dia 08, pela primeira vez, mas já estamos trabalhando para que seja anual, sempre visando a melhoria da qualidade de vida dos nossos pacientes”, afirmou o secretário.
A costureira de 61 anos, Antônia Elizabeth, sofre com uma hérnia da parede abdominal há dois anos. “Essa hérnia me prejudica demais nos meus afazeres, sinto muitas dores no quadril, na barriga. São quase 20 centímetros de protuberância no abdômen e não vejo a hora de ser operada neste mutirão”, conta.
Dia Estadual da Hérnia
No dia 12 de dezembro – último dia do Mutirão – acontece uma sessão solene na Assembleia Legislativa de Roraima. Na oportunidade, será instituído o Dia Estadual da Hérnia da Parede Abdominal, projeto de autoria do deputado estadual Cláudio Cirurgião (União Brasil). Na ocasião, haverá uma cerimônia com um parece inel sobre o papel do legislativo e as políticas públicas voltadas ao paciente com hérnia. O projeto conta ainda com apoio do deputado federal Zé Haroldo, defensor da criação do Dia Nacional da Hérnia.
“A programação inclui também uma Jornada de Hérnia, nos dias 12 e 13 de dezembro, com apoio da Educação Médica Continuada do Conselho Regional de Medicina (CRM–RR)”, explica a Dra. Rochele Távora, uma das coordenadoras do Mutirão pela SBH.
A certificação dos participantes será emitida pela SBH e pela Educação Médica Continuada do CRM. As atualizações e conteúdos do evento serão divulgadas pelo perfil oficial do projeto no Instagram: @summitcirurgiarr.
O Governo de Roraima é responsável pela oferta da estrutura necessária para o atendimento, incluindo instrumentadores, anestesistas, enfermeiros e o suporte hospitalar. A ação também conta com a colaboração da Faculdade Catedral de Medicina, que apoia o esforço conjunto de capacitação e atendimento.
Com essa mobilização, a SBH reforça seu compromisso com o acesso ao tratamento adequado de hérnias e com a formação continuada de cirurgiões em todo o país.
Hérnia no Brasil
As hérnias da parede abdominal afetam cerca de 20% da população adulta no Brasil. A hérnia inguinal, que ocorre na virilha, é considerada a mais comum e afeta principalmente os homens.
Considerando as cirurgias abdominais, a reparação de hérnia inguinal eletiva é, de longe, a cirurgia mais frequentemente realizada via SUS atualmente no Brasil. Em 2024, foram realizadas 349.968 cirurgias de hérnia da parede abdominal pelo SUS, das quais 311.300 foram eletivas em todo o país.
A hérnia de parede abdominal, seja ela inguinal, umbilical, incisional ou epigástrica, é uma condição médica comum, mas que causa desconforto, dor crônica e, em casos mais graves, pode levar a complicações sérias como encarceramento e estrangulamento do conteúdo herniário. A demora no tratamento cirúrgico impede os pacientes de ter uma vida normal, limitando suas atividades diárias e laborais.
Esta é a 12ª edição do Mutirão realizado pela SBH. Recentemente, no mês de outubro, foi realizado um mutirão em Rondônia e Volta Redonda que atendeu cerca de 130 pacientes. Os mutirões também já aconteceram no Mato Grosso, Tocantins, Paraíba, Ceará, Rio de Janeiro, Maceió, Minas Gerais, Amazonas e Rio Grande do Sul, totalizando aproximadamente 1.000 cirurgias.
