Conheça o Hino Cultural de Roraima, aprovado pela Assembleia Legislativa

Música ‘Roraimeira’, composta por Zeca Preto, será tocada na abertura do ano Legislativo de 2025. – Fotos: Eduardo Andrade / Nonato Sousa | SupCom/ALE-RR

Em agosto de 2025, completa-se uma década desde que Roraima passou a ter um Hino Cultural aprovado pela Assembleia Legislativa (ALE-RR). “Roraimeira”, composta pelo cantor Zeca Preto na década de 1980, se tornou não apenas o marco do movimento de mesmo nome, conhecido internacionalmente, mas também símbolo da cultura do Estado. O texto que trata da música é a Lei nº 1.007/2015, proposta pelo ex-deputado Oleno Matos.

A canção será tocada na abertura dos trabalhos legislativos deste ano, em 18 de fevereiro, com transmissão ao vivo pela TV Assembleia, canal 57.3, Rádio Assembleia, frequência 98,3 FM, e ainda pelo canal da Casa no Youtube (@assembleiarr), a partir das 9h. Essa não é a primeira vez que será executada. A canção já foi entoada na abertura do segundo semestre legislativo de 2021.

Presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio.

Para o presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), o reconhecimento da música enquanto Hino Cultural reforça o compromisso do parlamento com a cultura. Ele lembra que o Movimento Cultural Roraimeira foi um marco, enaltecendo as raízes culturais do Estado, revelando o potencial dos artistas locais e deixando marcada para sempre na história da cultura roraimense.

“A música faz parte de um grande movimento, que deve e merece ser reconhecido por todos. Zeca Preto, Eliakin Rufino e Neuber Uchôa são a mais alta representação cultural roraimense e sempre serão lembrados pelo que fizeram em prol da nossa cultura. Ter um Hino Cultural mostra a força que a cultura tem de perdurar por gerações e se manter na vida, na memória e na história de um povo. Roraimeira não é apenas uma canção, mas o reflexo de uma terra e de seu povo”, enfatizou o presidente.

Zeca Preto, compositor da canção ‘Roraimeira’.

História da música

Zeca Preto nasceu no Pará, mas afirma que amar Roraima foi fundamental para a vida dele. Foi a partir das experiências vividas no estado mais ao Norte do Brasil que ele decidiu inserir o regionalismo nas músicas que compunha. Zeca contou que, em 1984, quando compôs Roraimeira, se recolheu em casa e, em menos de seis horas, nasceu a canção que transformaria a realidade cultural roraimense.

“Quis fazer uma música a partir do que eu sentia por essa terra. Me recolhi em casa e compus a letra, e depois fui compondo letra e música. Ela é um pouco extensa, mas eu não acreditava muito [que podia ser um sucesso], porque era uma música pessoal, de amor pelo Estado. Concorremos no Femur [Festival de Música Popular de Roraima] de 1984, era a segunda edição, e quem defendeu foi o saudoso amigo Severino. Fiquei em segundo lugar com a música e ele em primeiro como melhor intérprete”, recordou Zeca.

O artista lembra que, após esse evento, convidou o cantor Alcindo Silva para dividir os vocais de Roraimeira no LP de mesmo nome. Ele afirma que a música “ganhou uma alma com a voz de Alcindo”, que passou a cantá-la nos locais onde havia som ao vivo. Resultado: a canção foi bem-recebida pelo público. Zeca avalia que, graças à dedicação de Alcindo em promover Roraimeira, a música ganhou repercussão e notoriedade.

“Foi um grande pontapé e colocou a música para fora. E sempre agradeço a ele. De lá para cá, fomos tocando o barco e a música foi pegando, e hoje ela não é mais minha, é do povo. Tenho músicas que estão há oito anos para terminar, mas essa veio, foi se encaixando e em menos de seis horas ficou pronta”, reforçou, ao acrescentar que a indicação para ser o Hino Cultural de Roraima foi uma surpresa: “foi um susto para mim, e eu: ‘poxa, vida, que legal!’. Sou muito grato”.

Hino Cultural tem trecho exposto na Assembleia Legislativa.

Veja a letra de Roraimeira:

Te achei na grande América do sul

Quero atos que me falem só de ti

E em tua forma bela e selvagem

Entre os dedos o teu barro, o teu chão

E em tuas férteis terras enraizar

A semente do poeta Eliakin

Nos seus versos inerentes ao amor

Aves ruflam num arribe musical, musical

Os teus seios grandes serras

Grandes lagos são os teus olhos

Tua boca dourada, Tepequém, Suapi

Terra do Caracaranã, do caju, seriguela

Do buriti, do caxiri, Bem-Querer

Dos arraiais, do meu hi-fi

Da morena bonita do aroma de patchouli

Da morena bonita do aroma de patchouli

O teu importante rio chamado Branco

Sem preconceito de um negro ele aflui

És Alice neste país tropical

De um cruzeiro norteando as estrelas

Norte forte Macuxi, Roraimeira

Da coragem, raça, força garimpeira

Cunhantã roceira, tão faceira

Diamante ouro, amo-te poeira, poeira

Os teus seios grandes serras

Grandes lagos são os teus olhos

Tua boca dourada, Tepequém, Suapi

Terra do Caracaranã, do caju, seriguela

Do buriti, do caxiri, Bem-Querer

Dos arraiais, do meu hi-fi

Da morena bonita do aroma de patchouli

Da morena bonita do aroma de patchouli

Josué Ferreira

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