Constituição Federal será traduzida para a língua macuxi

Proposta foi apresentada oficialmente pelo TJRR às lideranças da região das Serras durante encontro realizado no dia 28 de maio, na comunidade indígena Maturuca, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol. – Foto: Nucri | TJRR

Em um gesto histórico de valorização da diversidade cultural e da cidadania indígena, o Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) deu início a uma proposta inédita: a tradução da Constituição Federal para a língua Macuxi.

A ação é liderada pelo vice-presidente do TJRR e supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF), desembargador Almiro Padilha, e foi apresentada oficialmente às lideranças da região das Serras durante encontro realizado no dia 28 de maio, na comunidade indígena Maturuca, situada na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Com a presença de tuxauas e representantes das 78 comunidades indígenas da região, a proposta será desenvolvida em parceria com a Coordenadoria Regional das Serras, instituições de ensino, especialistas em Direito Constitucional e tradutores culturais, com o objetivo de criar um material que una precisão jurídica e sensibilidade cultural.

Durante o encontro, o desembargador Almiro Padilha afirmou que a iniciativa busca assegurar não apenas o acesso à informação jurídica, mas também o reconhecimento efetivo da identidade dos povos originários no âmbito da Justiça.

“Não basta que a Justiça alcance. É preciso que seja compreendida, sentida e respeitada em sua essência por todos os cidadãos, em especial pelos povos indígenas, que há séculos sustentam este chão com suas línguas, histórias e saberes”, afirmou.

O tuxaua regional Djacir Melquior da Silva, anfitrião do evento, classificou o momento como um marco na relação entre o Judiciário e os povos indígenas.

“O que vemos aqui hoje não é apenas um projeto, mas uma ponte entre mundos, construída com respeito mútuo e compromisso com os direitos humanos”, declarou.

A proposta também segue os princípios estabelecidos pela Convenção 169 da OIT e pelas diretrizes do Conselho Nacional de Justiça, que orientam a construção de políticas públicas mais inclusivas e sensíveis à diversidade étnico-linguística do país.

Mairon Compagnon

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