Cooperativas de Transporte Alternativo denunciam risco de exclusão em Audiência Pública sobre Licitação em Roraima

Evento ocorre na quarta-feira, 11 de junho, na UERR, e deve reunir cooperativas, sociedade civil e autoridades. – Fotos: Ascom | Sistema OCB-RR

O futuro do transporte intermunicipal em Roraima entra em pauta nesta quarta-feira, 11, às 8h, durante audiência pública convocada pelo Governo do Estado, por meio do Conselho Rodoviário Estadual, na Universidade Estadual de Roraima (Uerr). A reunião pretende colher contribuições para a licitação que deve reformular o serviço público de transporte no estado.

Mas enquanto o governo fala em modernização, cooperativas de transporte alternativo soam o alerta: o atual modelo apresentado ameaça excluir quem já realiza o serviço há décadas — com eficiência, capilaridade e compromisso com as comunidades mais vulneráveis.

Risco de exclusão em massa

Com 12 cooperativas organizadas e mais de mil profissionais (cooperados e motoristas auxiliares), o setor é responsável por transportar cerca de 5 mil passageiros por dia em regiões onde grandes empresas nunca operaram, como vilas, comunidades rurais e áreas indígenas. Os profissionais atuam em condições desafiadoras, cobrindo rotas que exigem flexibilidade e conhecimento regional — algo que um modelo licitatório centralizado pode inviabilizar.

“Somos trabalhadores, não atravessadores. Não somos grandes empresas com vasto capital, mas temos pessoas, temos compromisso e conhecemos as necessidades da nossa população. A licitação, do jeito que vem sendo apresentada, pode nos tirar das estradas e deixar milhares de roraimenses sem transporte e outros tantos sem trabalho”, alerta Leandro Passos, coordenador do Conselho Consultivo das Cooperativas de Transporte do Sistema OCB/RR.

A proposta das cooperativas: inclusão, não exclusão – As cooperativas defendem a necessidade de um modelo justo, que reconheça o serviço prestado por quem já está operando com legitimidade, garantindo:

– Permanência dos operadores atuais durante a transição para o novo sistema;

– Considerar as particularidades regionais compatíveis com a realidade das cooperativas;

– Valorização da experiência prática e da expertise acumulada pelos motoristas cooperados;

– Preservação do atendimento a comunidades isoladas, que correm o risco de ficar sem transporte se o serviço for entregue apenas a grandes empresas.

Um serviço com rosto, voz e história

Muitos dos cooperados atuam há mais de 20 anos. Conhecem o nome dos passageiros, as dificuldades das rotas e as necessidades de cada comunidade. Estão presentes em lugares onde, sem eles, crianças não vão à escola, idosos não chegam ao hospital e trabalhadores não chegam ao emprego.

“O que está em jogo não é só um edital, é o futuro de centenas de famílias e o direito de ir e vir de milhares de pessoas. Não somos contra a licitação, somos contra sermos excluídos dela”, reforça Igleison Gomes, presidente da Unitap.

Audiência Pública: mobilização massiva – As cooperativas confirmaram presença expressiva na audiência pública, com participação de dirigentes e trabalhadores. Uma nota técnica com propostas concretas será entregue às autoridades, defendendo um modelo de transporte eficiente, moderno, mas verdadeiramente inclusivo.

A sociedade é convidada a participar e acompanhar de perto esse momento decisivo para o futuro da mobilidade no estado e para a continuidade das cooperativas intermunicipais.

Dennis Martins

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