Cultivo de mandioca fortalece tradições indígenas e sustento na Serra da Moça

Com apoio da Prefeitura de Boa Vista, já foram produzidos na comunidade ao longo dos anos: melancia, macaxeira, abóbora, maxixe e feijão. – Fotos: Semuc | PMBV

O plantio de mandioca nas comunidades indígenas é uma prática milenar que vai além do sustento, representando vínculo com o cultivo da terra. Diante da importância cultural e econômica para povos originários, a Prefeitura de Boa Vista tem apoiado agricultores da Serra da Moça, região do Murupu, com o cultivo do alimento.

Utilizando técnicas tradicionais passadas de geração em geração, os indígenas plantam a mandioca, promovendo biodiversidade e sustentabilidade. De acordo com o secretário de Agricultura e Assuntos Indígenas, Guilherme Adjuto, o trabalho técnico da prefeitura também incentiva os produtores a identificarem escassez no mercado.

“Nas comunidades indígenas, a gente fomenta todas as etapas de produção, desde o plantio, fornecimento de insumos e assistência técnica. Nós direcionamos e incentivamos a produzirem aquilo que o mercado está pedindo, respeitando a cultura e suas particularidades”, disse.

Saberes culturais

Além disso, o cultivo reforça a identidade cultural e a autonomia dos indígenas, mantendo vivo saberes e fortalecendo a resistência frente aos desafios econômicos e climáticos. Contemplados com o sistema de irrigação por energia solar, os produtores mudaram a realidade, segundo o vice-tuxaua da Serra da Moça, Lailton André.

“Com a irrigação, as coisas melhoraram muito. Antes, a gente produzia pouco e em pequena quantidade porque dependíamos das chuvas, ou seja, a plantação ocorreria apenas no inverno e no pé da serra. Hoje, a nossa realidade é completamente diferente, pois produzimos o ano todo e em uma área perto de casa”, contou.

Na região, os agricultores indígenas optam pela monocultura. Ao longo dos anos, na comunidade já produziram melancia, macaxeira, abóbora, maxixe, feijão e agora, a mandioca. Trabalhando no campo desde a infância, o produtor Justino Carlos, coleciona mais de 50 anos de experiência com o cultivo da terra.

“Se não fosse o apoio da Prefeitura de Boa Vista, a gente teria pouca coisinha, não tinha como desenvolver, porque não tinha água. Então, a gente agradece que estão sempre ajudando. Recebemos a fotovoltaica e teve uma diferença muito grande para plantar, porque no verão ela é molhada”, contou.

De crianças a adultos

Todos os moradores das comunidades são envolvidos na produção, crianças, adultos e idosos. Com frequência, entre as atividades pedagógicas das escolas indígenas, os alunos são levados até a lavoura para interagir com os trabalhadores. Com o método, é garantindo a transição de saberes para as gerações mais novas.

Estudante do 4º ensino fundamental, Stven Eler, de 10 anos, foi com a turma da escola para visita a lavoura. “A gente sempre vem até aqui com a professora. É muito divertido porque encontramos as pessoas trabalhando e conseguimos ver tudo o que tem na roça. É bem interessante”, relatou.

Jaqueline Pontes

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