Dezembro Vermelho: ALE-RR fortalece campanha de prevenção ao HIV/Aids e outras ISTs com políticas públicas

Último mês do ano é destinado a alertar e sensibilizar população sobre importância de se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis. – Fotos: Eduardo Andrade | SupCom/ALE-RR

Com a chegada do último mês do ano, se inicia o movimento “Dezembro Vermelho”, que é a campanha nacional de prevenção ao HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Em Roraima, a Assembleia Legislativa (ALE-RR) fortalece a iniciativa por meio de políticas públicas.

Por meio de leis e reconhecimentos, o Poder Legislativo busca alertar e sensibilizar a população sobre a importância de se prevenir das doenças, bem como orientar sobre tratamentos e acolhimento.

O presidente do Poder Legislativo, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), reforçou o papel da Casa em fomentar a conscientização e prevenção do HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis.

“Nosso objetivo é promover um diálogo aberto e acessível sobre saúde pública, garantindo que toda a população tenha acesso às informações e aos recursos necessários para cuidar de sua saúde. A prevenção começa com a educação, e estamos unidos à sociedade para construir um futuro mais saudável e informado para todos”, disse.

Neste sentido, a Lei nº 1.748/22 proíbe a discriminação de pessoas vivendo com HIV e Aids nos órgãos e entidades da administração direta e indireta em Roraima.

Neste caso, divulgar boatos sobre colegas, solicitar exames para a detectação de HIV/Aids para inscrição em concurso ou seleção ou obrigar a pessoa a informar a condição de saúde, são alguns dos fatores considerados discriminatórios.

Outra norma que assegura os direitos deste público é a Lei nº 200/98 que torna obrigatório ao governo do Estado fornecer gratuitamente os novos medicamentos de última geração para tratamento de pessoas vivendo com Aids/HIV.

Bem como a Lei nº 173/97, que proíbe a recusa de matrícula de pessoas vivendo com HIV no sistema estadual de ensino.

Bruna Alves, psicóloga da ABV.

Reconhecimento

Durante a campanha Dezembro Vermelho de 2022, a Assembleia Legislativa declarou como de utilidade pública a “Associação de Bem com a Vida (ABV)”, que realiza trabalhos voltados ao apoio a pessoas vivendo com HIV/Aids desde 2012 em Boa Vista.

Atualmente, o local atende entre 150 e 200 pessoas com doação de alimentos, assistência com marcação de consultas na rede pública de saúde, oferta de acompanhamento psicológico e orientações sobre a doença, tudo de forma gratuita.

Bruna Alves é psicóloga voluntária no local e destaca a importância de a associação fazer esse trabalho de acolhimento a essas pessoas, que ainda sofrem preconceitos tanto pela sociedade quanto no ambiente familiar.

“Sabemos que, às vezes, o diagnóstico traz questões de preconceito que a pessoa vivencia. Então é importante oferecer esse apoio e combater a discriminação. Por isso, buscamos atuar nessa frente em tempo integral, direcionado a quem vive ou convive com a doença, como familiares de pacientes”, explicou.

Eduarda (nome fictício), de 37 anos, é uma das pessoas atendidas pela ABV. Vivendo com o diagnóstico desde os 26, ela conta que no começo foi difícil aceitar que contraiu o vírus da imunodeficiência humana e levou alguns anos para assimilar a situação.

“Ainda existe muito preconceito, as pessoas acham que se transmite com qualquer coisa e não é assim, mas antes, eu mesma tinha preconceito e não entendia por que isso aconteceu comigo”, desabafou.

Entretanto, com acesso à informação e acolhimento em associações voltadas para este público, Eduarda percebeu que é possível ser cuidada e ter uma vida normal com o tratamento da doença.

“Me sinto bem acolhida pela ABV porque eles nos olham, dão amparo, amor e um carinho de que realmente precisamos. Aconselho as pessoas a conhecerem a instituição para se sentirem melhor e viver a vida, fazer o tratamento para ter uma longa vida”, acrescentou.

Maria Soledade Benedette, médica infectologista.

Casos em Roraima

Dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) mostram que Roraima registrou 275 casos de HIV em adultos e 164 notificações de Aids (doença em estado avançado), no período de 1º de janeiro a 25 de novembro de 2024.

Também foram contabilizados 93 casos de HIV em gestantes, 4 ocorrências de Aids e 2 de HIV em crianças, no mesmo período.

Além disso, a Sesau divulgou dados de outras doenças como sífilis. Foram 667 ocorrências de sífilis adquirida; 345 em gestantes e 141 de sífilis congênita, quando a mãe transmite ao bebê durante a gravidez, totalizando 1.153 casos.

Registros de outras infecções como verrugas anogenitais (39); doenças sexualmente transmissíveis não especificadas (63); herpes genital (30); afecções inflamatórias da vagina e vulva (300); inflamações pélvicas femininas (4); síndrome da úlcera genital (2); corrimento cervical em mulheres (730); e tricomoníase (45) somam 1.213 casos de IST.

A médica infectologista Maria Soledade Benedette pontuou que os números são bem expressivos em Roraima e ressaltou a importância da campanha para minimizar os casos e os impactos das doenças nas pessoas.

“A campanha tem a função de promover a prevenção, diagnóstico e o tratamento, além de reforçar a solidariedade, tolerância, compaixão e compreensão com as pessoas infectadas porque a sociedade também precisa ter o papel de acolhê-las para que possam fazer o tratamento sem sofrer nenhum preconceito nem estigma associada a essa condição”, frisou.

A especialista também salientou a necessidade de as pessoas diagnosticadas iniciarem acompanhamento médico para deixar a carga viral indetectável. “A carga viral indetectável é uma forma de evitar transmissão entre pessoas. Com uma boa adesão ao tratamento, a pessoa consegue viver bem e sem transmitir”, concluiu.

Dezembro Vermelho alerta e sensibiliza população sobre importância de se prevenir.

Dezembro Vermelho

Instituída pela Lei nº13.504/2017, a campanha nacional busca fazer uma grande mobilização no país para combater o aumento do HIV/Aids e outras ISTs entre a população.

A campanha consiste em iluminação de prédios públicos com luzes de cor vermelha, realização de palestras e atividades educativas, veiculação de informações na mídia e promoção de eventos.

Também alerta para outros meios de transmissão do HIV como compartilhamento de seringas ou agulhas contaminadas; transfusão de sangue contaminado; de mãe para criança durante gravidez, parto ou amamentação; e uso de instrumentos que furam ou cortam não esterilizados, como itens de manicure ou piercing.

Vale destacar o que não transmite a doença: beijo; usos dos mesmos pratos talheres ou copos; secreções como suor, saliva ou lágrimas; uso do mesmo material de higiene, como sabonete, toalhas e lençóis; e estar perto de um portador do vírus.

Bruna Cássia

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