
A recondução da reitora do Instituto Federal de Roraima (IFRR), professora Nilra Jane Filgueira, ao cargo foi realizada nesta terça-feira, 18, no auditório do Campus Boa Vista (CBV) da instituição. A solenidade foi presidida pelo ministro da Educação, Camilo Santana, que deu posse à gestora. Nilra Jane foi reeleita pela comunidade acadêmica, em setembro de 2024, para um novo mandato de quatro anos, assumindo a gestão para o quadriênio 2024-2028.
O evento contou com a presença de autoridades locais como o governador do estado, Antônio Denarium; o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique; os deputados federais Antônio Nicoletti e Chico Rodrigues; o secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Marcelo Bregagnole; o reitor da Universidade Federal de Roraima, Geraldo Ticianelli, além de pró-reitores, diretores de campi e outros servidores do IFRR, e de estudantes.
Emocionada, Nilra Jane falou de sua infância modesta, ao lado de seis irmãos. Por diversas vezes, mencionou a figura da mãe, uma mulher simples, mãe solo, trabalhadora incansável, que, mesmo sem educação formal, acreditou no poder transformador da educação. “Minha mãe fez de tudo o que fosse necessário para garantir o sustento da família. Com dignidade, força e amor, ela nos mostrou que a determinação e o trabalho são capazes de superar qualquer adversidade […] Ela nos deu o que é mais valioso: o exemplo de coragem e a esperança de um futuro melhor. Essa fé na educação plantada por ela é que me trouxe até aqui”, disse.
Ainda em seu discurso, a reitora falou do papel da mulher em posições de liderança. “Segundo dados recentes, menos de 30 % dos cargos de liderança no Brasil são ocupados por mulheres. No ambiente acadêmico, esse percentual é ainda menor, quando falamos em reitorias e espaço de poder. Por exemplo, em nossa Rede Federal, de 41 instituições, apenas 12 são lideradas por mulheres. Esses números evidenciam os desafios que enfrentamos para ocupar e nos manter em locais de liderança. Para nós, mulheres, as dificuldades vão muito além do campo profissional. Carregamos não apenas a responsabilidade de liderar, mas também enfrentamos preconceitos e desconfianças, que questionam nossa competência”, afirmou.
Ao mencionar sua história de vida, Nilra Jane relembrou o episódio trágico que marcaria para sempre sua vida pessoal: o crime que tirou a vida do marido e da filha em 2015. “Eu me refiz, eu segui, mas, em muitos momentos, ouvi pessoas dizerem que eu não seria capaz de seguir em frente, que essas perdas seriam maiores que a minha força para dar conta de conduzir nossa instituição. Hoje estou aqui, pois escolhi transformar a dor em propósito e acreditar que é possível construir uma instituição mais forte, mais inclusiva e mais comprometida com a transformação social […] Cada palavra de dúvida, cada olhar de descrença eu converti em energia para continuar”, declarou, sob os aplausos da plateia.
“Não é apenas um marco em minha trajetória, mas também uma celebração da força, da resiliência e da coletividade que nos unem como comunidade acadêmica e sociedade. O IFRR também reflete essa resistência e força. Enfrentamos dificuldades gigantescas de todas as ordens […] Mas, graças ao esforço coletivo, conseguimos avançar. Hoje investimos em obras, em pessoas e em sonhos. São conquistas que mostram que, quando acreditamos no que fazemos, os resultados aparecem”, afirmou a reitora.
Ao concluir sua fala, Nilra Jane destinou uma mensagem às mulheres presentes. “Nós somos capazes, pois carregamos a força, a sabedoria e a coragem para enfrentar todos os desafios do dia a dia”, disse.
O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou a importância de as cerimônias de posse de reitores ocorrerem na própria localidade em vez de na sede do MEC. “Isso tem um simbolismo, para destacar a importância dos IFs, que representam o que há de melhor em educação neste país, pois não deixam a desejar para as melhores escolas de países desenvolvidos”, disse. Para ele, o grande modelo de ensino médio no Brasil é o ensino médio integrado ou concomitante ao técnico. “O aluno já sai com uma profissão, preparado para o mundo do trabalho”, declarou.
Ao falar da expansão dos IFs, Santana informou que a Rede Federal passará a ter 786 novos campi em todo o Brasil. Segundo ele, o importante é consolidar a estrutura que o IFRR já possui com a destinação de recursos para o andamento de obras que visam à melhoria das unidades.
“Em Roraima, teremos um novo campus no município de Rorainópolis. Para um estado com 15 municípios, teremos seis unidades do IFRR. Proporcionalmente, talvez seja o estado com o maior número de campi. Com esses recursos, a ideia é construir os restaurantes, as bibliotecas, a nova sede da Reitoria, fazer a recuperação de prédios e um esforço enorme em conjunto para acelerar e fazer acontecer esses investimentos tão importantes”, declarou o ministro.
Ainda conforme o ministro, os institutos federais têm um papel muito importante de empoderamento para a transformação da vida de jovens brasileiros. “Parabéns, reitora! Não tenho dúvida de que, nos próximos quatro anos, você vai conduzir o IFRR com zelo, com carinho e dedicação. Conte com o ministério para ajuda-la”, disse, finalizando o discurso.
Consolidação
Por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), o governo federal vai investir, de 2023 a 2026, R$ 21 milhões no IFRR. Até esta data, o MEC já repassou à instituição R$ 4,6 milhões. O IFRR atende mais de 6 mil estudantes matriculados em cinco campi, que ofertam 80 cursos.
Com um recurso total de R$ 1,4 bilhão, as ações de consolidação da Rede Federal visam atender aos campi que ainda não têm infraestrutura completa. As prioridades de investimento são a construção de restaurantes estudantis, bibliotecas, blocos de salas de aula, laboratórios, quadras poliesportivas e unidades em instalações definitivas.
Expansão
Além dos investimentos para melhorias estruturais dos campi já existentes no IFRR, que atualmente conta com cinco unidades, estão sendo investidos R$ 25 milhões para a construção de um novo campus no município de Rorainópolis. Desse orçamento, R$ 15 milhões são destinados à construção e R$ 10 milhões à aquisição de equipamentos. O campus terá capacidade para atender, em média, 1.400 estudantes.