Em vídeos, conversas ajudam crianças e adolescentes a reconhecer e denunciar abusos

Nesta segunda reportagem da série sobre a proteção de meninas e mulheres em Bonfim e Normandia, a tecnologia audiovisual se revela uma poderosa aliada na segurança e no empoderamento delas. – Fotos: Nucri | TJRR

Imagine explicar para uma criança de seis anos a diferença entre um carinho que protege e um toque que machuca. Como transformar um assunto tão delicado em uma conversa clara, sem assustar, mas que realmente proteja? E como dizer a um adolescente, de forma direta, que qualquer ato forçado contra o seu corpo é violência sexual e que pedir ajuda é um direito garantido por lei?

Esta é a segunda reportagem da série especial sobre o projeto Meninas e Mulheres de Bonfim e Normandia. Após o lançamento da iniciativa pelo Judiciário roraimense, que apresentou as bases do programa voltado ao acesso à Justiça e à proteção de meninas e mulheres na região de fronteira, esta edição aborda o Sinal Vermelho do Toque — uma ação educativa que utiliza vídeos para orientar crianças e adolescentes em Roraima sobre como identificar situações de violência e buscar ajuda de forma segura.

Para que meninas e mulheres tenham acesso a informações sobre os tipos de violência, como funcionam as denúncias, o papel do Conselho Tutelar, os serviços disponíveis e, principalmente, como buscar ajuda, será lançada a série de vídeos: O Sinal Vermelho do Toque, uma coleção de seis vídeos educativos que integra o projeto Acesso à Justiça para Meninas e Mulheres de Bonfim e Normandia, lançado pelo Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) no dia 29 de agosto, na Comarca de Bonfim.

A urgência de proteger crianças e adolescentes em Roraima ganhou corpo na produção de novos audiovisuais educativos. Com base nos levantamentos da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ/TJRR), que revelam a grave exposição de crianças e adolescentes à violência sexual, os vídeos foram pensados para orientar, empoderar e transformar o medo em ação preventiva, oferecendo informações de forma clara e acessível.

Raquel Wapixana.

Segundo a coordenadora do Departamento da Juventude do Conselho Indígena de Roraima, Raquel Wapixana, levar informações adequadas e direcionadas, com o objetivo de combater a violência, não só nos municípios, mas também nos territórios indígenas, auxilia no enfrentamento da violência contra mulheres e meninas.

“Esse projeto vai levar informações às comunidades indígenas, chegando a meninas em áreas mais distantes, e fortalecendo a rede de apoio a mulheres e meninas que sofrem violência.”

Considerando a realidade de Bonfim e Normandia, região de fronteira com população indígena e presença de migrantes, os materiais foram produzidos em português, inglês, espanhol e línguas indígenas.

A série O Sinal Vermelho do Toque é composta por seis vídeos educativos que tratam, de forma clara e acolhedora, diferentes aspectos da proteção de crianças e adolescentes contra a violência sexual.

Os episódios vão desde a diferenciação entre carinhos seguros e toques perigosos, passando pela explicação do que é a violência sexual, o que acontece após uma denúncia e os riscos do ambiente virtual, até chegar à responsabilidade coletiva dos adultos na prevenção e ao marco legal da Lei Henry Borel, que endurece punições para crimes cometidos contra crianças e adolescentes dentro de casa.

Mais do que informar, cada vídeo busca alertar crianças, adolescentes e adultos, reforçando que o corpo é um espaço de respeito, que a culpa nunca é da vítima e que buscar ajuda é um direito.

Os trabalhos são conduzidos pela Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ), em parceria com a CEVID e o Núcleo de Comunicação e Relações Institucionais (Nucri), sob a coordenação do Gabinete da Juíza Auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça de Roraima, Lana Leitão.

Confira o primeiro vídeo “O Toque do Sim e o Toque do Não” nas nossas redes sociais:

Instagram: @tjroraima 

Tiktok: @tjroraima 

Facebook: Tribunal de Justiça de Roraima 

Todos os vídeos reforçam os canais de denúncia:

Disque 100: funciona 24 horas, todos os dias

Conselho Tutelar local

Delegacias Especializadas

Ministério Público

A produção educativa mostra que “Denunciar é um ato de coragem que pode proteger não só você, mas também outras crianças”, transformando o medo em empoderamento e a vulnerabilidade em força para a mudança.

Aurilene Mesquita

Atuação nas ruas

O projeto não se limita à produção audiovisual. A chefe do Setor de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da CEVID, Aurilene Mesquita, destacou que o projeto Acesso à Justiça para Meninas e Mulheres de Bonfim e Normandia viabiliza não só a criação dos vídeos, mas uma conversa com toda a comunidade dos municípios.

“Esse projeto vai levar informações às comunidades indígenas, chegando a meninas em áreas mais distantes, e fortalecendo a rede de apoio a mulheres e meninas que sofrem violência.”

Sobre o projeto

O Acesso à Justiça para Meninas e Mulheres de Bonfim e Normandia é uma iniciativa do TJRR, executada pelo Gabinete da Juíza Auxiliar da Presidência em parceria com a CEVID, CIJ e o Núcleo de Projetos e Inovação, buscando replicar boas práticas em regiões de vulnerabilidade social.

Mairon Compagnon e Maurício Fernandes

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