Escrever com a luz: Parlamento de Ponta a Ponta celebra Dia Nacional da Fotografia

Programa transmitido pela Rádio Assembleia (FM 98,3) presenteou ouvintes com entrevista com fotógrafos do Poder Legislativo Eduardo Andrade e Jader Souza. – Fotos: Nonato Sousa | SupCom/ALE-RR

Nesta quarta-feira, 8, em homenagem ao Dia Nacional da Fotografia, o programa Parlamento de Ponta a Ponta, transmitido pela Rádio Assembleia (FM 98,3), presenteou os ouvintes com uma entrevista que destacou a arte e a sensibilidade do olhar fotográfico. Sob o comando do jornalista Leoncio Monteiro, o programa promoveu um bate-papo com os fotógrafos Eduardo Andrade e Jader Souza, membros do talentoso time de fotografia da Superintendência de Comunicação da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Eduardo Andrade, fotógrafo da ALE-RR.

Compartilhando experiências e reflexões sobre o ofício que pode ser exercido na publicidade, jornalismo, cinema e ainda no campo artístico, os dois fotógrafos, ao lado de Alfredo Maia, Marley Lima e Nonato Sousa, eternizam os principais acontecimentos da Casa Legislativa, registrando eventos, cerimônias e projetos que fazem parte da história de Roraima. Cada clique, fruto de uma combinação de conhecimento técnico, criatividade e sensibilidade, carrega o compromisso de representar a memória e a identidade do povo roraimense.

“Fotografar é escrever com a luz, e o escrever é literal também. Você tem que passar a informação; a pessoa olha e faz uma leitura do que está colocado naquela imagem. O fotógrafo pontua, junta, compõe como se fosse um verso. Você faz uma leitura de tudo isso e tenta passar na imagem”, destacou Souza, que descobriu sua vocação para a fotografia no início dos anos 1990, seguindo os passos do tio que já atuava na área.

Fotógrafo do Poder Legislativo, Jader Souza.

O programa trouxe à tona o universo por trás das lentes, destacando as histórias não contadas, os desafios, a evolução e a paixão que move a profissão.

“Me apaixonei pela fotografia quando era criança. Sou do Rio de Janeiro e lembro que o fotógrafo daquela época fazia os books em casa. Quando ele foi à minha casa, eu não parava quieto, e lembro que me entregou uma caixa Kodak para eu segurar. Profissionalmente, comecei em 2006 no jornal Roraima Hoje, depois Jornal de Roraima, trabalhei na prefeitura, ganhei alguns prêmios e agora estou na Assembleia desde 2016”, rememorou Andrade, que tem como um dos primeiros momentos marcantes no fotojornalismo roraimense a cobertura do falecimento do ex-governador Ottomar de Sousa Pinto, em 2007, e a documentação do trágico acidente envolvendo três aeronaves da Base Aérea de Manaus.

Leoncio Monteiro conduz entrevista, destacando papel insubstituível do fotógrafo profissional na comunicação do Estado.

Leoncio Monteiro lembrou que a fotografia faz parte da história da comunicação do Estado. No jornalismo, ela é essencial para dar credibilidade e força à narrativa, não sendo substituído o olhar apurado do fotógrafo profissional pelo avanço e barateamento da tecnologia, que ficou cada vez mais presente com a revolução dos smartphones.

“Humanizar a informação, humanizar o recorte do momento, é muito importante, porque querendo ou não, vocês [fotógrafos] conseguem transmitir para a gente, para quem não é profissional e não entende a técnica, vocês conseguem transmitir perfeitamente a ideia do sentimento daquele momento, o que a pessoa está sentindo. Então, querendo ou não, por mais que a tecnologia tenha se tornado mais acessível e aumentado o imediatismo nas pessoas, o nosso ofício de comunicador continua sendo muito importante”, ponderou o jornalista.

Para Souza, que documentou marcos históricos como a inauguração da subestação de Boa Vista em 2001 – evento que simbolizou o início da integração energética entre Brasil e Venezuela e reuniu importantes líderes latino-americanos da época como os presidentes Fernando Henrique Cardoso, Hugo Chávez e o líder cubano Fidel Castro –, o que verdadeiramente distingue o profissional do amador não é apenas a técnica, mas principalmente o compromisso ético com o objeto retratado.

Bate-papo mediado por Leoncio Monteiro com Eduardo Andrade e Jader Souza ocorreu no estúdio da Rádio Assembleia (FM 98,3).

“A questão ética é fundamental: não podemos registrar por registrar, não podemos escandalizar, porque lidamos com vidas, pessoas, e essas pessoas têm familiares, têm sentimentos. Principalmente o repórter fotográfico lida com essa sensibilidade, não só com aqueles que vão lidar com a notícia, mas também com quem vivencia a perda de um parente ou um fato trágico. É preciso ter o mínimo de humanidade com o fato”, salientou o fotógrafo.

O bate-papo ainda explorou aspectos técnicos do fotojornalismo, a exemplo do enquadramento e da composição, que conferem intencionalidade à fotografia, constituindo-se em um convite para que os ouvintes reconheçam e valorizem o trabalho desses profissionais, verdadeiros guardiões da memória visual de um povo.

“Vocês [fotógrafos] conseguem falar diretamente com as pessoas sem dizer uma palavra, sem um vídeo, sem precisar escrever nada, é só aquele recorte. E isso é realmente incrível: o quanto a imagem consegue transmitir essa emoção e a informação. Parabéns a vocês por esse trabalho, por esse dia, agradecer a contribuição que vocês trazem à comunicação roraimense e, com certeza, continuarão a fazer parte dessa história, pois ainda tem muita coisa para acontecer!”, concluiu Monteiro.

Suellen Gurgel

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