Caracterizada pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias que podem alterar o estado mental de uma pessoa, a dependência química é considerada pela Organização Mundial de Saúde como um problema social que afeta vários cidadãos ao redor do mundo.
Para alertar a população sobre os danos causados pelo consumo excessivo de bebida alcoólica e de outras drogas, foi instituído no País o Dia Nacional do Combate às Drogas e ao Alcoolismo, sendo celebrado, anualmente, no dia 20 de fevereiro.
De acordo com levantamento feito pelo Ministério da Saúde, o número de óbitos associados ao consumo de álcool no Brasil cresceu 20% em 2020, ano que marcou o início das restrições sanitárias da pandemia da covid-19.
“[A data] vem para alertar a população a respeito dos riscos associados ao uso indevido dessas substâncias e principalmente falar sobre o aumento crescente do uso, principalmente do álcool em algumas populações, como entre os adolescentes, que acaba sendo porta de entrada para outras drogas”, ressaltou a psicóloga do Caps AD III (Centro de Apoio Psicossocial de Álcool e Drogas), Daniela Rocha.
A forte vontade de consumir uma substância está relacionada com a liberação de dopamina causada pelos entorpecentes, fazendo com que o cérebro receba sinais de sensação boa e prazer, criando um aprendizado associativo entre a droga e o bem-estar.
“Essa experiência acaba deturpando o sistema, tornando outras atividades insignificantes perto da experiência que a droga proporciona. Outros estímulos associados ao uso, como o lugar e o cheiro podem antecipar a experiência do uso, gerando um processo chamado fissura, que é aquela ansiedade, aquela vontade de repetir e de consumir a droga de uma forma urgente”, afirmou a psicóloga.
Ainda segundo Daniela, a melhor estratégia é a prevenção, e mantendo-se afastado do uso de álcool e outras drogas. A dependência química e o alcoolismo são classificados como um transtorno mental, que requer um cuidado e tratamento especializado.
“Muitas famílias quando nos procuram elas já estão na fase da exaustão, que é aquele estágio onde já houve muitos prejuízos, muitas perdas e o quanto antes buscar ajuda, menores serão os danos e os prejuízos relacionados”, alertou a especialista.
Precisa de ajuda?
A ingestão indiscriminada de bebida alcoólica, associada ao uso de outras substâncias, fez crescer também número de pessoas com doenças associadas, e reconhecer o vício nem sempre é fácil para quem vive essa realidade.
Em Roraima, O Caps AD III (Centro de Apoio Psicossocial de Álcool e Drogas) é a unidade que é referência no tratamento de transtornos ocasionados pela dependência em álcool e outras drogas.
Ao todo, segundo dados da unidade, 5 mil pessoas realizam o acompanhamento, sendo 400 delas internadas em suas unidades de apoio, com psicólogo, psiquiatra, assistente social, médico clínico, pedagogo, educador físico, enfermeiros e técnicos.
O Caps AD III oferta também medicação assistida e dispensada; atendimentos em grupos e oficinas terapêuticas; visitas e atendimentos domiciliares e acolhimento noturno para usuários em abstinência ou que possuam critérios psicossociais, como a necessidade de observação, repouso e proteção, manejo de conflito, dentre outros.
“Temos o acolhimento noturno, quando o paciente tem crises, nós temos vagas para dar uma segurada naquela abstinência, naquela luta que ele está vivendo. Após isso, a equipe já vai trabalhando para que ele possa dar continuidade ao tratamento”, afirmou o diretor do Caps AD III, Eraldo Marques.
A unidade recebe a demanda do Estado inteiro, contando ainda com a população indígena e pessoas imigrantes. Sendo necessário apenas apresentar o RG, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência.
“Todo esse suporte pode ser procurado na hora que a pessoa quiser, sem precisar de agendamento. É só trazer os documentos, fazer uma triagem, passar por uma consulta com o técnico e ser encaminhado para um psicólogo”, explicou.
O Caps AD III fica situado na rua José Bonifácio, 630, bairro Aparecida, funcionando de segunda a sexta-feira, das 07h às 19h.
Suyanne Sá