O Estado de Roraima enfrenta o verão mais rigoroso das últimas décadas. Diante disso, o Executivo estadual vem intensificando ações para combater os focos de incêndio, além de orientar a população com medidas que visam apaziguar os desconfortos e impactos provocados pela fumaça, pois o índice de qualidade do ar vem sendo muito prejudicado podendo causar diversos transtornos.
Em relação a números de combates diretos a incêndios florestais realizados pelo Corpo de Bombeiros, desde outubro, foram feitas 1.819 ações. A maior quantidade de ações de combate ocorreu em Boa Vista, com 629 ocorrências atendidas.
Já o município de Caracaraí concentra o maior número de focos de calor, totalizando 927 ocorrências. Também foram realizadas três prisões pela Polícia Civil de Roraima por crimes ambientais em Bonfim e Caracaraí, além de sete indiciados pelo crime em Alto Alegre, Bonfim, Iracema e São João da Baliza.
Dados registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que Roraima já ultrapassou a média de focos de fogo em 119% no mês de março. Somente neste mês, foram realizados 709 combates a incêndio florestal em todo o Estado.
O comandante-geral do CBMRR (Corpo de Bombeiros Militar), Anderson Carvalho, ressaltou que a corporação tem trabalhado com efetivo de 300 bombeiros no combate direto às queimadas que assolam Roraima.
“É um trabalho intenso e o Corpo de Bombeiros vem atuando sem parar no combate a incêndios. São muitos focos e, além da fiscalização, sempre pedimos a sensibilidade da população sobre este momento grave e a necessidade de não atear fogo na vegetação ou em lixo, seja urbano ou rural. É crime e quem for o autor do foco será responsabilizado e pode responder na Justiça”, reforçou o comandante do CBMRR.
Além do combate direto, há militares atuando no apoio às equipes e em funções administrativas. Há em campo nove caminhões de combate a incêndio, 29 pick ups com kit de combate a incêndio florestal, dois veículos de transporte de tropa e dois caminhões de carga logística, além de quatro drones utilizados para visualização de áreas atingidas.
Fumaça
Países vizinhos como Venezuela, República da Guiana e Suriname também estão apresentando altos números de focos de fogo neste mês de março. Isso agrava a situação de emissão de fumaça causada por incêndios florestais locais, já que Roraima tem proximidade geográfica dos países e os ventos atuam em movimentação continental e podem viajar centenas de quilômetros em relação ao local de um incêndio que, neste caso, é predominantemente vindo da direção nordeste.
A Venezuela, por exemplo, já registrou somente no mês de março mais de 9.800 focos de fogo no território vizinho. Os dados podem ser verificados na plataforma Terra Brasilis, do Inpe.
Além disso, alguns focos de incêndio, após serem controlados, continuam a expelir fumaça densa, o que proporciona aumento na produção dessa nuvem.
Por esse motivo, recomenda-se evitar, se possível, a exposição desnecessária ao ambiente aberto. Outra orientação importante é a utilização de máscara facial em momentos de maior concentração de fumaça enquanto a situação perdurar.
Foi solicitado reforço do Governo Federal para atuar de forma integrada e responder à situação evitando mais consequências negativas à população, considerando que parte das queimadas, incêndios e secas também ocorrem em áreas de competência da União.
Com a decretação de emergência, o Governo já contratou 240 brigadistas para reforçar o efetivo nos combates aos incêndios; iniciou os trabalhos de escavação de cacimbas para bebedouro animal; perfuração de poços artesianos para evitar o desabastecimento de água para o consumo humano nas sedes dos municípios e distribuiu cestas básicas nos locais afetados pela estiagem.
Como ajudar
A questão dos incêndios florestais é de responsabilidade de toda a sociedade, e o uso do fogo em áreas de vegetação está proibido. A população pode denunciar queimadas ilegais por meio dos telefones 190 (Polícia Militar), 181 (Polícia Civil) e 193 ou (95) 98406-5439 (Corpo de Bombeiros Militar).
Júlia Rocha