Conhecimento, divulgação de informações e políticas públicas de inclusão eficientes para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Síndrome de Down e demais desordens do desenvolvimento marcaram a audiência pública na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) nesta quarta-feira, 5.
Indicado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso, o encontro reuniu especialistas nas áreas, autoridades políticas e instituições. Para a presidente da comissão, deputada Angela Águida Portella (PP), o debate e o trabalho em prol desse público-alvo devem ser contínuos.
“A ideia é conhecer a realidade e saber o que precisa ser feito para avançar. É ter compreensão, por meio das apresentações, e ter em mente buscar responsabilidades e empatia. Que essas pessoas se sintam incluídas e saibam que têm seus direitos”, frisou.
Durante a audiência, houve palestras de profissionais, como neurologista, psiquiatra, psicóloga e odontologista, que explanaram sobre causas geradoras das condições, abordagens técnicas, diagnósticos e tratamentos.
A neuropediatra Charlote Buffi Bríglia, que abordou em sua apresentação o processo gerador dessas condições até a necessidade de estímulo precoce e o cuidado com a criança, destacou que é preciso atenção aos sinais, devido ao número de diagnósticos crescente a cada ano.
“Não são condições pontuais ou esporádicas que passam despercebidas. São questões que causam dificuldades, por exemplo, no desenvolvimento da criança, na inclusão na escola e no mercado de trabalho. Aproveitamos essa oportunidade para solicitar políticas públicas que auxiliem as famílias, especialmente, as que mais têm necessidades, para conseguir acesso ao atendimento adequado de seus filhos”, argumentou, complementando que os tratamentos existentes devem ser específicos para cada paciente.
A presidente da União de Pais e Pessoas Autistas (UPPA), Muryanne Gianluppi, ressaltou que a identificação precoce e as terapias funcionais são imprescindíveis para a formação do paciente.
“O diagnóstico aumenta o nível de aprendizagem das crianças. O tratamento faz com que elas evoluam e se tornem um adulto independente. Precisamos de capacitações para os profissionais do ramo”, afirmou.
Rhadachy Wakiyama, jornalista da ALE-RR, subiu à tribuna e classificou como necessárias audiências públicas como a desta quarta-feira, pois o tema deve ser levado mais vezes para dentro do Parlamento, devido a sua importância. Em seu discurso, ele também citou as dificuldades enfrentadas e a necessidade de inclusão.
“É de extrema importância relevar a questão do autismo, não só dele, mas de outras causas. Precisa ser muito falado também nos meios de comunicação. Na faculdade, tive alguns desafios, como professores que não deram muita atenção para mim. Mas houve outros que me apoiaram desde o início até o fim do curso. Quando vim trabalhar na Casa, fiquei muito feliz. É um orgulho estar aqui representando o público autista. Que isso sirva de inspiração para outros que virão”, declarou.
Próximos passos
Conforme Portella, o pós-audiência se resume a coletar necessidades, saber em quais situações expostas ainda há um caminho a ser percorrido, tanto na área da saúde quanto da educação e assistência social, bem como da empatia e inclusão por parte da sociedade.
“Vamos divulgar o resultado, para que as pessoas compreendam qual é o papel de cada um e a responsabilidade diante das pessoas com deficiência”, informou.
Segundo ela, a Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso fará encaminhamentos oficiais e visitas às instituições pertinentes. “Nós vamos tratar todas essas situações, buscando políticas públicas eficazes. Esse é o papel da audiência: dar retorno aos anseios da sociedade”, concluiu.
Suzanne Oliveira