Alertar e prevenir adolescentes sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher é o principal objetivo das palestras promovidas pelo Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame), da Secretaria Especial da Mulher (SEM) da ALE-RR, nas unidades de ensino de Roraima.
Nesta quinta-feira, 17, alunos do 6º ano do ensino fundamental e do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Maria das Dores Brasil, no bairro 13 de Setembro, participaram da ação educativa.
A advogada e ex-delegada da Polícia Civil, Catherine Saraiva, apresentou os principais pontos da Lei Maria da Penha, abordando os diferentes tipos de violência, para que as meninas possam identificá-los em um relacionamento e os meninos saibam evitar esse tipo de comportamento.
“Nós falamos sobre a Lei Maria da Penha, a forma como ela protege a mulher vítima e as formas de agressão previstas na norma, como identificá-las e os sinais de violência presentes nos relacionamentos”, explicou a advogada.
Durante a palestra, foi apresentado o ‘violentômetro’, um gráfico que mede os graus de agressividade em uma relação, desde a chantagem emocional até o feminicídio. A psicóloga do Chame, Marcilene Melo, destacou a importância de ações contínuas nas escolas para prevenir a violência de gênero.
“Infelizmente, a violência tem se intensificado em nossa cidade. Esse trabalho de prevenção com adolescentes é essencial, pois muitos já estão começando relacionamentos. Os rapazes precisam aprender a tratar bem as moças, e elas precisam identificar os primeiros sinais de abuso”, afirmou.
O psicólogo Jadiel Ribeiro, do Centro Reflexivo Reconstruir, que atua na ressocialização de ex-agressores, falou sobre os fatores que contribuem para que homens cometam violência doméstica, muitas vezes reproduzidos de geração em geração. Segundo ele, é necessário romper esse ciclo.
A estudante do 6º ano, Chaynna Sofia Oliveira, de 12 anos, contou que já tinha visto vídeos sobre o tema nas redes sociais, mas nem sempre deu a devida atenção. Após a palestra, ela compreendeu a importância de estar alerta. “Aprendi que a violência não é só física ou verbal, existem vários tipos, como a sexual e a psicológica”, ressaltou.
A Escola Maria das Dores Brasil está localizada em uma área da capital com grande fluxo de migrantes venezuelanos. A coordenadora pedagógica, Quênia Torquato, afirmou que muitos alunos migrantes relatam traumas vividos, o que reforça a importância de ações como essa.
“Nesse contexto migratório, muitas crianças e adolescentes vivem em condições precárias nos abrigos, onde não têm diversão e enfrentam convivência difícil com várias famílias. Na escola, eles acabam expondo os traumas, e frequentemente vemos alunos chorando ou amedrontados”, disse a coordenadora.
Além das escolas, outras instituições podem solicitar palestras do Chame por meio do ZapChame, pelo número (95) 98402-0502, ou presencialmente. O programa e o Núcleo Reconstruir funcionam na sede da SEM, na Avenida Santos Dumont, 1470, bairro Aparecida, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. Em Rorainópolis, o serviço está disponível na Avenida Dra. Yandara, 3058, Centro, no mesmo horário.