Mormaço Cultural: Trio Roraimeira encerra festival com show histórico de 40 anos de carreira no Teatro Municipal

A apresentação ocorreu na sala Roraimeira, que leva o nome do trio, com participações de filhos e artistas que dão continuidade ao movimento. – Fotos: Semuc/PMBV

O Teatro Municipal de Boa Vista foi palco de uma celebração inesquecível, marcando o encerramento do Mormaço Cultural 2024. O Trio Roraimeira, formado pelos ícones Eliakin Rufino, Neuber Uchôa e Zeca Preto, emocionou o público neste domingo, 8, com o show de comemoração aos 40 anos do movimento, destacando a força das raízes roraimenses e a originalidade de uma música que ecoa a essência e a alma da região amazônica.

A apresentação ocorreu na “Sala Roraimeira”, que leva o nome do trio. O público compareceu em peso para prestigiar o espetáculo que revisitou clássicos da trajetória do grupo, marcada pela fusão única de ritmos amazônicos e a valorização da identidade roraimense. Ao longo do show, os artistas apresentaram sucessos como “Roraimeira” e “Cruviana”, além de novas composições que conectam passado, presente e o futuro da música regional.

Filhos e artistas convidados celebram 40 anos do trio

Participações especiais de filhos dos integrantes — como Odara Rufino, Tauã Uchôa e Miro Garcia, filhos de Eliakin, Neuber e Zeca, respectivamente, trouxeram momentos emocionantes e demonstraram a continuidade do legado cultural de Roraima. Além disso, grandes nomes da música regional, como Euterpe, Hallisson Crystian, Leka Denz, Kell Silva e Nathana Lindey (dançarina), abrilhantaram ainda mais o espetáculo.

“É compensador saber que valeu a pena chegar aqui e ser homenageado pela prefeitura da nossa. Criar filhos, educá-los para eles continuarem o trabalho e ver que dali também floresceram outras cabeças, né? Outros pensamentos. Tivemos muitos artistas incríveis que participam com a gente dessa noite. Euterpe, que é uma cria do movimento Roraimera, os filhos da gente. Halisson Crystian, que é o maior intérprete da nossa música; Kell Silva. Então, é sensacional estar vivento tudo isso”, destacou Neuber Uchôa.

Eliakin Rufino reforçou a continuidade do movimento com as novas gerações. “Eu creio que o Roraimera, nesses 40 anos, ajudou e tem ajudado a construir uma fisionomia cultural para o nosso povo. Nós estamos ininterruptamente trabalhando esse tempo todo. É por isso que vem também esse reconhecimento público da nossa obra. Esse show Roraimera reúne os filhos e convidados mais jovens que dão continuidade ao nosso trabalho”, contou.

Zeca Preto foi um dos principais precursores. Sua composição, intitulada “Roraimeira”, deu nome ao movimento. “Estar aqui hoje tem muita representatividade. Temos certeza de que, com a nossa música, colocamos no coração de cada roraimense esse amor por essa terra. Nossa ideia sempre foi enaltecer a beleza de Roraima”, explicou.

O show em comemoração aos 40 anos de trajetória do grupo também será apresentado no Teatro Amazonas, em Manaus, no próximo domingo, 15. Foi lá que o trio se apresentou pela primeira vez, em agosto de 1984. Vale destacar que também se apresentaram na inauguração do Teatro Municipal de Boa Vista, em dezembro de 2017.

Orgulho da nossa terra

Larissa Assen, auxiliar de saúde fui curtir o show com a filha e os amigos. Ela é de Manaus, mas veio para Roraima ainda bebê e tem lindas recordações da época em que o trio tocava em barzinhos da cidade.

“Na adolescência, ia com meus amigos para barzinhos prestigiar o trio. O que me cativa neles é esse amor pela nossa terra. Eles trazem isso nas músicas e dá muito orgulho na gente. Não podia ter maneira melhor de encerrar esse festival que, sem dúvida, fez a diferença para Roraima. Não deixou nada a desejar em relação a outros festivais”, contou.

“É um movimento muito potente”

Teve também quem conheceu recentemente o som do trio. A jornalista Raquel Gomes é de Porto Alegre e visita Boa Vista pela primeira vez. Para ela, foi uma oportunidade única de conhecer um pouco mais da cultura roraimense, por meio da música.

“Uns amigos meus me mostraram o trabalho do trio e eu fiquei apaixonada. É um movimento muito forte, muito potente, e que bom que ele deixe as suas sementes para as gerações mais novas e para quem vem de fora. A gente precisa de movimentos como esse em todo o Brasil, nas regiões. Muitas vezes a gente sempre tem um olhar para o Centro-Sul do país. Temos inúmeros brasileiros dentro de um Brasil, então eu estou muito feliz, muito surpresa e super honrada, porque amanhã eu estou indo embora. Estou fechando com ‘chave de ouro’ a minha passagem por aqui!”, disse.

Trio Roraimeira

Criado em julho de 1984, o Trio Roraimeira se tornou um ícone da cultura roraimense, impulsionado pelos talentos de Zeca Preto, Eliakin Rufino e Neuber Uchôa. O movimento artístico transformou as expressões culturais de Roraima em uma forma de arte vibrante e autêntica.

Com quatro álbuns lançados e apresentações que alcançaram o Brasil e a Europa, o trio consolidou sua posição como um dos maiores representantes culturais do estado. O trabalho do trio vai além da música, expandindo-se para outras linguagens da arte, como as artes visuais, dança e fotografia, sempre com a missão de enaltecer a identidade roraimense.

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