Números alarmantes: gestação precoce ameaça futuro de meninas em Roraima, alerta ALE-RR

Estado ultrapassa meta da ONU em mais de 4 vezes e lidera ranking, com mais de 2,6 mil adolescentes grávidas; Comissão da Saúde articula resposta à crise silenciosa. – Fotos: Eduardo Andrade | SupCom/ALE-RR

O presidente da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), o deputado Dr. Claudio Cirurgião (União) se reuniu nesta sexta-feira, 6, com profissionais da área da saúde para discutir e traçar estratégias voltadas à redução dos altos índices de gravidez na adolescência no estado. De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), Roraima está entre os estados com maior número de casos.

O parlamentar reforçou a urgência de mudar essa realidade. Ele é autor de um projeto de lei que propõe políticas públicas de prevenção à gravidez precoce. O texto ainda está em construção e aberto à colaboração de entidades da área, que podem sugerir alterações.

‘A gestação precoce promove um maior risco de morte materna, doenças relacionadas à gestação e impossibilita essa jovem de ter um futuro’, destacou o deputado Dr. Cláudio Cirurgião.

“A gestação precoce aumenta os riscos de morte materna, de doenças como diabetes e pré-eclâmpsia e compromete o futuro das adolescentes, impedindo que estudem ou ingressem no mercado de trabalho. Essa realidade precisa mudar”, afirmou.

Caminhos para a mudança

Durante a reunião, foram apresentadas propostas implementadas com sucesso em outros estados e países. A intenção é que as ideias debatidas sejam incorporadas ao orçamento estadual por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026.

“Ouvimos todas as demandas para, com base nelas, construir o orçamento do próximo ano. A meta é reduzir ao máximo os casos de gravidez na adolescência, que somaram mais de 2,6 mil registros nos últimos anos em Roraima”, frisou o deputado.

A médica ginecologista Luciana Arcoverde ressaltou que a mortalidade materna infantojuvenil se assemelha às mortes ocorridas na África subsaariana.

Realidade alarmante

A reunião foi provocada pela médica ginecologista e obstetra Luciana Arcoverde, professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Ela alertou para o fato de que a mortalidade materna infantojuvenil no estado se aproxima da registrada na África Subsaariana – região do continente africano composta por 47 países, com altos índices de mortalidade infantil, analfabetismo e baixa expectativa de vida.

Segundo a especialista, uma em cada quatro adolescentes com menos de 14 anos está entre os casos.

“Precisamos de uma força-tarefa para revisar as políticas de contracepção voltadas a adolescentes. O acesso à saúde reprodutiva e sexual deve ser ampliado, com foco na prevenção da gravidez não planejada e da mortalidade evitável”, afirmou.

‘Tenho certeza de que, em breve, Roraima não figurará mais com os piores indicadores do país’, disse a dra. ginecologista de Rondônia, Ida Peréa Monteiro.

Durante o encontro, a médica ginecologista Ida Peréa Monteiro, de Rondônia, apresentou um estudo sobre os impactos da gravidez precoce e possíveis soluções, como o uso de contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs), entre eles o DIU de cobre e o Implanon, que têm eficácia entre três e dez anos, sem necessidade de uso diário.

“A reunião foi extremamente produtiva. Saímos com encaminhamentos importantes, e acredito que em breve Roraima deixará de liderar os piores indicadores do país. A iniciativa do deputado Dr. Cláudio foi essencial para mobilizar diferentes setores”, destacou a médica.

Ela lembrou ainda que tanto a gravidez precoce quanto a mortalidade materna são indicadores incluídos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para 2030.

Reunião traçou estratégias de desenvolvimento de políticas públicas que ajudem a diminuir índices preocupantes de gestação na adolescência em RR.

“A meta do Brasil é reduzir a mortalidade materna para menos de 30 a cada 100 mil nascidos vivos. Roraima está em 140, mais de quatro vezes esse limite. A gravidez na adolescência também é um indicador de qualidade da assistência, por isso sua redução é fundamental”, finalizou.

A Comissão de Saúde e Saneamento é composta ainda pelos deputados Neto Loureiro (PMB) – vice-presidente; Marcelo Cabral (Cidadania), Marcinho Belota (PRTB), Dr. Meton (MDB), Gabriel Picanço (Republicanos) e Renato Silva (Podemos).

Suzanne Oliveira

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