
O Centro Reflexivo Reconstruir, que funciona na Secretaria Especial da Mulher (SEM), iniciativa da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR), completa nesta segunda-feira, 22, nove anos de trabalho voltado à reeducação de autores de violência contra a mulher. A iniciativa contribui para a prevenção da reincidência e para a promoção de relações baseadas no respeito, no diálogo e na responsabilidade.
Criado com foco na mudança de comportamento, o centro desenvolve atividades educativas, reflexivas e de acompanhamento psicológico e social, direcionadas a homens encaminhados pelo sistema de Justiça. A proposta é estimular a compreensão dos impactos da violência, o cumprimento das medidas legais e a construção de novas formas de convivência, alinhadas aos princípios da Lei Maria da Penha.

Para o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), ao longo desses nove anos o Centro Reflexivo Reconstruir consolidou-se como uma política pública pioneira em Roraima, atuando de forma integrada com o Judiciário e demais órgãos que compõem a rede de proteção à mulher. “O enfrentamento à violência doméstica exige ações que vão além da punição, envolvendo educação, conscientização e mudança cultural”, ressaltou.
A atuação do centro representa um avanço na prevenção ao intervir diretamente na origem do problema, promovendo reflexões sobre masculinidades, controle emocional, igualdade de gênero e resolução pacífica de conflitos. Esses eixos são trabalhados em encontros periódicos conduzidos por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais das áreas de psicologia, serviço social e direito.

As rodas de conversa, palestras e sessões orientativas fazem parte das penas alternativas impostas pela sentença. A secretária Especial da Mulher, deputada Joilma Teodora (Podemos), avalia que os relatos de quem passou pelo grupo revelam que o trabalho tem sido promissor.
“As nossas equipes são capacitadas para atender todas as pessoas que precisam de um suporte emocional, psicológico, jurídico e de assistência social. Hoje, nossa rede de apoio acolhe as mulheres vítimas das mais diversas violências, e com a parceria com a Justiça estende esse atendimento para os homens que foram condenados, pois entendemos que o combate à violência também passa por essa perspectiva”, enfatizou a deputada.
Segundo o psicólogo Jadiel Ribeiro, anualmente o programa recebe, em média, entre 90 e 100 homens encaminhados pelo sistema de Justiça.

“Neste ano, estamos encerrando com 94 participantes. Eles cumprem penas alternativas com duração que varia entre seis meses e um ano, conforme determinação judicial. Existe um termo de cooperação entre o centro e o Tribunal de Justiça que viabiliza esses encaminhamentos. Em nove anos de atuação, registramos apenas um caso de reincidência, o que demonstra a efetividade do trabalho”, explicou.
Ainda de acordo com o psicólogo, os resultados são percebidos de forma significativa na vida pessoal e nos relacionamentos dos participantes. “Observamos uma transformação real na maneira como esses homens passam a lidar com conflitos, emoções e responsabilidades”, acrescentou.
Um dos participantes do programa relatou que a experiência proporcionou uma nova perspectiva de vida. “Desde pequeno, aprendemos a esconder sentimentos e frustrações. No meu caso, houve um episódio com uma ex-companheira que chegou a um limite. O projeto me ajudou a enxergar tudo de outra forma. Hoje sou casado novamente e jamais agredi minha esposa, nem verbalmente, porque é assim que tudo começa. O acompanhamento psicológico tem sido fundamental e melhorou minha vida de forma significativa. Hoje enfrento meus problemas com esporte e terapia”, relatou.

Atualmente, o Centro Reflexivo Reconstruir oferece 48 encontros ao longo do ano, realizados às segundas e terças-feiras, nos períodos matutino e vespertino. A quantidade de reuniões que cada participante deve cumprir é definida judicialmente, conforme a pena alternativa aplicada.
Cada encontro aborda uma temática específica. A metodologia de trabalho contempla aspectos jurídicos, como a Lei Maria da Penha e os tipos de violência; questões sociais relacionadas à construção de comportamentos violentos; e abordagens psicológicas voltadas à desconstrução de pensamentos agressivos e machistas. Também são trabalhados temas como transtornos de personalidade, tipologias de violência, paternidade, uso de substâncias e responsabilidades legais.
Embora as reuniões se iniciem como uma obrigação legal, ao longo do processo elas se transformam em uma oportunidade de ressignificação de atitudes e reconstrução de vínculos familiares. O centro frequentemente recebe feedbacks positivos, inclusive de familiares, que demonstram interesse em conhecer as temáticas abordadas durante os encontros.
Como participar
O grupo é aberto, e interessados em participar podem se dirigir à sede da Secretaria Especial da Mulher, localizada na avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida, em Boa Vista. Mais informações também podem ser obtidas pelo WhatsApp (95) 98402-0502 ou pelo e-mail [email protected].

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