Restaurativo Elas: projeto do TJRR apoia mulheres que foram vítimas de violência doméstica e familiar

As sessões são realizadas na casa da Mulher Brasileira. – Fotos: Nucri | TJRR

A violência doméstica deixa marcas profundas que vão além do corpo; ela atinge a autoestima, os laços familiares e a dignidade das vítimas. Em Roraima, um projeto tem ajudado mulheres a reconstruírem suas histórias e a ressignificarem suas experiências: o Grupo Restaurativo ELAS.

Criado pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça de Roraima (Cevid/TJRR), o grupo oferece um espaço seguro para que as mulheres possam compartilhar vivências, fortalecer sua autonomia e encontrar caminhos para um futuro sem violência.

Desde 2017, o Grupo ELAS faz parte do Projeto Equilíbrio, promovendo círculos restaurativos para mulheres com medidas protetivas de urgência. Desde então, já acolheu mais de 300 participantes, oferecendo um espaço de escuta, apoio e fortalecimento da autoestima, ajudando na identificação de padrões abusivos e na reconstrução da autonomia.

Durante os encontros, conduzidos com o apoio de estudantes de psicologia da Faculdade Cathedral, temas essenciais são discutidos, como dependência emocional, os impactos da violência no desenvolvimento da mulher e de seus filhos e estratégias para romper o ciclo de violência. A Justiça Restaurativa é a base metodológica do grupo, permitindo que cada mulher reconstrua sua história e encontre alternativas para superar os traumas vividos.

Segundo a psicóloga da Cevid, Fabiana Lima, os encontros proporcionam círculos de diálogos que promovam a reflexão e o fortalecimento interior das participantes.

“É uma atividade voltada para mulheres e meninas vítimas de violência doméstica, assim como para aquelas que desejam participar de grupos terapêuticos voltados ao autoconhecimento, fortalecimento da autoestima e autoanálise. O espaço também promove a troca de experiências e o acolhimento, ajudando a reduzir o sentimento de isolamento.”

A chefe do Setor de Enfrentamento à Violência Doméstica do TJRR, Aurilene Mesquita conta que muitas mulheres chegam aos encontros sem esperança, abaladas emocionalmente e descrentes em um futuro melhor. Mas, ao longo dos círculos de diálogos, começam a perceber que não estão sozinhas e que é possível retomar o controle de suas vidas.

“Nos encontros, as mulheres compartilham estratégias que encontraram para superar a violência. A cada sessão, percebemos como elas passam a enxergar suas experiências com mais força e menos dor. Isso é um sinal de que o grupo realmente tem um impacto positivo na vida de cada uma”

Durante os encontros, as participantes aprendem a ressignificar suas experiências e a enxergar um futuro sem violência. Para muitas, esse é o primeiro passo para uma vida nova, longe do medo e da insegurança, como comenta a psicóloga Fabiana Lima.

“O grupo é um espaço de acompanhamento psicológico voluntário, sem caráter obrigatório. A participação é uma escolha pessoal, baseada no desejo de autoconhecimento, autoanálise e fortalecimento da autoestima. Além de proporcionar acolhimento, o grupo auxilia na identificação de sinais de ansiedade e no desenvolvimento de estratégias para o bem-estar emocional. Participar é um passo para quem busca transformação e crescimento pessoal.” explicou Fabiana.

O Grupo Restaurativo ELAS segue sua missão de acolher, apoiar e transformar. E enquanto houver uma mulher precisando de ajuda, esse espaço continuará de portas abertas, todas as terças-feiras, às 16h, na Casa da Mulher Brasileira.

Eduardo Hales

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