Reunido em Roraima, Parlamento Amazônico cobra ações por desenvolvimento aliado à preservação

“Preservamos a Amazônia, mas faltam ações da União”, diz o presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio ao afirmar que responsabilidades recaem sobre prefeituras e governos. – Fotos: Marley Lima/ Nonato Sousa/ Eduardo Andrade | SupCom/ALE-RR

O Parlamento Amazônico realizou nesta quinta-feira, 12, no plenário Deputada Noêmia Bastos Amazonas da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), sua segunda reunião de 2025. O colegiado reúne representantes da região para debater temas urgentes relacionados à Amazônia, com foco na busca por soluções conjuntas entre os estados.

A mesa do encontro foi composta pelo presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos); pelo presidente do Parlamento Amazônico, deputado Laerte Gomes (PSD-RO); pela secretária-geral do colegiado, deputada Edna Auzier (PSD-AP); e pelo primeiro-secretário, deputado Afonso Fernandes (Solidariedade). Também participaram secretários de Estado, parlamentares das esferas estadual, municipal e federal, além de representantes consulares, de órgãos de controle e do setor privado. A reunião foi transmitida pelo canal da ALE-RR no YouTube.

Presidente do Legislativo roraimense, deputado Soldado Sampaio.

Soldado Sampaio destacou a relevância da região amazônica, que abriga quase 30 milhões de pessoas, a maior floresta tropical e a maior reserva de água doce subterrânea do mundo. Segundo ele, embora exista pressão internacional pela preservação ambiental, faltam contrapartidas práticas por parte do Governo Federal.

“Somos cobrados a preservar, mas não recebemos projetos de compensação. Há muito discurso e pouca ação. Já fazemos a nossa parte, e o Parlamento Amazônico existe para cobrar iniciativas efetivas da União”, declarou.

O parlamentar também ressaltou a necessidade de respeitar os povos tradicionais e implantar políticas públicas de preservação, afirmando que a omissão do Governo Federal transfere responsabilidades para estados e municípios. “Conhecemos a Amazônia e sabemos cuidar dela. Precisamos de políticas voltadas para o meio ambiente e para o bem-estar dos nossos povos tradicionais”, completou.

Ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo enviou um vídeo ao Parlamento Amazônico.

Desenvolvimento com justiça social

Em vídeo enviado ao colegiado, o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo mencionou a COP30 — Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas — que será realizada em Belém (PA), em novembro. Para ele, o evento representa uma oportunidade de discutir soluções que aliem proteção ambiental e desenvolvimento econômico.

“A Amazônia não pode continuar sendo a região com os piores indicadores sociais do país, mesmo tendo os maiores recursos naturais. É preciso garantir qualidade de vida e dignidade à população”, defendeu.

Laerte Gomes é presidente do Parlamento Amazônico.

O presidente do Parlamento Amazônico, Laerte Gomes, apontou que os desafios enfrentados pelos estados amazônicos são semelhantes, e que muitas soluções dependem do Governo Federal. Ele defendeu alinhamento entre bancadas estaduais e federais para pressionar por mudanças concretas.

“Precisamos discutir os embargos ambientais. Sem produção, não há arrecadação. E é com essa arrecadação que as cidades funcionam. O povo quer qualidade de vida, quer produzir, e nossa vocação é a agropecuária”, disse.

Deputada pelo Amapá Edna Auzier.

A deputada Edna Auzier (PSD-AP) reforçou que é preciso unir esforços para construir uma pauta comum. “Precisamos estar preparados para debater soluções na COP30. Devemos focar em prioridades e trabalhar gradualmente para resolver os problemas”, pontuou.

O conselheiro Brito Bezerra, presidente do Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR), disse que o atual cenário exige sensibilidade social, firmeza técnica e compromisso ético e defendeu que a pauta ambiental deve ir além da preservação e se voltar para a sustentabilidade.

Presidente do TCE-RR, conselheiro Brito Bezerra.

“Preservar é deixar intacto, e não é isso que queremos. Precisamos explorar com responsabilidade, garantindo qualidade de vida à população”, afirmou.

União e representatividade

O deputado Gabriel Picanço (Republicanos), secretário-geral da Diretoria Executiva da Unale (União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais), defendeu maior articulação entre os parlamentares da Amazônia. Ele citou problemas de infraestrutura, como o trecho íngreme da BR-174, na reserva Waimiri-Atroari, onde caminhões têm tombado com frequência.

Deputado Gabriel Picanço pediu obra em trecho da BR-174.

“Não há decreto ou portaria que permita o fechamento da BR-174. Precisamos de uma ação urgente do Ministério dos Transportes para rebaixar o trecho”, cobrou.

O deputado Afonso Fernandes (Solidariedade), primeiro-secretário do Parlamento Amazônico lamentou a ausência das bancadas federais nas discussões do Parlamento Amazônico. “Somos um terço do país, mas ainda não usamos essa força. Falta união”, declarou.

Primeiro-secretário do Parlamento Amazônico, Afonso Fernandes.

A deputada Aurelina Medeiros (Progressistas) também criticou a baixa participação dos estados e a confusão entre conceitos.

“Sustentabilidade e preservação são termos que andam juntos. Precisamos mais do que discursos, precisamos de ação e compromisso”, opinou.

Deputada Aurelina Medeiros disse que Governo Federal pratica descaso.

Renato Silva (Podemos) defendeu ações concretas para resolver problemas como trafegabilidade, energia, garimpo e migração.

“Se as bancadas pressionarem unidas, seremos ouvidos. Mas até agora, só ouvi discursos”, lamentou.

Deputado Renato Silva também pediu medidas mais eficazes.

O deputado Marcelo Cabral (Cidadania) também cobrou união das assembleias legislativas.

“Roraima não tem peso em Brasília porque falta articulação. Precisamos de produção, regularização fundiária e infraestrutura”, afirmou.

Deputado Marcelo Cabral cobrou união entre deputados.

O deputado Coronel Chagas (PRTB) propôs que o Parlamento Amazônico estabeleça metas objetivas e organize encontros em Brasília com foco em demandas prioritárias.

“Vamos apresentar dois problemas de cada vez. Resolvidos esses, passamos aos próximos”, sugeriu.

Deputado Coronel Chagas ressaltou que os encontros do colegiado são oportunidades para buscar soluções.

Adolescência e vulnerabilidade

O deputado Dr. Cláudio Cirurgião (União), presidente da Comissão de Saúde da ALE-RR, defendeu que o tema da gravidez precoce seja incluído na pauta do colegiado. Segundo ele, em 2023, 2,6 mil meninas entre 10 e 14 anos engravidaram no Brasil.

“Essas meninas estão condenadas à morte social e psicológica. Precisamos de políticas públicas que deem suporte a elas, e o Parlamento Amazônico pode abrir esse debate”, afirmou.

Dr. Claudio Cirurgião alertou para gravidez na adolescência.

Sobre o Parlamento Amazônico

O Parlamento Amazônico é um colegiado que reúne os 251 deputados estaduais dos nove estados da Amazônia Legal: Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão, Acre e Pará. O objetivo é articular soluções conjuntas para os desafios socioeconômicos e ambientais da região.

Integram o colegiado os deputados Armando Neto (PL), Dr. Claudio Cirurgião e Lucas Souza (PL), que ocupam, respectivamente, os cargos de 2º secretário, conselheiro fiscal e secretário de Direitos Humanos.

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Josué Ferreira

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