Se precisar, peça ajuda!: Leis aprovadas na ALE-RR reforçam importância da valorização da vida

Dia Mundial de Prevenção é celebrado nesta terça-feira; tema da campanha deste ano é “Se precisar, peça ajuda!”. – Fotos: Alfredo Maia / Marley Lima / Eduardo Andrade / Suzanne Oliveira | SupCom/ALE-RR

Nesta terça-feira, 10, celebra-se o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, um reforço à campanha “Setembro Amarelo”, cujo tema de 2024 é “Se precisar, peça ajuda!”. Nesse período, se intensifica a importância dos cuidados com a saúde mental, mas a conscientização sobre a necessidade de prevenção ocorre durante todo o ano.

O parlamento roraimense aderiu à campanha em 2021, quando incluiu no calendário do Estado a iniciativa que tem como um dos objetivos alertar, sensibilizar e promover o debate sobre o suicídio e as suas possíveis causas, por meio da Lei n⁰ 1.542, do ex-deputado Evangelista Siqueira. No entanto, o Poder Legislativo aborda a temática desde 2016, após a Lei 1.065 criar a Semana Estadual de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio, também de autoria do ex-parlamentar.

Presidente da ALE-RR, Soldado Sampaio.

O presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Soldado Sampaio (Republicanos), destacou que Roraima está inserido nas estatísticas, e é preciso enfrentar essa realidade de “mãos dadas com a sociedade”.

“Quero conclamar a todos que possam, de alguma forma, se envolver [na campanha], e a melhor maneira é essa: participar na sua casa, seu bairro, sua igreja ou no seio da sua família. É muito importante que estejamos atentos ao comportamento dos nossos filhos, amigos e até idosos”, alertou Sampaio.

Qualidade de vida do servidor

Além das leis de alerta e prevenção, a Assembleia Legislativa tem trabalhado em outra vertente, como forma de investir na qualidade de vida do servidor e diminuir os riscos de doenças ocupacionais, com a criação do Núcleo de Saúde. Há mais de três anos, o setor disponibiliza aos colaboradores do órgão serviços de atendimento ambulatorial e emergencial, nutrição e psicologia. Com relação a este último, de janeiro a julho deste ano, foram realizados 703 atendimentos.

Atualmente, o núcleo conta com três psicólogas que atendem de forma presencial e on-line. As sessões ocorrem uma vez por semana, de forma breve (número limitado) e focal, funcionando como unidade direcional, e não uma terapia como as disponibilizadas em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e clínicas particulares, como explica a psicóloga, Arieche Lima.

“É um atendimento inicialmente voltado para acolher e orientar o servidor. Em casos específicos, nós vamos atender com um período e foco limitados. Quando percebemos que há uma demanda de maior complexidade, aí a pessoa é direcionada para os serviços adequados”, ressalta.

O núcleo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, em dois locais: na sede do Poder Legislativo, com serviço ambulatorial e emergencial, e na Avenida Ville Roy, 5717, São Francisco, com atendimentos de nutrição e psicologia, disponibilizado, ainda, de forma remota, que pode ser marcado pelo número (95) 98402-4653.

Superintendente de Comunicação, Sônia Lúcia Nunes.

Informação pode salvar vidas

Para apoiar e estimular o autocuidado, a Superintendência de Comunicação da Casa, por meio da programação da Rádio (FM 98,3), TV Assembleia (57.3) e redes sociais (@assembleiarr), aborda constantemente o tema considerado ainda por muitos um tabu.

Todas as segundas-feiras, no programa Parlamento de Ponta a Ponta, da Rádio Assembleia, o ouvinte tem um encontro marcado com psicólogos que, de forma simples e humanizada, debatem o assunto. Além disso, anualmente, a emissora produz documentários e conteúdos de prevenção e combate a temas que podem causar depressão, como violência doméstica, por exemplo.

“São coisas do dia a dia, que parecem ser simples, mas, na verdade, não são. Às vezes, é em uma conversa que a gente consegue passar uma mensagem positiva e até tirar uma dúvida do próprio seguidor da Assembleia na rede social. A nossa programação vem abordando, por exemplo, temas como a violência doméstica, que está muito atrelada a quadros de depressão e ansiedade. A gente busca reunir tudo isso, sempre levando o foco de que viver vale a pena, e de que se você está passando por situações como essa, pode pedir ajuda”, frisou a superintendente de Comunicação, Sonia Lucia Nunes.

As redes sociais do parlamento dão destaque às diversas campanhas mensais que evidenciam os direitos do cidadão. A nova ação institucional intensifica a importância de um abraço como forma de acolher alguém que precisa. O vídeo será transmitido ao longo da programação da TV, assim como no Instagram e YouTube.

Psicóloga Arieche Lima.

Se precisar, peça ajuda!

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio. Mais da metade desses casos ocorre em países de baixa e média renda. No Brasil, são cerca de 14 mil, o que significa uma média de 38 pessoas que tiram a própria vida por dia. O público atingido são os jovens de 15 a 29 anos de idade, sendo a quarta maior causa de mortes nessa faixa etária.

As razões que podem levar um indivíduo a cometer suicídio estão ligadas a vários fatores, como emocionais, socioculturais e ambientais. Na maioria das vezes, são pessoas que sofrem de ansiedade, depressão, que tiveram algum tipo de trauma ou que recorrem às drogas e ao álcool. Conforme a psicóloga Arieche Lima, em cerca de 90% das situações em que uma pessoa com quadro mais grave é atendida, há um adoecimento associado e, por esse motivo, é necessário garantir a prevenção e a promoção da saúde.

“Essa prevenção pode se dar nos diversos espaços que nós habitamos, como em colégios, no ambiente de trabalho e, ainda, na nossa vida particular. Você costuma ir ao dentista, a um clínico geral fazer exames de rotina, então você também pode ir a um profissional de saúde mental para se orientar, não necessariamente para tratar uma doença, porque a nossa ideia é vir antes, para nortear sobre condições adequadas de saúde, relacionamentos que são positivos ou negativos na vida da pessoa, entre outros”, salientou.

Reconhecer os sinais de alerta a sua volta, também é um fator determinante. A psicóloga detalha ainda que, mesmo que você ou alguém que conheça não esteja pensando em suicídio ou qualquer pensamento mais extremo a respeito da sua vida, é preciso falar a respeito de cuidados.

“Esses cuidados não giram só em torno de você frequentar um hospital ou um médico, mas de ter qualidade em suas relações e na sua vida pessoal. É pensar, por exemplo: qual é o ciclo de amizade que eu estou nutrindo? como são essas pessoas? que trabalho é esse que eu estou fazendo? Às vezes, não temos escolhas, porém, podemos construir projetos. Muitas vezes, lugares, pessoas ou relações nos dão a sensação de não sermos humanos, de sermos, às vezes, objeto, de não ter vida, e isso acaba favorecendo o surgimento de uma doença. O que fazer nesses casos é procurar um profissional de saúde mental, para obter orientações especializadas e para que haja essa escuta a respeito dos motivos do sofrimento, pois essa pessoa precisa de uma rede de apoio. A família quer ter essa responsabilidade, mas, também, precisa de suporte”, frisou.

Conheça as leis que estão ligadas a fatores de risco

424/2004 – cria o comitê antidrogas em todas as unidades educacionais de ensino médio e fundamental de Roraima;

439/2004 – torna obrigatória a exibição de filme publicitário esclarecendo as consequências do uso de drogas, antes das sessões principais, em todos os cinemas de Roraima;

637/2008 – autoriza o governo do Estado a criar o Programa de Assistência Psicológica a Crianças e Adolescentes nas escolas estaduais;

940/2013 – dispõe sobre a instituição do Programa de Atendimento Psicopedagógico e Social no Sistema Estadual de Ensino Público;

996/2015 – institui no Estado a Semana de Combate e Prevenção ao Alcoolismo;

1220/2017 – institui o Janeiro Branco, dedicado a ações educativas para a difusão da saúde mental em Roraima;

1324/2019 – cria a Política de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Depressão nas Redes Públicas de Saúde;

1330/2019 – dispõe sobre mensagens educativas referentes ao uso indevido de álcool e drogas nas salas de cinemas, em shows, eventos culturais e esportivos voltados ao público infantojuvenil;

1364/2019 – cria a Notificação Compulsória dos Casos de Tentativa de Suicídio e/ou automutilação atendidos nos estabelecimentos públicos e privados da Rede de Saúde;

1382/2020 – estabelece mensagens educativas sobre o uso indevido de álcool e drogas em shows, eventos culturais e esportivos voltados ao público infantojuvenil, e nos respectivos ingressos;

1384/2020 – dispõe sobre a adequação do Estado ao Plano Nacional de Combate ao Suicídio, disciplinando o oferecimento de treinamentos voltados à identificação, avaliação e gerenciamento de comportamentos suicidas e violências autoprovocadas;

1441/2020 – dispõe sobre a contratação emergencial temporária de psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, na estrutura da Sesau, para oferecer atendimento às vítimas de depressão e tendências suicidas em decorrência da covid-19;

1619/2022 – estabelece o Programa de Recuperação de Dependentes Químicos no Sistema Prisional de Roraima;

1785/2023 – institui no âmbito do Estado a Semana Estadual da Conscientização sobre a Depressão;

1906/2023 – dispõe sobre a obrigatoriedade da inclusão de leitos de psiquiatria em hospitais que venham a ser construídos ou reformados, e

2027/2024 – institui o mês da Saúde Mental Materna, denominado “Maio Furta-Cor” em Roraima;

Essas e outras normas aprovadas pelo Poder Legislativo podem ser acessadas, na íntegra, no Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL), ferramenta eletrônica de tramitação fornecida gratuitamente pelo Senado Federal. Também é possível acompanhar o andamento dos projetos de lei, requerimentos, indicações e as pautas das sessões plenárias sem sair de casa, pelo site do Poder Legislativo no endereço sapl.al.rr.gov.br.

Campanha é simbolizada pelo laço amarelo.

A campanha

A data foi criada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e endossada pela OMS há mais de 20 anos, mas começou a ganhar força no Brasil em 2014, com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

A origem do movimento se iniciou após a história do jovem americano Mike Emme, de 17 anos, tornar-se pública. O adolescente cometeu suicídio em 1994, pois sofria com sérios problemas psicológicos, mas não demonstrava para seus pais e amigos que não puderam evitar sua morte.

No velório de Mike, familiares e amigos fizeram cartões decorados com fitas amarelas com a frase: “Se você precisar, peça ajuda.”. A cor foi escolhida em homenagem ao carro do rapaz, um Mustang 1968, que ele havia reformado e pintado.

Suzanne Oliveira

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