Na manhã desta sexta-feira, 29, alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Monteiro Lobato, localizada no Centro de Boa Vista, participaram de uma palestra promovida pelo Centro Humanitário de Apoio à Mulher (Chame) e pelo Núcleo Reflexivo Reconstruir, instituições vinculadas à Secretaria Especial da Mulher (SEM) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), com o objetivo de conscientizar os estudantes sobre a violência de gênero, destacando os diversos tipos de agressão previstos na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006).
A ação integra uma série de atividades realizadas semanalmente nas escolas estaduais de Boa Vista e reforça a campanha “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher”, uma iniciativa nacional criada em 2013. A campanha começou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e segue até 10 de dezembro, data que marca a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Tipos de violência
Com exemplos práticos e uma linguagem acessível, os palestrantes convidaram o público a refletir sobre a realidade vivida por muitas mulheres. A palestra destacou que a violência não se limita à agressão física, apresentando outros tipos, como a psicológica, sexual, patrimonial, moral, cibernética e política.
No segundo momento, os alunos conheceram a estrutura gratuita de apoio especializado da secretaria, que oferece atendimento presencial e remoto, de forma multidisciplinar, com advogados, psicólogos e assistentes sociais. O Chame é responsável pelo acolhimento das vítimas, enquanto o Núcleo Reflexivo Reconstruir atua com os autores de violência, promovendo orientações, palestras e rodas de conversa. Além disso, o Grupo Terapêutico Flor de Lótus oferece cursos de defesa pessoal para mulheres.
Repercussão
A estudante Raquel Araújo, de 17 anos, destacou a importância de disseminar o conhecimento para ajudar as mulheres a romperem o ciclo de violência. “Infelizmente, muitas não têm para onde correr. É essencial se aprofundar no assunto, conhecer os serviços de apoio, porque viver em um ambiente de violência não é viver uma vida feliz, não é uma vida boa”, disse.
Já o aluno Paulo Souto, de 16 anos, enfatizou o impacto da dependência emocional e das chantagens feitas pelos agressores. “Aprendi que, mesmo sabendo que estão sofrendo abuso, muitas mulheres continuam acreditando que seus parceiros podem mudar. Isso as impede de se libertarem”, ressaltou.
O contexto de violência, segundo a psicóloga da escola, Isolete Sobrinho, é uma realidade comum nos lares de muitos estudantes, o que torna ainda mais relevante a parceria institucional com a Secretaria Especial da Mulher.
“Essas ações são de extrema importância, porque aqui temos casos de violência, inclusive em níveis extremos, especialmente a violência psicológica, que afeta significativamente nossos alunos. É triste ver famílias tão desestruturadas e carentes. Por isso, parabenizo a equipe por esse trabalho tão necessário, por estarem aqui nos ajudando nessa luta”, enfatizou.
Expansão
A diretora do Chame, Hannah Monteiro, informou que as ações educativas serão ampliadas no próximo ano, incluindo turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Estamos nos organizando para isso, garantindo que mais estudantes tenham acesso às nossas palestras e orientações”, adiantou.
Ela também ressaltou a importância de reconhecer os sinais de violência e buscar o suporte oferecido pela rede de proteção à mulher. “Nunca é tarde para buscar ajuda. No Chame, nossa equipe está sempre pronta para acolher, orientar e atender as mulheres que precisam de apoio. É fundamental que todos estejam atentos aos sinais de violência e saibam onde buscar ajuda”, concluiu.
Sobre a SEM
A Secretaria Especial da Mulher (SEM-ALE-RR) tem como objetivo promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.
Uma das suas missões é incentivar mulheres a romperem ciclos de violência e outras violações de direitos, oferecendo atendimento multidisciplinar (psicológico, social, jurídico, orientação e informação).
Atendimento Presencial:
Boa Vista: Avenida Santos Dumont, nº 1470, bairro Aparecida. Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h (sem intervalo para o almoço).
Rorainópolis: Núcleo da Secretaria Especial da Mulher, Avenida Dra. Yandara, nº 3.058, no Centro. O atendimento multidisciplinar funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
Atendimento Remoto:
ZapChame: Por meio do número (95) 98402-0502, qualquer pessoa pode denunciar ou pedir ajuda. O informante não precisa se identificar, e a mensagem é mantida em sigilo absoluto. Técnicas do Chame orientam de acordo com as demandas. Os atendimentos ocorrem 24 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados.