O policial civil Kedson Lira sempre soube do histórico familiar de problemas cardíacos, mas foi somente aos 35 anos de idade que descobriu uma grave doença genética no coração. A partir disso, ele começou o tratamento médico com remédios, porém, em alguns meses, a medicação não surtiu mais efeito. O transplante do órgão era a única via para a manutenção da vida.
“Fui transferido para São Paulo à noite e na manhã do dia seguinte já me internaram. Cheguei perdendo muito peso, e dali em diante foi só hospital, fui para a UTI e chegou um momento em que o único caminho era o transplante. Graças a Deus, a gente teve o sim de uma família e estou aqui para contar essa história”, disse o policial sobre a doação de coração que garantiu a própria vida.
Graciele Mangabeira é a esposa de Kedson. Hoje, ela comemora a saúde do marido e ressalta como um simples ato de solidariedade pode mudar outras vidas. “É muito difícil ver uma pessoa que você ama sofrendo tanto. Por isso, é lindo ver meu marido todos os dias com saúde. Quando eu o vejo treinando, cuidando dos nossos bichos, vivendo, é a melhor coisa que eu poderia ter”, revelou emocionada.
Neste mês, Roraima celebra exemplos de solidariedade como esse recebido por Lira. É o Setembro Verde, período dedicado ao esclarecimento da sociedade sobre a importância do transplante de órgãos. A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), por meio da Lei n°1376 de 2020, instituiu uma campanha permanente para esclarecer e incentivar a doação no Estado.
O intuito é estimular propagandas e atividades educativas nos meios de comunicação em geral, na rede pública de ensino, bem como nas unidades de saúde e demais instituições de Roraima. O ponto alto da campanha ocorre no dia 27, quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos.
Márcia Cristina Alencar, enfermeira da Central Estadual de Transplante, informa que o primeiro passo é avisar a família sobre o desejo de doar.
“O doador é aquele que a família autoriza a doação de órgãos ou tecidos. É necessário aproveitar aquelas conversas íntimas, as rodas de conversa nos fins de semana e avisar para os familiares que quer ser um doador”, afirma Alencar.
De acordo com a enfermeira, um indivíduo pode salvar mais de um paciente. “Uma pessoa pode doar córneas, rins, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, ossos, pele, articulações, coração ou válvulas. Então, pode salvar sete, além de proporcionar melhor qualidade de vida a outros enfermos”, conclui.
Anderson Caldas