
Colheita da soja em Roraima: oportunidades e empreendedorismo que transformam territórios
Roraima é uma terra fértil, não apenas pelo solo, mas pelo enorme potencial econômico que a produção agrícola, especialmente a soja, tem revelado. De norte a sul, do centro às fronteiras, a soja vem se consolidando como um dos maiores motores da economia local, gerando oportunidades que vão muito além da lavoura — conectando produtores, empreendedores, comunidades e instituições em uma rede que fortalece o desenvolvimento dos municípios.
O governo do estado celebrou a abertura oficial da colheita da soja 2025 na fazenda Ouro Verde, município de Alto Alegre, com a expectativa de alcançar uma produção de 500 mil toneladas em mais de 132 mil hectares cultivados — um marco para Roraima. Esse crescimento reforça a consolidação do setor como fundamental para a economia local. De acordo com dados publicados, a safra deste ano deve movimentar mais de R$ 900 milhões. (Fonte: Portal Amazônbia)
Esses números refletem não só a capacidade produtiva, mas também a eficiência, a gestão, as tecnologias e a inovação que têm permitido que o agronegócio seja uma verdadeira alavanca para o crescimento regional.
Da produção no campo a negócios transversais
Visitar a colheita da soja no dia de campo me fez refletir sobre como o agronegócio movimenta toda uma cadeia produtiva rica em possibilidades. Desde a aquisição de insumos agrícolas até o processamento, distribuição, comercialização e consumo final, sustentabilidade e inovação, cada etapa representa uma porta aberta para negócios, geração de emprego e renda.

Além das etapas específicas, há oportunidades de negócios transversais que atravessam toda a cadeia produtiva e podem ser exploradas para ampliar ainda mais os ganhos econômicos e sociais:
• Armazenagem e logística: centros de distribuição regionais, transporte especializado e integração com rotas nacionais e internacionais.
• Certificações e rastreabilidade: selos orgânicos, comércio justo e selo de origem, que agregam valor e garantem qualidade.
• Marketing e branding regional: marcas coletivas para exportação e valorização da identidade roraimense, fortalecendo a presença no mercado.
• Tecnologia e inovação: uso de drones, sensores, inteligência artificial e agricultura de precisão para aumentar a eficiência e a sustentabilidade.
• Turismo e experiências: roteiros rurais, festivais e eventos gastronômicos que promovem o turismo sustentável e geram renda.
• Educação e capacitação: treinamentos em gestão, boas práticas e inovação no campo, preparando os profissionais para os desafios atuais e futuros.
Essas oportunidades transversais são fundamentais para transformar a cadeia produtiva em um ecossistema dinâmico e sustentável, com múltiplas possibilidades para empreendedores dos mais variados perfis.
A resiliência do território passa pelo agronegócio
Mais do que movimentar a economia, o agronegócio tem o potencial de formar territórios resilientes — locais que se adaptam às mudanças, diversificam suas atividades produtivas e mantêm a capacidade de gerar riqueza mesmo diante de desafios econômicos, estruturais e ambientais. Em contraste, territórios vulneráveis, que dependem de poucas atividades econômicas, tornam-se suscetíveis a oscilações de mercado e crises, algumas vezes sem conseguir se recuperar plenamente.
Um exemplo emblemático desse processo é o município de Luís Eduardo Magalhães (BA), que, conhecido antigamente como “Mimoso do Oeste”, em poucas décadas evoluiu de uma pequena vila para um dos maiores polos do agronegócio brasileiro, com 116mil habitantes e uma produção agrícola que já ultrapassa R$ 2,7 bilhões de reais em 2024. (Fonte: Canal Rural).
Essa transformação foi possível graças à integração estratégica entre produtores, setor privado e poder público, à infraestrutura robusta, à diversificação econômica e à capacitação profissional. Esses ingredientes formaram a base para a construção de um território forte e resiliente, capaz de se adaptar e crescer apesar dos desafios inerentes ao desenvolvimento acelerado.
Ao comparar com os municípios produtores de soja em Roraima como Alto Alegre, Boa Vista, Bonfim, Cantá, Caracaraí, Mucajaí, Rorainópolis e São João da Baliza, percebe-se um movimento similar em fase inicial. Embora boa parte ainda sejam nano-municípios, eles apresentam uma expansão crescente da produção agrícola, atraindo investimentos e fortalecendo as cadeias produtivas locais. Essa dinâmica impulsiona a geração de emprego e renda, além de diversificar a economia regional, um passo importante para a construção da resiliência territorial.
Entretanto, é importante destacar que, apesar do potencial de crescimento, esses municípios ainda enfrentam desafios típicos de territórios emergentes, infraestrutura limitada, baixa diversificação econômica e vulnerabilidades sociais que precisam ser mitigados para garantir um desenvolvimento sustentável e duradouro.
A experiência de Luís Eduardo Magalhães reforça a importância de uma abordagem integrada, que combine:
• Investimentos em infraestrutura adequada, como centros industriais e logística;
• Capacitação técnica e profissional contínua;
• Segurança Jurídica e energética no território;
• Fomento à diversificação econômica para reduzir riscos;
• Governança participativa e eficiente, promovendo alianças entre atores locais;
• Planejamento estratégico que considere aspectos ambientais e sociais.
No caso de Roraima, o fortalecimento do agronegócio reforça a importância de caminhar junto com políticas públicas que ampliem o acesso à tecnologia, melhorem a infraestrutura e incentivem o empreendedorismo local com acesso ao crédito e acesso ao mercado, ampliando assim as condições para que esses municípios se tornem territórios resilientes no futuro próximo.
Assim, o desenvolvimento territorial do estado passa diretamente pelo fortalecimento do agronegócio, que conecta diferentes atores — produtores rurais, microempreendedores, comerciantes, prestadores de serviços, instituições e governo — em torno de objetivos comuns e de um futuro sustentável para a região.
Se tem uma coisa que posso afirmar é que o momento de surfar na crista da onda é agora.
Um convite à ação e ao protagonismo
Você já parou para pensar quais problemas da sua comunidade podem ser resolvidos com o fortalecimento do agronegócio local?
Quais oportunidades de emprego e renda estão ao seu redor, esperando para serem aproveitadas por você, leitor?
Que conhecimento sobre a terra e as tradições locais você carrega e que pode ser transformado em inovação para fortalecer a economia do seu município?
Que oportunidades de negócios resolvem problemas e melhorem a vida das pessoas ao seu redor?
Instituições como SEBRAE, FAERR, SENAR, FIER, SENAI, EMBRAPA, IFRR, universidades e tantas outras têm a missão de impulsionar a prosperidade nos territórios, tanto na cidade quanto no campo.
Elas atuam para transferir tecnologia, compartilhar conhecimento, promover capacitação e oferecer informações que ajudem você a tirar suas ideias do papel e transformar a realidade da sua comunidade.
E aí, vai surfar na crista da onda ou vai ficar olhando quem já está surfando?
Conclusão
A colheita da soja em Roraima é um sinal claro de que o agronegócio pode ser a base para a construção de territórios resilientes e prósperos, capazes de gerar desenvolvimento econômico e social integrado. O desafio está em reconhecer as oportunidades que se desdobram em toda a cadeia produtiva e agir de forma colaborativa, unindo esforços entre produtores, empreendedores, instituições e poder público. Só assim será possível consolidar um ciclo virtuoso que transforma o potencial do campo em qualidade de vida para as comunidades.
Mais do que observar os avanços, é hora de protagonizar essa transformação. O futuro de Roraima está nas mãos daqueles que enxergam a terra como fonte de inovação, renda e esperança. O convite está lançado: participe, empreenda, invista e faça parte dessa história de sucesso que já começou desenhando um novo rosto do estado.


