Coluna Voz & Valor – por Carol Padilha

Lições de Resiliência para a Vida Cotidiana

Mágoas, medos, expectativas alheias… e se você pudesse escolher o que levar na sua mala de viagem?

A vida tem o dom de nos colocar diante de cargas invisíveis. Muitas vezes caminhamos exaustos, sem perceber o peso que carregamos: crenças limitantes, culpas que não nos pertencem, autopiedade, críticas internas severas, expectativas irreais e dores não elaboradas.

Certa vez, li um conto de Vera Martins chamado “A Mala de Viagem”. Ele narra a história de um viajante que caminhava vacilante pela estrada, carregando uma pedra em uma mão, um tijolo na outra, um saco de terra nas costas, vinhas enroladas no peito e, sobre a cabeça, uma abóbora pesada. Com semblante triste, passos lentos e ombros caídos, ele seguia sem rumo.

Ao longo do caminho, pessoas lhe perguntavam sobre o peso que carregava.

E ele respondia: “Não sei por que carrego tanto.”

Alguns perguntavam sobre a abóbora na cabeça, e ele respondia: “Nunca percebi que a trazia comigo.”

Pouco a pouco, com a ajuda de outros, o viajante percebeu que boa parte daqueles fardos era desnecessária. Um a um, deixou os pesos para trás, até caminhar leve, livre e consciente.

Essa parábola me fez lembrar das minhas próprias malas pesadas. Desde a infância até a vida adulta, carreguei perdas, decepções, injustiças, frustrações e preconceitos. Palavras duras, muitas vezes, atravessavam meu coração como lanças, sem tempo de blindagem. O que sentia era dor, decepção, ira — emoções que se acomodavam na minha mala de viagem, tornando-a cada vez mais pesada. Durante anos, essa carga me acompanhou, mas, paradoxalmente, ela também se tornou combustível. Eu resistia, recusando-me a dar razão à dor, caminhando lentamente, aprendendo lições valiosas a cada passo. Com o tempo, descobri que a essência da resiliência não é ser imune às dificuldades, mas reconhecer quando algo já não nos serve e escolher seguir mais leve. Não se trata de suportar todos os pesos, mas de decidir, com consciência, o que merece permanecer na nossa bagagem.

Entre tantas ações, três atitudes são fundamentais nesse processo:

Foi assim que liberei cargas antigas, perdoei quem me feriu — não porque merecesse, mas porque eu não merecia carregar tanto peso. Hoje, com 40 anos de caminhada, sou mãe, empreendedora e compartilho essas lições: perdoar liberta, escolher bem transforma e a vida se torna mais leve quando aprendemos a deixar o que não nos serve para trás.

Depois de tudo, não sei como essas pessoas lidam com a própria consciência, mas sei que as cargas que tentaram colocar em mim ficaram pelo caminho. Perdoá-las me permitiu seguir adiante, mais leve e livre para caminhar pela vida.

No dia a dia, todos nós carregamos “malas invisíveis”:

• Crenças limitantes; traições; humilhações;

• Ressentimentos por injustiças cometidas no trabalho;

• Rancores que nos afastam de colegas ou familiares;

• Expectativas alheias que nos impedem de decidir por nós mesmos;

• Medos antigos que limitam nossos sonhos;

• Vergonha que nos faz esconder quem somos de verdade.

A boa notícia é que sempre é tempo de deixar cargas para trás. O momento certo surge quando escolhemos viver de forma intencional.

Você já se perguntou o que tem carregado na sua Mala de Viagem?

Já parou para sentir as suas emoções?

Nomeie cada carga — mágoas, frustrações, medos, vergonha, rancores.

Pergunte-se:

• Esta carga me ajuda a avançar ou me prende?

• Posso perdoar a mim mesmo e aos outros por ela?

• Quero continuar carregando ou é hora de deixá-la ir?

O que nos afasta dos nossos objetivos não são as pessoas difíceis que entram em nossa vida, mas a forma como decidimos carregá-las em nossa bagagem.

Se vale um conselho: sempre que puder, revisite a sua mala, pois a vida é mais leve quando aprendemos a escolher o que realmente vale a pena carregar.

(*) Carol Padilha é Empreteca, Administradora, Empreendedora, Dama Comendadora, Especialista em Gestão, Neurociência para Negócios, Psicologia Positivia. Apaixonada por ajudar pessoas a resolverem problemas complexos e a enxergarem sentido em suas jornadas.
Nota de Rodapé: Nesta coluna, trago reflexões que unem Gestão, Empreendedorismo, comportamento humano e experiências do cotidiano para inspirar você, leitor, a atravessar seus desafios com mais consciência, coragem e sentido

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