
Uma iniciativa que busca reduzir o tempo excessivo de exposição de crianças e adolescentes a dispositivos digitais e incentivar atividades sociais, culturais, educativas e esportivas no município. Esse é o objetivo principal do projeto de lei, de autoria do vereador Manoel Neves (Republicanos), que tramita na Câmara Municipal de Boa Vista.
A proposta prevê a criação do programa “Desconecta Boa Vista” e surge da preocupação com os impactos físicos, cognitivos e emocionais associados ao uso prolongado de telas na infância e adolescência, como celulares, tablets, TVs e computadores.
Segundo o vereador, já existem estudos científicos que comprovam que crianças expostas a mais de duas horas diárias de tela apresentam maior risco de atrasos na fala, vocabulário reduzido e menor interação social. Na justificativa do projeto, foi mencionado, por exemplo, um levantamento publicado pelo Jama Pediatrics, de 2018, que confirma que “a interação passiva com dispositivos substitui diálogos e estímulos essenciais para o desenvolvimento cerebral”.
“Tem ainda a questão da luz azul emitida pelos aparelhos e o ritmo acelerado dos conteúdos digitais que sobrecarregam o sistema nervoso, aumentando casos de TDAH, dificuldade de concentração e quadros de ansiedade”, reforça o vereador, lembrando que o mesmo artigo ressalta que “o sedentarismo associado ao tempo de tela intensifica a obesidade infantil”.

Por fim, o parlamentar citou a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para crianças acima de dois anos, que é de menos de uma hora diária de exposição. “Diante de todas essas preocupações, estamos propondo o ‘Desconecta’, que além de sugerir a redução do uso de telas, é preciso estimular mais a convivência social, promover atividades físicas e recreativas, e também incentivar trabalhos manuais e artesanais”, completa.
E para assegurar o desenvolvimento saudável da primeira infância, com atenção especial às crianças em situação de vulnerabilidade, o programa poderá contar com a colaboração de instituições de ensino, organizações culturais, profissionais de psicologia, pedagogia e áreas afins, além de entidades da sociedade civil.
E para alcançar seus objetivos, o programa terá como frentes de atuação tanto as campanhas educativas como a realização de eventos esportivos e recreativos em vias públicas, ginásios, parques e praças, com atividades lúdicas aos domingos; a promoção de oficinas, ações culturais, feiras e encontros comunitários, “incentivando o desapego digital, com desafios para famílias e escolas adotarem práticas de redução do tempo de tela”.
“Nossa intenção é proteger o desenvolvimento infantil e fortalecer vínculos familiares e comunitários. Além de criar oportunidades reais para que crianças e adolescentes vivam mais experiências fora das telas, com interação humana, atividades criativas e práticas saudáveis”, afirma o vereador. O projeto está em tramitação nas comissões permanentes e posteriormente será votado em plenário.

