Ameaças em escolas: PCRR alerta que adolescentes podem ser apreendidos e pais podem ser responsabilizados por omissão

Família deve ficar atenta ao comportamento de seus filhos e verificar seus dispositivos, as mochilas ou qualquer tipo de material que utilizam, alerta delegada. – Fotos: Ascom/PCRR

As ameaças de massacres nas escolas de Roraima estão sendo investigadas pela PCRR (Polícia Civil de Roraima), que já identificou nove adolescentes envolvidos nos casos, sendo sete na Capital e dois no Interior. A delegada geral adjunta da Polícia Civil, Darlinda de Moura Viana, afirmou que além dos jovens envolvidos serem apreendidos, os pais, após as investigações constatarem a omissão e a negligência, serão responsabilizados.

O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) lançou na última semana a Operação Escola Segura, que inclui ações preventivas e repressivas contra possíveis ataques a escolas em todo o país. Em Roraima, na Capital, as investigações são coordenadas pela DDIJ (Delegacia de Defesa da Infância e Juventude) com apoio do NI (Núcleo de Inteligência). No interior, cada Delegacia da Região, onde foram feitas as ameaças, é quem atua, também com apoio do NI.

Dos nove adolescentes identificados por terem criado perfis falsos nas redes sociais para ameaçar massacres nas escolas, sete são de Boa Vista e dois do município do Cantá. Todos eles foram encaminhados às unidades policiais, acompanhados dos pais ou responsáveis para prestar esclarecimentos.

“A Polícia Civil vem fazendo um trabalho voltado para a inteligência. A gente vem indicando esses perfis que estão fazendo divulgação dessas ameaças nas redes sociais, estamos identificando onde residem essas pessoas e encaminhando para as unidades policiais, que vão tomar conta da investigação. Inclusive, hoje, a equipe do Núcleo de Inteligência da Polícia Civil conduziu uma adolescente, de uma escola no Centro de Boa Vista, para a unidade policial”, disse a delegada.

Alinhamento e parcerias

Para fazer frente às ameaças, a Polícia Civil vem trabalhando em parceria com a Seed (Secretaria Estadual de Educação e Desporto) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). O Governo de Roraima, segundo a delegada, tem intensificado também o patrulhamento nas escolas de Roraima, por meio da Polícia Militar.

Na tarde do dia 11, foi realizada uma reunião entre representantes da PCRR e da Seed, na sede da Delegacia Geral. O encontro contou com a presença do Secretário Adjunto da Educação Básica da Seed, Semaias Alexandre Silva, e da diretora do Departamento de Educação Básica da Seed, Nildete Melo.

Na pauta, as primeiras tratativas para alinhar uma estratégia eficaz de prevenção e combate a esses atos dentro das escolas estaduais.

Na ocasião, a delegada geral adjunta observou que as escolas e os alunos são prioridade e que a segurança real e a sensação de segurança dessas famílias são fundamentais.

“Não queremos que os pais mandem seus filhos para a escola com medo, queremos que eles saibam que seus filhos estão seguros”, afirmou.

Ainda com essa preocupação, na tarde desta quinta-feira, dia 12, com foco em fechar as parcerias que reforcem a segurança dos alunos, a delegada geral adjunta, Darlinda Viana, se reuniu com a Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Ordem dos Advogados de Roraima.

Estavam presentes as advogadas que compõem a comissão, Andreia Vallandro, Natália Leitão, Cleudionara e Cristiane Rodrigues.

Na oportunidade, foi discutida a onda de ameaças e eventos criminosos em escolas e creches e firmado um alinhamento para a realização de um trabalho conjunto entre a OAB-RR, a PCRR e a Seed nas escolas.

Perspectivas

Darlinda Viana observou que essas ameaças precisam ser analisadas por duas perspectivas, tanto a questão da violência de como os menores estão tornando isso uma diversão, quanto do ponto de vista da rede de educação, tanto pública quanto privada.

Segundo ela, mesmo que seja uma brincadeira de mau gosto, alimentada por sites, por grupos e redes sociais, isso está trazendo um prejuízo enorme para dentro das redes de Ensino.

“Todo mundo está assustado. As famílias não querem levar seus filhos para a escola, evitando essa rotina escolar. Isso causa prejuízo às crianças e adolescentes que precisam estudar. O outro ponto de vista é dos próprios pais e menores envolvidos nestas ameaças. O que está acontecendo para os pais não perceberem que isso está sendo cometido pelos próprios filhos? Aqui em Roraima, a gente ainda não viu nenhuma dessas ameaças sendo feitas por pessoas fora da escola. É praticada por alunos dentro das escolas. Não temos uma ameaça de massacre feita por público externo, mas interno”, disse.

Família precisa ficar alerta ao comportamento dos filhos

Para Darlinda Viana é necessário que a família esteja atenta ao comportamento de seus entes queridos e verificar seus dispositivos, as mochilas ou qualquer tipo de material que os filhos utilizam.

“Confiamos muito nos pais e na qualidade da educação deles, mas a gente precisa alertar sobre a responsabilização que eles têm em relação a essas crianças. Como pais, eles têm que prover a segurança desses filhos e também verificar os atos que eles têm tido nas redes sociais, dentro do colégio e cobrar deles um posicionamento mais adequado”, disse.

A delegada destaca que a orientação que a Polícia Civil repassa é que os pais fiscalizem os filhos e façam disso um “mantra pessoal”.

“No sentido de todos os dias verificar cadernos, mochilas, dispositivos informáticos que esteja em poder de seus filhos, redes sociais, verificando até que ponto eles estejam envolvidos dentro desses grupos reservados, privados nas redes sociais, que estão difundindo ameaças e terrorismo na cidade e no estado de Roraima”, disse.

Ainda segundo Darlinda Viana, a Polícia Civil vai identificar esses menores, comunicar aos pais sobre o que os filhos estão fazendo e, a partir daí, se houver algum tipo de ação do menor e que haja qualquer tipo de identificação de negligência desses pais em relação a conduta do menor, ele pode ser responsabilizado criminalmente.

“A Polícia Civil vai verificar qual ato que o adolescente praticou, e se houve qualquer indício de que o pai foi negligente, a ponto de, mesmo sabendo que o menor tinha intenção de provocar qualquer tipo de alarme, ele vai ser punido nas mesmas penas do filho ou em penas de crimes culposos, como crime de homicídio culposo ou lesão corporal culposa. A Polícia Civil está atenta, nós vamos agir e responsabilizar todos os envolvidos”, disse.

PCRR afirma: compartilhar mensagens com ameaças é crime

A delegada Geral alertou também que compartilhar mensagens de terror, ameaçando grupos escolares, creches ou qualquer unidade de ensino é crime.

“Compartilhar as mensagens é crime, da mesma forma que é, também, criar o post. Na medida em que você compartilha, também está incidindo no crime de ameaça. Essas pessoas são passíveis de punição, tanto adultos quanto adolescentes”, disse.

Ainda segundo ela, a Polícia Civil vem conversando com a Secretaria de Educação, estando em contato direto com as equipes que apoiarão, no sentido de identificar e apreender esses menores para encaminhamento às unidades de Polícia.

“Estamos tratando esse tipo de ocorrência como prioridade dentro da Polícia Civil e na medida em que qualquer policial se depare com a notícia, deve imediatamente comunicar à unidade responsável pela investigação e à Delegacia Geral para que todos os outros atores desse cenário possam trabalhar e desenvolver as atividades o mais rapidamente possível, inclusive com emprego tanto de força tática como de inteligência”, disse.

Sandra Lima

 

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