Coronel Chagas rechaça declaração de Lula de que crise venezuelana não passa de ‘narrativa’

Deputado disse que presidente não se preocupa em conhecer impactos da crise venezuelana em Roraima. – Fotos: Alfredo Maia/Jader Souza

O deputado Coronel Chagas (PRTB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) nesta quarta-feira, 31, para rechaçar as recentes declarações do presidente Lula (PT) de que a Venezuela é vítima de uma “narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

A fala do presidente que questionava as sanções econômicas impostas ao povo venezuelano foi feita ao lado do presidente Nicolás Maduro, que visitou o Brasil na segunda-feira, 29, após oito anos, antes da reunião com os chefes de Estado de países da América Latina.

“Nós ficamos surpresos com essa declaração. O sofrimento do povo venezuelano é imposto por uma ditadura, que fez com que milhões deixassem os seus lares para buscar comida para os seus familiares em outros países, e o nosso presidente vem dizer para o mundo que isso é apenas narrativa”, desabafou o parlamentar.

Segundo Chagas, desde o aprofundamento da crise humanitária venezuelana, o contingente populacional de Roraima aumentou cerca de 25%. Para ele, o presidente se preocupa em atender suas bandeiras políticas e ignora os reais impactos dessa migração em massa quando visita o Estado, especialmente quanto ao colapso dos serviços públicos.

“Ele não vem para ouvir o povo roraimense, mas para saudar o povo da campanha eleitoral. Lá em Pacaraima, a cada 10 crianças que nascem, de 8 a 9 são venezuelanas. Na segurança pública, temos mais de 400 venezuelanos no sistema prisional. Se formos às escolas, de cada 10 crianças, de 7 a 8 são venezuelanas. Além do inchaço das escolas, temos as dificuldades dos professores de entender a língua espanhola. E ainda tem a disputa de empregos, que já não é mais silenciosa. Como pode o presidente do nosso país, que se diz defensor dos direitos humanos, afirmar que o que acontece na Venezuela é uma narrativa? Até seus apoiadores ficam indignados”, destacou.

Em aparte, Aurelina Medeiros (PP) também questionou as declarações e cobrou que o uma atitude do Congresso Nacional.

“Ontem, eu senti vergonha de ser brasileira. Eu desaprendi o conceito de democracia? O que vão pensar do nosso país? O presidente dizer que mandou alguém a Venezuela e que lá está tudo bem, que é mentira de todo mundo o que acontece lá? Não precisa ser inteligente para saber dessa realidade. Precisa só ver o que acontece em Pacaraima, que recebe 600 venezuelanos por dia. Espero que, antes que o Congresso seja dissolvido, porque ficou muito claro que Lula é aluno de Maduro, eu chamo o Congresso Nacional, que deveria vergonha de assistir ao que a gente viu ontem e ao que a gente vem assistindo, pois aqui em Roraima nós somos o espelho e vivemos tanto a questão venezuelana como a indígena.”

Coronel Chagas também chamou a atenção sobre a aparente dicotomia difundida pela esquerda, entre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, usando como exemplo o caso do senador amapaense Randolfe Rodrigues, que identificado com pautas ambientais de esquerda, guinou para a direita ao advogar em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial, no litoral norte do país. A presença do petróleo na Foz da Amazônia tem causado divergências entre órgãos do governo federal e mexido com o tabuleiro político.

“Eu nunca vi antes o senador Randolfe se manifestar em assuntos de interesse da nossa nação, mas quando atingiu o Estado dele, ele se rebelou, brigou com a ministra e vai se filiar ao PT. É interessante ver o comportamento dessas pessoas de esquerda”, disse.

Chagas concluiu demonstrando o compromisso de Roraima com as questões ambientais e indígenas que, segundo ele, recebe baixo investimento direto para atender às demandas.

“Com 32 terras indígenas demarcadas, temos 5 parques de áreas de preservação nacional, chegamos a quase 80% de áreas preservadas. Então, ninguém pode apontar o dedo para nós, como esse governo está fazendo. Pelo contrário, temos políticas públicas e, inclusive, o governo federal, em vez de implantá-las, prefere repassar recursos para ONGs [organizações não governamentais] internacionais. Aí vem o presidente Lula tratar apenas de uma bandeira e denegrir o povo de Roraima”, concluiu.

Suellen Gurgel

 

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