A Caer (Companhia de Águas e Esgotos de Roraima) iniciará a perfuração de poços artesianos nos pontos mais críticos afetados pela seca na Capital e no Interior de Roraima. A medida foi anunciada nesta quarta-feira, 7, pelo presidente da empresa, James Serrador, durante coletiva de imprensa.
Conforme James, foram licitadas 50 unidades para reforçar o abastecimento diante da forte estiagem que assola o Estado, em um investimento do Governo de Roraima de mais de R$ 12 milhões.
“A Caer já concluiu a licitação dos poços artesianos, e agora ainda na primeira quinzena de fevereiro iniciaremos o cronograma de perfuração dos 50 novos poços que vão atender tanto a capital Boa Vista como também o interior do Estado, nas localidades em que companhia opera”, informou o presidente na coletiva, que também teve a presença do comandante-geral do Corpo de Bombeiros e coordenador estadual da Defesa Civil de Roraima, coronel Anderson Carvalho.
Esta é a primeira etapa da ação emergencial da empresa para minimizar os problemas causados pela estiagem, que está afetando as barragens, reservas e produção de água potável, especialmente, no interior, causados pelo fenômeno climático El Niño, que acontece com frequência a cada dois a sete anos, gerando impacto direto no aumento da temperatura global. O evento tem prejudicado o fornecimento de água potável para a população em grande parte da região amazônica.
Como vai ocorrer
Em Boa Vista serão perfurados 20 poços, inicialmente, um poço no Bairro Jóquei Clube e um no Jardim Floresta, todos com áreas pré-definidas nos bairros para receber a estrutura. Nas áreas dos Centros de Reservação e Distribuição, a empresa também vai reforçar o abastecimento aumentando a quantidade de poços, perfurando duas unidades no CRD Pintolândia, duas no CRD Tancredo Neves e três no CRD Cidade Satélite.
No interior serão atendidos, a priori, Pacaraima, com a perfuração de dois poços; a Vila Campos Novos, em Mucajaí, com mais outros dois poços; e Rorainópolis, com a perfuração de mais três poços artesianos.
“Já estamos vivendo uma situação crítica por conta da forte estiagem que acontece no nosso estado, com uma redução drástica do nível do Rio Branco, já praticamente com o nível negativo, aliado à redução da produção dos poços e aumento do consumo em função do calor. Estamos envidando todos os nossos esforços operacionais para atenuar a situação, que somente será resolvida com a recomposição do lençol freático, quando houver chuva suficiente”, declarou o presidente.
Necessidade de não desperdiçar água
O coordenador da Defesa Civil de Roraima, coronel Anderson Carvalho, explicou que o Governo do Estado de Roraima instituiu a Operação Verão Seguro em outubro e atuou com ações preventivas em todo o Estado por meio de visitas das equipes em propriedades rurais e regiões urbanas com maiores incidências de incêndio para orientar a população.
“O momento climatológico que a gente vem passando pede que a população entenda que algumas ações podem afetar várias pessoas. Além de dizermos aos produtores terem a autorização para fazer queimadas, por exemplo, explicamos nas comunidades que a falta de água poderia ser minimizada se fizermos racionamento, e a gente tem que entender que o momento é crítico e que não podemos desperdiçar água agora. Não temos como controlar o clima, mas temos a possibilidade de orientar e sensibilizar as pessoas. E parte do nosso trabalho é esse: orientá-las”, reforçou.
O comandante do CBMRR adiantou ainda que, de acordo com prognósticos, a situação climática deve aliviar no final de março, com a chegada do período chuvoso.
Obra vai interligar redes dos bairros Aracelis e São Bento
O sistema de monitoramento da empresa detectou ponto crítico de abastecimento em local específico, na divisa dos bairros Aracelis e São Bento, que receberão, esta semana, obras de interligação de 1.100 metros de rede de 250 mm a partir da Avenida Brasil. O investimento é de R$ 1,5 milhão.
O presidente ressaltou que a empresa está monitorando o sistema de abastecimento de todos os bairros na capital e identificou baixa pressão em muitos locais, apresentando entre 4 a 5 MCª (metros por coluna de água), quando o recomendado é de 10 MCª, o que está gerando reclamações por parte dos clientes.
A baixa pressão está afetando algumas áreas dos bairros Jóquei Clube; Senador Hélio Campos; Jardim Floresta; São Bento; Cinturão Verde, próximo ao Posto Caracas; e Operário, antiga região de chácaras que sofreu desmembramento e atualmente ainda possui muitas ligações precárias, os chamados “pés-de-galinha”, que afetam o abastecimento.
“A Caer está sensível a esta situação e comprometida em buscar solução para os problemas relatados pelos usuários. E vamos disponibilizar equipes para averiguar os problemas in loco. Para agilizar o atendimento das equipes, é necessário que os clientes informem o endereço completo, com nome da rua, número da residência, bairro e ponto de referência”, afirmou Serrador.
Empresa intensifica monitoramento dos 95 poços em Boa Vista
Conforme Serrador, a crise hídrica no Estado já reduziu a produção de água potável nos 90 poços em 20%, conforme relatório técnico da empresa.
“As três Estações do Sistema de Tratamento de Água [ETA] do São Pedro estão funcionando além da sua capacidade máxima, com produção de 1.050 litros de água tratada por segundo. Caso o nível do Rio Branco baixe mais ainda e venha a atingir um nível crítico, a empresa colocará em operação o sistema de captação de águas superficiais, já instalado na balsa de apoio com capacidade de captação de mais de 400 litros de água por segundo”, anunciou.
Além disso, a Caer intensificou nesta terça-feira, a medição do nível de água e vazão dos 95 poços artesianos que atendem a capital, para avaliar a capacidade de produção e substituição das bombas nos que apresentarem condições de receber bombas mais potentes que aumentem a vazão.
“Os 90 poços artesianos ativos da capital estão produzindo, dentro do que a natureza permite, mesmo com a baixa dos lençois freáticos, mas estão todos em funcionamento. Infelizmente, não são todos que apresentarem condições de instalação de bombas mais potentes e não corram risco de inviabilização da produção, mas os que oferecerem condições, vamos fazer a substituição”, disse.
“Ou seja, todas as medidas necessárias para garantir o abastecimento na capital e no interior estão sendo adotadas pelo Governo do Estado por meio da empresa. Esse é o compromisso que assumimos com a população e vamos cumprir”, finalizou o presidente.
Tiana Brazão