Metade da população indígena em Roraima tem menos de 18 anos, aponta IBGE

Isso representa sete anos a menos do que a média nacional, que é de 25 anos. – Foto: Giovani Oliveira

Os indígenas apresentam uma idade mediana – que é um indicador que divide um grupo entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos – de 18 anos no estado de Roraima, sete anos a menos do que a média nacional, de 25 anos.

Quando residem dentro de Terras Indígenas em Roraima, a idade mediana cai para 16 anos. Por outro lado, as pessoas indígenas residentes fora de Terras Indígenas têm uma idade mediana de 24 anos.

Essas e outras informações fazem parte da divulgação Censo Demográfico 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade, segundo recortes territoriais específicos – Resultados do universo. Os dados completos divulgados hoje, dia 3 de maio, podem ser pesquisados no Sidra, no Panorama do Censo 2022 e na Plataforma Geográfica Interativa (PGI).

“A publicação traz uma atualização do perfil demográfico dessa população em relação ao Censo 2010. Esses dados são importantes para subsidiar as políticas educacionais indígenas, que têm uma política de educação diferenciada, assim como políticas de saúde, como vacinação de crianças, e assistência, que dependem desse recorte de faixa etária e sexo”, explica Marta Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.

O último Censo registrou em Roraima 97.668 indígenas, quinta maior população indígena do país, atrás apenas de Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.

O salto da população indígena no estado de Roraima foi de 74,65% em 12 anos, saindo de 55.922 (2010) para 97.668 (2022). Do conjunto de indígenas de Roraima, 71.754 (73,47%) residem em terras indígenas e 25.914 (26,53%) fora delas.

Das 32 terras indígenas do estado, a Raposa Serra do Sol lidera com mais indígenas, seguida dos Yanomami.

Desafios da operação censitária em Roraima

Percurso por trilhas no meio da mata fechada e regiões montanhosas, longas viagens de barco e 90% dos locais acessíveis apenas por aviões de pequeno porte ou helicópteros, enfrentando os riscos inerentes às localidades.

O cenário descrito nada mais é do que a realidade que recenseadores do IBGE enfrentaram na coleta de dados do Censo Demográfico 2022 nas terras indígenas do estado de Roraima.

Diante de tamanho desafio, a Superintendência Estadual do IBGE em Roraima promoveu o planejamento do Censo de forma participativa, fazendo consultas, ações de sensibilização para a importância da coleta e reuniões de abordagem, sempre ouvindo lideranças indígenas e outros atores envolvidos no processo.

A equipe que fez parte da operação nas terras indígenas participou de diversos treinamentos e contou com apoio de guias e intérpretes. Em Roraima, 40 dos 70 recenseadores envolvidos especificamente nessa coleta eram indígenas. Outros 19 estados também contaram com, ao menos, um recenseador indígena: AC, BA, CE, AM, AP, ES, GO, MA, MT, MS, PA, PB, PE, PI, RN, RO, RS, SC e TO.

Além das terras indígenas do estado de Roraima, houve coleta também nos abrigos que acolhem indígenas em situação de vulnerabilidade e nas ocupações espontâneas, em ação coordenada com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O IBGE contou ainda com outros importantes parceiros no recenseamento da população indígena, como os Distritos Sanitários Especiais Indígenas Leste e Yanomami, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), o governo federal por meio do Ministério do Planejamento e Orçamento que, para atualização do Censo em território Yanomami, coordenou o apoio de mais quatro ministérios: Povos Indígenas, Justiça e Segurança Pública, Defesa e Saúde, o governo estadual, a Assembleia Legislativa, as prefeituras dos 15 municípios de Roraima, as câmaras municipais e organizações não-governamentais, além das agências das Organizações das Nações Unidas (ONU) presentes em Roraima.

 

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