Processo de Impeachment: ALE-RR arquiva denúncia de crime de responsabilidade contra governador Antonio Denarium

Por 22 votos a 1, com uma abstenção, parlamentares rejeitaram instauração de processo; comissão considerou ausência de provas consistentes. – Fotos: Marley Lima e Nonato Sousa | SupCom/ALE-RR

O plenário da Assembleia Legislativa (ALE-RR) arquivou, nesta terça-feira, 5, a Denúncia por Crime de Responsabilidade nº 01/2024 contra o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP). Dos 24 parlamentares, 22 votaram contra a instauração do processo, um foi favorável e houve uma abstenção.

A decisão ocorreu após análise da Comissão Especial criada por meio do Ato da Presidência nº 21/2024, que teve como relator o deputado Neto Loureiro (PMB). A denúncia trouxe acusações contra o governador por supostos atos de desvio de recursos públicos, uso eleitoral de programas sociais e abuso de poder econômico, relacionados principalmente às eleições de 2022.

Relator da Comissão Especial, deputado Neto Loureiro, apresentou parecer pelo arquivamento.

Em parecer lido em plenário, Loureiro concluiu que não há elementos suficientes que justifiquem a abertura de processo de impeachment.

“Trata-se de fatos genéricos, baseados principalmente em matérias jornalísticas, com pouca força probatória. Ainda que tenham passado pelo juízo de admissibilidade, não apresentam elementos que sustentem uma análise aprofundada, nem garantem a ampla defesa. O conjunto apresentado é frágil e insuficiente para comprovar autoria, materialidade ou tipicidade, o que prejudica a correta instrução do processo”, justificou Loureiro.

Presidente da ALERR, deputado Soldado Sampaio, frisou que Casa seguiu rito democrático em análise de denúncia.

O presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), reforçou o compromisso do parlamento com a legalidade e o rito democrático.

“Quero dizer da minha tranquilidade ao receber esse processo. O relator entendeu que não havia elementos para o prosseguimento e recomendou o arquivamento, o que foi acatado. Isso não impede que os órgãos competentes, como o TSE [Tribunal Superior Eleitoral], sigam com as apurações, especialmente no que diz respeito a possíveis abusos eleitorais. Além disso, o governador teve garantido seu direito à ampla defesa e apresentou seus argumentos, tanto jurídicos quanto políticos”, ponderou Sampaio.

Deputado Jorge Everton votou pela continuidade do processo de impeachment.

Já o deputado Jorge Everton (União), membro da comissão, foi o único a votar a favor do prosseguimento da denúncia. Em plenário, ele reforçou a posição divergente. “Respeito o voto do relator, foi bem fundamentado, mas mantenho minha posição contrária e votei pela continuidade da denúncia”, declarou.

Para o presidente da Comissão Especial, deputado Armando Neto (PL), os trabalhos dos parlamentares foram realizados com bastante responsabilidade. “Quero frisar o comprometimento que tivemos nesta comissão. Como presidente, conduzi os trabalhos com responsabilidade, ao lado do vice-presidente Renato [Silva], do relator Neto Loureiro e dos demais membros. Atuamos com seriedade, hoje encerramos nossa parte e, por isso, agradeço a todos os colegas pela dedicação e respeito ao processo”, disse.

Deputado Armando Neto presidiu trabalhos da comissão especial que analisou denúncia contra governador.

Relembre o caso

A denúncia foi protocolada em 19 de junho de 2024, pelo representante do Partido Verde, Rudson Leite, e pelos cidadãos Fábio Almeida e Juracy “Escurinho”. O pedido solicitava a perda do cargo de governador, o ressarcimento de danos ao erário e o envio das acusações a órgãos de controle.

As principais acusações envolviam:

● desvio de recursos públicos, com supostas transferências voluntárias irregulares e pagamentos extrajudiciais de desapropriações durante o período eleitoral;

● nepotismo e contratações irregulares, com alegações de nomeação de parentes e excesso de temporários em período vedado;

● uso eleitoreiro de programas sociais, como a distribuição de cestas básicas pela Setrabes e promoção do “Morar Melhor”;

● abuso de poder econômico, com suspeitas de superfaturamento e atrasos em obras públicas, incluindo o Hospital Materno-Infantil.

Com a decisão do plenário, a denúncia é considerada encerrada no âmbito do Legislativo estadual, sem prejuízo à continuidade de investigações em outras instâncias.

Anderson Caldas

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