Coluna Voz & Valor – por Carol Padilha

Black Friday com estratégia: como vender mais sem colocar seu negócio em risco

A Black Friday chega todos os anos com a mesma promessa: vender muito. Mas, para muitos pequenos empreendedores, ela termina com um desequilíbrio financeiro e a sensação de que o esforço não valeu a pena. Isso acontece porque a pressa de acompanhar o movimento fala mais alto que o planejamento — e o desconto, que deveria ser uma ferramenta, acaba virando armadilha.

Desconto sem estratégia corrói margem, banaliza o valor percebido e ensina o cliente a esperar o próximo “preço de ocasião”. A pergunta que o empreendedor precisa fazer não é “quanto eu posso baixar?”, e sim “por que eu quero participar da Black Friday?”. Se a resposta for apenas “porque todo mundo está fazendo”, o risco de prejuízo é alto.

A verdade é que a Black Friday pode, sim, ser uma oportunidade poderosa, desde que usada com inteligência. O Boticário, por exemplo, em anos anteriores transformou o evento em uma ação de fidelização. Em vez de reduzir preços aleatoriamente, concentrou descontos em produtos de alta rotatividade e ofereceu cashback pelo aplicativo “Clube Viva”. O resultado? Clientes voltaram após o evento para usar os créditos, gerando novas vendas e fortalecendo o relacionamento. Desconto virou vínculo, não perda.

Grandes marcas e pequenos negócios têm algo em comum quando agem com consciência estratégica: ambos sabem que o preço é só um pedaço da equação. Em Boa Vista, há sinais de que o comércio local começa a olhar para a Black Week de forma mais estratégica. Eventos colaborativos entre cafeterias e marcas autorais já mostram o potencial de unir experiências — e essa tendência abre espaço para novos formatos inteligentes, como parcerias entre lojas, salões e cafeterias.

Em vez de competir por preço, os pequenos negócios podem criar valor coletivo, oferecendo combos inteligentes e experiências compartilhadas que fortalecem toda a rede empreendedora da cidade.

Outro ponto essencial é aproveitar o alto volume de novos clientes durante a Black Week para registrar contatos e construir um banco de dados próprio. Uma simples ação de cadastro transforma o movimento intenso do período em oportunidade de relacionamento pós-venda, permitindo comunicações futuras, fidelização e aumento da recompra, algo que muitas empresas ainda deixam passar despercebido.

Planejar é o que separa a euforia do resultado. Antes de baixar o preço, analise o custo real e identifique quais produtos suportam redução sem comprometer a rentabilidade. Nem todo item deve entrar em liquidação — escolha 2 ou 3 produtos âncoras, que possam atrair fluxo para o ponto de venda e gerar oportunidades de negócios.

Outra boa prática é conectar o desconto à recompra. Cadastre o cliente, ofereça um cupom de retorno ou um brinde em compras futuras. Assim, o desconto não termina na Black Friday — ele inicia um ciclo de relacionamento. O verdadeiro sucesso da data está no que acontece depois dela, quando o cliente volta porque se sentiu valorizado.

A Black Friday não é sobre vender a qualquer preço — é sobre vender com consciência, transformar fluxo em fidelização e provar que, no fim das contas, estratégia vale mais do que pressa.

(*) Carol Padilha é Empreteca, Administradora, Empreendedora, Dama Comendadora, Especialista em Gestão, Neurociência para Negócios, Psicologia Positivia. Apaixonada por ajudar pessoas a resolverem problemas complexos e a enxergarem sentido em suas jornadas.
Nota de Rodapé: Nesta coluna, trago reflexões que unem Gestão, Empreendedorismo, comportamento humano e experiências do cotidiano para inspirar você, leitor, a atravessar seus desafios com mais consciência, coragem e sentido

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