Dia Mundial das Zoonoses: Prefeitura reforça ações de combate em Boa Vista

As principais zoonoses monitoradas são a raiva, leptospirose, leishmaniose, toxoplasmose, febre maculosa, malária, doença de Chagas, dengue, zika e chikingunya. – Fotos: Leo Costa/Giovani Oliveira

A Prefeitura tem trabalhado continuamente no combate a zoonoses com a finalidade de garantir a prevenção, promoção e proteção à saúde humana. Zoonoses são as doenças transmitidas pelos animais aos seres humanos causadas por vírus, bactérias, fungos, protozoários e outros. Nesta quarta-feira, 6, é lembrado o Dia Mundial da Zoonoses.

Em Boa Vista, as principais zoonoses monitoradas são a raiva, leptospirose, leishmaniose, toxoplasmose, febre maculosa, malária, doença de Chagas, dengue, zika e chikingunya, dentre outras de relevância a saúde pública.

Para este trabalho, a Prefeitura conta com uma Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ), que atua na prevenção e controle da disseminação à população humana, por meio da observação e diagnóstico de animais acometidos por esses agravos.

Zoonoses de relevância à saúde publica

Raiva

A profilaxia da raiva apresenta letalidade de aproximadamente 100%. Os principais hospedeiros do vírus são: cães, gatos, morcegos e alguns canídeos silvestres, porém, pode ser transmitida por qualquer mamífero infectado pelo vírus.

Após receber a ficha de agressão dos animais, o veterinário da UVCZ realiza uma visita até a residência do animal, para avaliação e descarte ou confirmação da suspeita de raiva animal. No período de janeiro a 30 de junho foram vacinados 2.434 animais, durante as ações da unidade.

Leishmanioses

São enfermidades infecciosas não contagiosas, causadas por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania, os quais são mantidos em reservatórios urbanos, os cães, e transmitidos através de vetores de várias espécies de insetos denominados flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito-palha, tatuquira ou birigui.

Existem duas formas de Leishmanioses: a Leishmaniose Tegumentar Americana – LTA, que é caracterizada principalmente pela presença de úlcera cutânea única ou múltipla, podendo evoluir para formas mucosas; e a Leishmaniose Visceral – LV, também conhecida como calazar, que tem como característica afetar os órgãos internos, geralmente baço, fígado e medula óssea.

De janeiro a 30 de junho foram registrados dois casos de Leishmaniose Visceral Canina – LVC importadas no município de Boa Vista. Até o momento não foram notificados casos autóctones de LVC.

Febre maculosa

É uma doença infecciosa febril aguda, de gravidade variável, causada por bactérias do grupo das riquétsias, as quais são transmitidas por carrapatos ao homem. Os carrapatos transmissores podem ser encontrados tanto em animais silvestres e domésticos, como em áreas florestais, de rios ou cachoeiras. Caso ocorra a confirmação de casos suspeitos, é realizada a investigação entomológica dos vetores, bem como a aplicação de medidas de monitoramento, controle e prevenção de novos casos.

De janeiro a 30 de junho foi notificado apenas um caso de Febre Maculosa, o qual foi descartado através da realização de exames complementares no paciente.

Animais peçonhentos e sinantrópicos

São animais que produzem substâncias venenosas e que têm a capacidade de injetar estas em indivíduos, para atacar ou se defender. Alguns animais peçonhentos e venenosos compreendem, como aranhas, cobras, lagartas, escorpiões, lacraias, dentre outros.

Também são animais silvestres, nativos ou não da região, os que se adaptam a viver junto do homem, independente da vontade deste, como pombos, ratos, morcegos, mosquitos, caramujos, dentre outros. A ocorrência desses animais em meio à população humana, favorece a disseminação de zoonoses para o homem e também para os animais.

De janeiro a 30 de junho foram notificados 135 casos de Acidentes por Animais Peçonhentos, destes, 38 causados por escorpiões, 30 por abelhas e 27 por serpentes. No mesmo período, foram atendidas 186 solicitações via canal 156, das quais 87 relacionadas a denúncias de foco de dengue e 17 relacionadas à presença de outros animais sinantrópicos.

Leptospirose e toxoplasmose

A Leptospirose é uma enfermidade bacteriana transmitida através da urina de roedores sinantrópicos infectados. O microrganismo penetra na pele do humano através da pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada, ou através das mucosas.

A toxoplasmose é uma infecção muito comum, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, e apresenta quadro clínico variável. As principais vias de transmissão dessa enfermidade são a oral, através da ingestão de alimento ou água contaminados, bem como de carne contaminada crua ou mal cozida; e a transmissão congênita, que ocorre da mãe para o feto, durante a gestação.

De janeiro a 30 de junho foram notificados cinco casos de Leptospirose, todos descartados através da realização de exames complementares. Neste mesmo período foram notificados 63 casos de Toxoplasmose Gestacional e dois casos de Toxoplasmose Congênita, todos confirmados laboratorialmente.

Arboviroses

As que ocorrem com mais frequência e que são monitoradas pelo município são a dengue, zika e chikungunya. As ações de controle ocorrem diariamente com visitas domiciliares para orientar a população na eliminação de criadouros do Aedes aegypti; bloqueio vetorial para todos os casos notificados, controle vetorial em Pontos Estratégicos (PE): oficinas e ferros-velhos; e intensificação de visitas aos sábados nos bairros classificados com alto índice de infestação pelo Aedes aegypti.

De janeiro até 30 de junho foram notificados 267 casos de dengue, sendo 8 confirmados, 194 descartados e 65 em investigação. No mesmo período foram notificados 44 casos de chikungunya, sendo 8 confirmados, 33 descartados e 3 em investigação. Já de Zika, foram 13 notificados, 1 confirmado, 11 descartados e 1 em investigação.

Malária

A vigilância ocorre por meio da identificação de grupos, áreas e épocas de maior risco; detecção precoce de epidemias; investigação sobre autoctonia de casos em áreas onde a transmissão está interrompida e recomendação as medidas necessárias para prevenir ou reduzir a ocorrência da doença.

De janeiro a 30 de junho foram registrados 373 casos autóctones de Boa Vista (91 notificados em Boa Vista e 282 notificados em outros municípios) e 5.731 casos importados.

Doença de Chagas

A vigilância dessa doença ocorre por meio de investigação epidemiológica oportuna de todos os casos agudos, visando identificar a forma de transmissão e, consequentemente, adotar medidas adequadas de controle e prevenção; monitoramento de infecção por Trypanosoma cruzi na população humana e monitoramento do perfil de morbimortalidade. Não há casos confirmados em Boa Vista.

Vigilância entomológica

É uma atividade baseada em indicadores para detectar a presença, a distribuição geográfica e a densidade de vetores no tempo e no espaço, permitindo estimar os riscos de transmissão de patógenos, como por exemplo, vetores de arboviroses, doença de chagas, malária, leishmanioses.

A ideia é identificar as espécies vetoriais no território e seus aspectos biológicos e ecológicos e classificar seus locais de reprodução (criadouros); avaliar os níveis de infestação vetorial e suas variações sazonais; estratificar áreas conforme a densidade de infestação; propor, de acordo com as evidências entomológicas, as ações de prevenção e controle vetorial e fornecer indicadores entomológicos que apoiem o desenvolvimento das ações de controle das doenças causadas por vetores.

A UVCZ segue as diretrizes estabelecidas na Portaria 1.138, de 23 de maio de 2014, que define as ações e os serviços de saúde voltados para vigilância, prevenção e controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública.

O Centro de Zooneses executa os procedimentos de recebimento, recolhimento e captura de animais suspeitos de enfermidades de fundo zoonótico. Esses animais são observados por período de tempo, os que não manifestarem enfermidades e apresentarem recuperação, são vermífugados, vacinados contra raiva e castrados, sendo colocados em seguida para adoção, seguindo os critérios legais da Posse Responsável. A unidade não realiza atendimento clínico em animais submetidos às doenças que não possua sintomatologia de fundo zoonótico.

Jamile Carvalho

 

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